Neste mundo cada vez mais agitado, em que fugitiva se
encontra a verdadeira paz, nascida da tranquilidade na ordem, a figura do Papa
Bento XVI é a afirmação categórica da perenidade da Igreja.
Vinte e um séculos já se passaram…
E, a barca de Pedro, assolada por tremendas tempestades, a
que força humana jamais poderia resistir, permanece incólume sobre as vagas do
mar encapelado deste século XXI agitado furiosamente pelo materialismo,
ateísmo, amoralidade, individualismo e indiferentismo religioso.
Vinte e um séculos de luta! Vinte e um séculos de vitória!
Durante dois mil anos, alguns homens têm trabalhado
afanosamente para destruir a Igreja de Cristo.
Como nos primeiros tempos do cristianismo, também hoje as
potências do inferno, numa luta sem tréguas, procuram aniquilar, se isso fosse
possível, a Igreja de Deus.
Perseguem-se os cristãos, matam-se e caluniam sacerdotes,
ultrajam-se os religiosos, profanam-se as religiosas, prendem-se bispos e
padres, desorientam-se as inteligências mal formadas com falsas teorias, enfraquecem-se
as vontades com o indiferentismo ou o relativismo religioso, envenenam-se as
consciências com os média, ou com a internet, destroem-se as imagens sagradas,
ultraja-se sacrilegamente o divino Prisioneiro do Amor e incendeiam-se templos
com o intuito diabólico de destruir a Igreja de Cristo.
E os séculos passam e caem os homens, vencidos pela morte,
comparecendo a juízo perante o Senhor que perseguiram. E, enquanto desmoronam-se
as suas falsas teorias, os mártires e os santos são glorificados e a Igreja
prossegue a sua obra de paz, de amor, de salvação e de bênção.
Primado do Papa
"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja; e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela"
(Mt 16,18).
Foi esta a promessa feita há vinte e um séculos por Cristo,
ao fundar a sua Igreja como sociedade perfeita, com o objetivo único de
conduzir os homens para a vida eterna, sobre a rocha inabalável de Pedro.
A Igreja, por vontade de Cristo, é uma casa que deve ser
edificada; um reino dos céus que deve ser governado; uma religião que ata ou
desliga os laços sociais no próprio Céu” (Joachim Salaverri, Sacrae Theologiae
Summa, Madrid, 28, 1952, p. 727).
Pedro, pois, por mandato expresso do Senhor, foi constituído
como a pedra angular, o fundamento natural e o princípio de unidade deste
maravilhoso edifício, erguido pelas mãos divinas. Ele é o ecónomo, o vice-rei
deste reino, cujo soberano é o próprio Deus ou o árbitro supremo, para decidir
em todas as questões de religião.
“Jesus Cristo
prometeu a Pedro o sumo pontificado da Sua Igreja” (Leão XIII, Satis congnitum).
Poucos dias depois da sua Ressurreição conferira, direta e
imediatamente para toda a sua Igreja, o primado a Pedro ao dar-lhe o poder de
apascentar a sua grei: “Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor,
Tu sabes que Te amo. Disse-lhe:
Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17).
Os cordeiros e ovelhas de Cristo não são outra coisa senão os
fiéis, como o próprio Senhor explica na parábola do bom Pastor, onde as ovelhas,
são aqueles que O conhecem, seguem e amam apaixonadamente.
“Embora Cristo ~como diz São Cipriano – depois da sua Ressurreição,
a todos os apóstolos conferiu igual poder, todavia, para que se manifestasse a
unidade, pela sua autoridade, colocou o princípio dessa unidade num, constituindo
uma cátedra” (S. Cirpino, De catholicae Ecclesiae unitate, apud Balverri Sacrae
Theologiae Summa, Madrid, 1952, p. 567).
