Sabemos que Deus criou uma nação-chave no Antigo Testamento: Israel. Haveria também no Novo Testamento alguma nação-chave? Com toda a certeza podemos responder afirmativamente. Porém, é necessário distingui-las em dois graus. No primeiro diríamos que as nações chave do Novo Testamento são os povos cristãos. Mas -- e aqui entramos no segundo grau -- dentro dos povos cristãos haverá alguma nação-chave?
São Pio X diz, numa de suas encíclicas, que Deus criou uma nação-chave, um povo eleito, entre os cristãos: a nação francesa. E' ela que, naturalmente, influencia o mundo inteiro. No campo das virtudes, por exemplo, quando são praticadas pelos franceses, irradiam-se pelo mundo inteiro com grande facilidade. Haverá culto mais difundido que o de Santa Terezinha do Menino Jesus?
Diante disto põe-se um problema penoso e pungente: como está esta nação-chave nos nossos dias? Haverá uma esperança para ela?
Com relação à França eu sou como o judeu em relação ao povo eleito. Amo o templo, amo as ruínas do templo, e se essas ruínas se desfizerem em pó, eu amarei o pó que resultou dessas ruinas.
Devo dizer, pois, que tenho a impressão de que a França continuará a ser a nação-chave. Mas, assim como outrora tivemos o império do Oriente e o império do Ocidente, assim como na própria Cristandade havia dois impérios, o Bizantino e o Romano-Alemão, assim também teremos ao lado do império francês para as nações antigas, o império, o domínio e a hegemonia cultural de outras nações, profundamente embebido daquilo que o espírito latino e francês tem de melhor, mas trazendo também consigo outras seivas. Estas nações, como todas as nações eleitas, são capazes de conhecer as piores misérias, piores do que qualquer outro, quando não correspondem à graça de Deus, mas são também capazes das maiores glórias, desde que correspondam à Sua graça. A meu ver, estas nações são as que constituem o mundo ibero-americano.
Plinio Corrêa de Oliveira, 15/10/1958