O Padre Lacordaire, religioso dominicano e orador
brilhante, numa das suas conferências sobre a imortalidade da alma, para
estudantes da Faculdade de Sorèze, no Sul da França, contou o seguinte fato.
Um príncipe polaco, incrédulo e materialista professo,
terminou de escrever um livro sobre a imortalidade da alma e estava pronto para
o entregar à gráfica. Como precisava de tomar ar, foi caminhar para um dos
belos parques da cidade. Inesperadamente, viu aparecer por detrás de uma árvore
uma senhora que o reconheceu. Chorando, esta atirou-se a seus pés e disse-lhe
com profunda tristeza:
-- Meu bom príncipe, meu marido acabou de morrer. Neste
momento, a sua alma pode estar no purgatório, no sofrimento! Estou numa
situação financeira tão apertada que não tenho a pequena soma necessária para
pedir à Igreja que reze uma missa pelo falecido. Por favor! Que a sua bondade
venha em meu auxílio, a fim de que possa ajudar o meu pobre marido!
Apesar do nobre cavalheiro não acreditar no que a senhora
dizia sobre o Purgatório, ele não teve coragem de a repelir. Tirou do bolso uma
moeda de ouro e entregou à mulher, que lhe agradeceu e correu para a igreja, em
primeiro lugar, para rezar e agradecer a Deus por ter atendido o seu pedido e,
logo depois, para solicitar ao sacerdote que celebrasse várias Missas em
sufrágio da alma do seu marido.
Cinco dias depois, já era noite quando o príncipe se dirigiu
ao escritório para ler o seu manuscrito e dar os últimos retoques. Qual não foi
o seu espanto ao levantar os olhos e deparar-se com um homem, vestido com
trajes muito simples, de camponês, e que lhe dirigiu as seguintes palavras:
-- Príncipe, venho agradecer-lhe. Eu sou o marido daquela
pobre senhora que, há poucos dias, pediu-lhe esmolas para celebrar missas pelo
repouso da minha alma. A sua caridade foi agradável a Deus e Ele permitiu que
eu viesse aqui para lhe agradecer.
Assim que estas palavras foram pronunciadas, o camponês
desapareceu, como se de uma assombração se tivesse tratado. A emoção do
príncipe foi indescritível! Depois de pensar por alguns minutos, aproximou-se
do seu livro, folheou algumas páginas e deitou-o ao fogo. Agora, ele acreditava
na imortalidade da alma!
No dia seguinte, procurou um sacerdote, confessou-se e
perseverou na amizade de Deus até ao fim dos seus dias.