O embaixador lituano nos Estados Unidos pediu à marca americana Walmart que parasse de comercializar t-shirts e pulôveres com a foice e o martelo associados à URSS. Parlamentares da Estônia e da Lituânia também interpelaram a empresa.
O estilo soviético está na moda e isso não agrada a muitos países do Leste Europeu. O embaixador lituano nos Estados Unidos enviou uma carta ao gigante comercial Walmart pedindo-lhe que retirasse alguns de seus produtos que exibem símbolos soviéticos da venda. "Ainda estamos à espera de uma resposta", disse Roland Krisciunas à AFP na sexta-feira.
"Crimes horríveis foram cometidos em nome dos símbolos soviéticos da foice e do martelo", escreveu o embaixador Roland Krisciunas em sua carta aberta, transmitida na quinta-feira. "A decisão de publicar e promover os símbolos associados ao assassinato em massa de pessoas inocentes não pode e não deve ser considerada uma decisão comercial comum". Para o diplomata, "a promoção de tais símbolos ressoa como uma grande dor para os séculos vindouros ".
"Os dias passam e o Walmart fica em silêncio", escreveu o embaixador numa mensagem do tweet da sexta-feira, dia 7 de setembro, acompanhada de uma captura de tela dos itens ofensivos à venda no site do Walmart. Ele mencionou nesta ocasião as "1.700 pessoas mortas diariamente durante o reinado de Stalin".
"Você não compraria roupas estilo nazista"
A empresa americana, líder mundial em distribuição, oferece para venda camisetas e blusas nas cores da URSS - CCCP em russo - decoradas com símbolos comunistas da foice, do martelo e da estrela vermelha. A cadeia, presente em 28 países, não está em nenhum país da Europa Oriental.
De acordo com a agência de notícias Baltic News Service citada pela AP, um grupo de parlamentares da Estônia, Letônia e Lituânia também escreveu uma carta ao Walmart na quarta-feira. Eles consideram "particularmente decepcionante" que a firma "não mostre respeito pelos milhões de cidadãos que foram vítimas do regime soviético totalitário".
Na sexta-feira, a ministra das Relações Exteriores da Lituânia, Linas Linkevicius, também acrescentou a sua voz aos críticos. "Nós confiamos no compromisso moral do Walmart e pedimos a remoção de produtos que ostentem os símbolos do assassinato em massa", escreveu ele no Twitter, referindo-se também a "crimes horríveis cometidos em nome desses símbolos". E acrescentou: "Você não compraria roupas no estilo nazista, pois não?"
Símbolos banidos mas na moda
Essas múltiplas interpelações oficiais ocorrem após críticas feitas recentemente ao Walmart por usuários da Internet, conforme relatado pelo jornal francês Ouest-France. A palavra chave #whynotswastika ("por que não uma suástica") tem sido usada por muitos deles para questionar o uso de símbolos associados a um regime totalitário. Alguns modificaram a camiseta vendida colando nelas símbolos nazistas.
Os símbolos da foice e
do martelo são proibidos em vários países do antigo bloco soviético. A Lituânia
proibiu-os em seu território há dez anos: o fato de exibir bandeiras, emblemas
ou insígnias incorporando a foice e o martelo é a mesma infração da ostentação
de uma suástica. O país com 2,8 milhões de habitantes tem a lei mais restritiva
sobre o assunto, mas a Estônia também proíbe a exibição desses símbolos. Essas
medidas fazem parte de um contexto mais amplo de oposição à Rússia nesses
países, que abrigam muitos dissidentes russos.
As roupas de moda usando símbolos soviéticos já tinham provocado polêmica na Europa, na primavera. A linha de roupas lançada pela Adidas para a Copa do Mundo de futebol na Rússia desencadeou a ira de vários países da antiga URSS, como relatou na época a Radio France Internacional. Uma das roupas da marca tinha sido alterada e a menção "URSS" foi substituída por "Das Reich" em referência ao nazismo.
Como a Adidas, muitas organizações tinham escolhido referências à URSS para a Copa do Mundo de Futebol neste verão, começando com a Fifa, cujo pôster oficial apresentava os códigos visuais da URSS.
As roupas de moda usando símbolos soviéticos já tinham provocado polêmica na Europa, na primavera. A linha de roupas lançada pela Adidas para a Copa do Mundo de futebol na Rússia desencadeou a ira de vários países da antiga URSS, como relatou na época a Radio France Internacional. Uma das roupas da marca tinha sido alterada e a menção "URSS" foi substituída por "Das Reich" em referência ao nazismo.
Como a Adidas, muitas organizações tinham escolhido referências à URSS para a Copa do Mundo de Futebol neste verão, começando com a Fifa, cujo pôster oficial apresentava os códigos visuais da URSS.
Le Figaro, 8/9/2018