O cristianismo não é uma coisa do passado, vivido como se olhássemos sempre para trás, para os tempos evangélicos, mas sempre novo, pois está marcado pela presença constante de Jesus Cristo, que está no meio de nós, e que é de hoje, ontem, amanhã e toda a eternidade. Na história da humanidade, encontramos “pegadas” de Deus. Este blogue procura, humildemente, mostrar alguma delas.
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domingo, 8 de maio de 2011
Ladainha da humildade
Apelo aos Anjos
Consagração como escravo a Nossa Senhora
Consagração a São Miguel Arcanjo
Plinio Corrêa de Oliveira, Consagração a São Miguel Arcanjo
A mediocridade e o egocentrismo na história de Eça de Queiroz sobre o pé da Luisa Carneiro
Em 1907, Eça de Queirós publicou o livro "Cartas Familiares e Bilhetes de Paris". Nele encontramos a narrativa da indeferença diante de grandes hecatombes ocorridas no Oriente, de tragédias menores na Europa e da importância dada a um incidente, ocorrido com uma senhora conhecida, a Luísa Carneiro, que torceu um pé. Ao comentar o texto, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira, numa reunião do dia 27 de agosto de 1971, aplica a história para os nossos dias e adverte para o perigo de sermos mediocres e egocentricos, interessando-nos apenas pelas nossos afazeres e pela nossa vida.
Não sei se me exprimi com clareza.
Sei que existe uma perseguição religiosa muito violenta, vamos dizer, na Polônia. Se eu estou com o meu horário muito cheio, tenho uma série de obrigações que me são próximas e imediatas, não posso deixar deveres que eu tenho, para ficar rezando pela Polônia. Mas a minha oração deve ter o valor correspondente ao que um católico deve sentir, sabendo que na Polônia está havendo uma perseguição religiosa. Porque essas coisas se sentem muito mais pela qualidade do que pela quantidade. E isto Deus tem o direito de esperar de mim.
(Pergunta: As pessoas tendem a se interessar também muito mais pelo próprio setor em que trabalham do que por outro...)
Ah! Mas é a mesma coisa do "pé da Luisa Carneiro", acrescido de um adjetivo: megalomania! Quando eu estou numa roda de católicos praticantes, e alguém fala a respeito do próprio apostolado, fica quase impossível, às vezes, a gente manter uma conversa comum. Porque quando a gente conversa com cada um sobre o apostolado dele, ele se acende e fala... e todos os outros ficam dormitando. Quando aquele para de falar, a gente - para ver se anima a roda - passa a palavra para outro e vê se aquele falando os outros se interessam também. Mas é só aquele que se interessa. E quando a gente fala de um apostolado geral, que não concerne a nenhum dos presentes, dormem todos...
Mas é por que? Porque aquele indivíduo faz o apostolado tendo como centro o próprio eu. É o que ele faz que lhe interessa. No fundo, em grande parte, porque o agente é ele. Ele considera mais o agente do que a finalidade da ação. Então, por causa disso, por egocentrismo, ele se interessa só por aquilo que faz.
E é uma coisa lamentável, porque isto, os senhores sabem o que acarreta? Desvia os auxílios de Nossa Senhora do apostolado. Por quê? Porque o apostolado dá certo, por causa da graça. O fator de eficácia do apostolado é a graça. A graça não ajuda o apóstolo que procura fazer apostolado para aparecer, ou ao menos para fruir o próprio êxito. A graça ajuda o apóstolo que procura fazer o apostolado desinteressadamente, por amor à Igreja Católica. A esse a graça ajuda. Mas esse, se faz o seu apostolado desinteressadamente, ele gostará tanto de ouvir falar do apostolado de outros como do seu próprio. E se o apostolado dos outros é mais importante, ele procurará evitar de falar sobre o seu próprio apostolado, para ter ocasião de se informar de como vai a Causa católica numa Ponte Nova (cidade brasileira do estado de Minas Gerais), por exemplo.
Não é como certa vez aconteceu. Fui à Europa, voltei, e fiz uma viagem a uma cidade de tamanho reduzido, onde visitei pessoas várias. Chego lá, começa a conversa, as pessoas do local começam a me contar uma torrente de coisas do Bispo da região, do Monsenhor local, do Cônego local, e que tinha feito não sei o que... bá, bá, bá, bá, durante uma hora e tanto. No fim a pergunta: “E como está a situação da Igreja na Europa? Você conta algo?” É de cheio a mentalidade “pé da Luíza Carneiro”! É uma deformação! E o apostolado todo se deforma assim.
Dom Jean Baptiste Chautard explica eximiamente no seu livro “A Alma de Todo Apostolado” que se o apóstolo se acha entupido de egocentrismo, a graça para tocar as almas não atua.
Não sei se está claro isso. Muitas vezes há pessoas que se contristam porque o seu apostolado não é eficaz. Eu tenho vontade de dizer: Meu caro, em que medida você se interessou pelo apostolado dos outros? Nesta medida, o seu apostolado poderia ser mais eficaz, porque já não estaria só você em cena, mas estaria a Causa católica. Mas se é você, você, você e Nossa Senhora entra no assunto a propósito de você... como é que você quer que este apostolado seja um veículo de graças?! Está todo entupido de egocentrismo! Como é que a graça pode passar através disso? É impossível. É só ler “A Alma de Todo Apostolado” de Dom Chautard. Dom Chautard explica isso eximiamente, magnificissimamente.