Santa Francisca Romana teve durante a sua vida uma relação sensível com os Anjos. Além do seu Anjo da Guarda, tinha um Arcanjo encarregado de a corrigir. E ele realizava o seu cargo com severidade e vigilância. Algumas vezes dava-lhe pequenas golpes na face com as suas mãos invisíveis, por causa de pequenas faltas, especialmente quando não contava tudo ao seu confessor. E não se tratava de pecados, mas as graças e favores que recebia de Deus.
Santa Francisca Romana não via o seu Anjo da Guarda, contudo,
o Arcanjo estava continuamente diante dos seus olhos. A sua fisionomia era tão
luminosa, que só conseguia olhá-lo de frente, quando estava rezando, quando
estava sendo tentada e quando lhe falava do seu confessor. Fora destas circunstâncias,
ele era para a Santa o que o sol é para os nossos olhos.
Eis como Santa Francisca Romana descrevia este Anjo ao seu
confessor: “Ele tinha os olhos voltados para o Céu e as mãos cruzadas ao peito.
Seus cabelos dourados e encaracolados caiam sobre o seu pescoço e ombros. A sua
túnica, parecida com a dos subdiáconos, era, às vezes branca como a neve, às
vezes azul como o Céu e outras vezes ainda vermelha como a chama. Ele não
sujava os seus pés descalços, quando passava pelas vias e praças públicas. Tinha
o tamanho e o aspeto de um menino de nove anos.”
Como referido, este Anjo punia Santa Francisca, não lhe
batendo sempre, mas retirando-se da sua presença por algum tempo, especialmente
quando a santa manifestava desgosto pela vida que levava. Contudo, quando
voltava a aceitar o sofrimento, em união com a vontade de Deus, os problemas do
seu casamento e as importunações do mundo, o seu amigo celeste voltava a fazer-se
presente.
O Arcanjo protegia e defendia-a contra os ataques do demónio.
Quanto mais ela o desprezava, mais ele tornava-se furioso. As suas lutas contra
o espírito maligno foram terríveis. Santa Francisca Romana foi jogada nas cinzas, envolta num tecido, como
se tratasse de um cadáver, suspensa por cima de um braseiro, ameaçada por feras
horrorosas e até batida furiosamente. Diante de tudo isto, repreendia o seu inimigo "negro", chamando-o de fraco e de covarde. Quando o demónio
parecia ir longe demais, com o simples sacudir dos seus cabelos, o Arcanjo fazia-o
desaparecer como fumaça.
Peçamos ao nosso Anjo da Guarda que nos proteja, se manifeste mais intensamente a cada um de nós, a fim de podermos ter uma relação sensível com ele e sermos conduzidos pelas vias que nos conduzem ao Céu.