Ninguém pode ter Deus como pai se não tiver a Igreja como mãe... O Senhor adverte-nos nesse sentido dizendo: "Quem não está comigo está contra mim e quem não recolhe comigo dissipa". Aquele que quebra a paz e a concórdia de Cristo age contra Cristo; aquele que colhe fora da Igreja dissipa a Igreja de Cristo.
O Senhor diz: "O Pai e eu somos um" (Jo 10,30). Está escrito ainda a propósito do Pai, do Filho e do Espírito Santo: "Estes três são um" (1 Jo 5,7). Por isso, quem acreditará que a unidade, que tem a sua origem nesta harmonia divina, que está ligada a este mistério celeste, pode ser esquartejada na Igreja... devido a conflitos voluntariosos? Todo aquele que não observar esta unidade, não observa a lei de Deus, nem a fé no Pai e no Filho; não preserva a vida nem a salvação.
Este sacramento da unidade, este vínculo da concórdia numa coesão indissolúvel é-nos mostrado no Evangelho pela túnica do Senhor. Ela não pôde ser de forma alguma dividida ou rasgada, mas foi tirada à sorte para se saber quem revestirá Cristo (Jo 19,24)... Ela é o símbolo da unidade que vem do alto.
S. Cipriano (cerca de 200-258), bispo de Cartago e mártir - Da unidade da Igreja