São Jerónimo acrescenta que sobre Pedro foi fundada a Igreja;
e, embora o que Cristo conferira aqui a Pedro, o mesmo seja dado a todos os
apóstolos noutro lugar, todavia elegeu, dentre os doze, um, como cabeça (S.
Jerónimo, Adversus Joviniarum, 1, 26, ML,XXIII, col. 247).
E de Santo Efrem este testemunho tão claro e expressivo: “Simão,
meu discípulo, eu te constitui fundamento da Santa Igreja. Chamei-te antes
pedra, porque susterás todos os edifícios. Tu és o inspetor daqueles que
edificam a Igreja na terra. Se algo de mau quiserem edificar, tu, fundamento,
reprime-os. Tu és a cabeça da fonte da qual dimana minha doutrina, tu és a
cabeça dos meus discípulos” (S. Efrem, Sermones in Hebdomadam sanctum, 41,
edit. Lamy, p. 412).
Verdadeiramente, Pedro na Terra é o Vigário de Cristo porque
obteve aquele mesmo poder que o Senhor teve na terra por direito próprio.
E ao criar a Igreja tendo Pedro por cabeça, como sociedade
hierárquica e monárquica, constituiu-a duradoura até ao fim dos séculos, de tal
maneira que na sua essência jamais poderá desfalecer: “Eu estarei sempre convosco
até ao fim dos tempos” (Mt. 18, 20).
Porque goza de especial assistência de Deus até ao fim do
mundo, e porque conta com a promessa de Cristo de que as portas do inferno
jamais prevalecerão contra Ela, a sua Igreja durará até ao fim dos séculos.
O Papa, sucessor de São Pedro
Mas se a Igreja é perene, sendo o Primado o seu fundamento,
este forçosamente será também perene.
Já dizia São Leão Magno: “Pedro, através dos tempos e sempre,
vive nos seus sucessores e exerce o seu juízo”.
Necessário se torna, pois, que exista alguém que, obtendo
por direito divino este Primado, o perpetue através dos séculos.
E se não fora o Romano Pontífice, a ninguém mais se
atribuiria tal sucessão.
Por isso, o Papa é, realmente, e por direito divino, o sucessor
de São Pedro, o doce Cristo na terra, como lhe chamou Santa Catarina de Sena.
Sempre a Igreja o reconheceu como tal e sempre a sua
autoridade se exerceu sobre a Igreja universal, como comprovam inúmeros
documentos de todos os tempos.
Santa Inácio mártir, na sua carta aos Romanos, saúda a
Igreja de Roma com gloriosos epítetos, reconhecendo, assim, implicitamente, a
preeminência desta sobre as outras igrejas da cristandade.
Santo Irineu afirma que a suprema autoridade em questões de
doutrina, pertence, unicamente, à Sé de Roma.
São Cipriano, combatendo os cismáticos que negavam a unidade
da Igreja, diz que “uma única Igreja, e uma única cátedra pela voz do Senhor,
foi fundada sobre Pedro”, ao mesmo tempo que chama à Sé de Roma, “Cátedra de
Pedro e igreja principal, onde se origina a unidade sacerdotal”.
O Papa é, pois, por direito divino, o sucessor de São Pedro,
o chefe supremo da Cristandade, a quem Deus confiou o supremo poder de reger,
santificar e governar a sua Igreja.
Por isso, os cristãos o veneram e amam.
Dizia, por exemplo, Mendès France, descendente de uma
família portuguesa, Primeiro ministro da França em 1954, após o seu encontro
com o Papa Pio XII: “Só hoje conheci a verdadeira grandeza!”
Também o grande estadista Winston Churchill, depois da sua receção
pelo Papa, afirmava: “Acabo de me encontrar com o maior homem do mundo”.
Hoje em dia, podemos dizer de Bento XVI que é, de fato, a
figura máxima da humanidade.
A sua missão, porque divina, é missão de paz e de concórdia
entre os homens, missão de justiça e de amor, num mundo afogado no prazer e no
vício.