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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Manifestações de Deus

Todas as criaturas estão vivas na mão de Deus; os sentidos só se apercebem da acção da criatura, mas a fé crê na acção divina em todas as coisas. Ela vê que Jesus Cristo vive em tudo e opera em toda a extensão dos séculos, que o mais pequeno momento e o mais pequeno átomo encerram uma porção desta vida escondida e desta acção misteriosa. A acção das criaturas é um véu que encobre os mistérios profundos da acção divina.

Após a sua ressurreição, Jesus Cristo surpreendia os discípulos com as suas aparições, apresentando-Se-lhes em figuras que O disfarçavam; mal Se revelava, desaparecia. Este mesmo Jesus, sempre vivo e sempre operante, continua a surpreender as almas cuja fé não é suficientemente pura e penetrante. Não há momento algum em que Deus Se não apresente, seja sob a forma de uma dor, de uma obrigação ou de um dever. Tudo quanto se faz em nós, em nosso redor e através de nós encerra e encobre a Sua acção divina, o que faz com que sejamos constantemente surpreendidos e não conheçamos as Suas operações senão quando elas deixaram de subsistir.

Se perfurássemos o véu e estivéssemos vigilantes e atentos, Deus revelar-Se-nos-ia sem cessar e usufruiríamos da Sua acção em tudo aquilo que nos acontece. Perante cada coisa, diríamos: “É o Senhor!” E detectaríamos em todas as circunstâncias que recebemos um dom de Deus, que as criaturas são instrumentos frágeis, que nada nos falta, e que o permanente cuidado de Deus O leva a conceder-nos aquilo que nos convém.

Jean Pierre de Caussade (1675-1751), jesuíta - Abandono na Providência divina