https://www.youtube.com/watch?v=0NA1b8TeMNI&playnext=1&list=PLB5D915F29443B85D&feature=results_main
“Maria ia através de uma floresta de espinhos.
Nessa floresta de espinhos, há 7 anos não tinha folhagem. O que traz Maria
sobre o seu coração? Uma criancinha sem dores, isso traz Maria sobre o seu
coração. Uma criancinha sem dores traz Maria sobre o seu coração. Então, dos
espinhos desabrocharam rosas”.
O tema e pressuposto
da música é de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Nossa Senhora extremamente
moça, e trazendo consigo o Menino na sua primeira infância. Traz uma ideia de
juventude, de delicadeza, de virginal fragilidade e de virginal força. Que anda
com o menino, mas vê-se que Ela está sozinha, porque a canção não se refere a
mais ninguém. Ela está sozinha e traz sobre o seu coração, bem protegido o
menino, numa floresta de espinhos. Uma floresta que há 7 anos não dá senão
espinho. Então há uma espécie de risco, um contraste: como aquela flor de
delicadeza, que é Nossa Senhora e Aquele Menino, o tesouro do universo, podem
estar sujeitos a uma trajetória através de tantos espinhos. Que coisa horrorosa!
E se acontecer de um espinho ferir o Menino e sair a gota de um sangue que, só
por si, vale mais do que todo o céu e toda a terra? Como pode ser?
Por isso Ela O traz bem junto ao coração. Ela
protege o Menino. Então a ideia que prevalece é a de Nossa Senhora, como que
atemorizada pelos espinhos que cercam o Menino. Os espinhos são a natureza
hostil, a natureza amaldiçoada daquele lugar que há 7 anos não dá nada. E o
Menino que parece dormir, que parece estar fora do uso da razão, é o Homem‑Deus.
De maneira que sabe tudo, pode tudo, dá a solução para tudo. Então, o perigo
para Ele que são os espinhos, o agreste, o hostil do que O envolve, Ele
resolve: pelo poder dEle, transformar em rosa, para a Mãe dEle cheirar!
Então, Nossa Senhora que vai atravessando e vendo
que os espinhos se transformam em rosas perfumadas, orientadas para Ela. E
compreende: foi uma amabilidade de seu Filho! Ela olha para Ele, Ele está
dormindo! Está governando a natureza!
Tudo isso junto está nessa canção. O começo é um
pouco jovial; depois vem a ternura, o respeito. Mas tudo tratado com tal voz —
isso é uma lenda, não aconteceu — que é um pouco o tonus de uma pessoa que
conta para um menino ouvir. E a ternura é um pouco para o Menino Jesus e um
pouco para o menino que está ouvindo, a quem se conta uma coisa delicada, o
menino fica contente. Isso explica os mil tons e entretons da canção.
Agora, lembrem‑se que é o povo dos grandes
exércitos, das grandes invasões, das grandes batalhas. Na sua fase imperial
última com os couraceiros, com capacetes, com águias em cima. É esse povo que
na hora da ternura sabe cantar assim.
O que desbarata uma espécie de preconceito
pacifista e sentimental, segundo o qual quem guerreia não tem sentimento. E
talvez, pior ainda, que quem tem sentimento não guerreia.
O equilíbrio magnífico dessas coisas se encontra
na alma alemã quando é católica. E quando é bem católica, quando é retamente
católica.
(Plinio Corrêa de Oliveira, palavras sem correções
do autor durante o jantar no Eremo do Amparo de Nossa Senhora, 3 de Janeiro de
1989).