Carta Encíclica
Mirari Vos
Aos Patriarcas, Primazes,
Arcebispos, Bispos e outros Ordinários
em paz e comunhão com a
Santa Sé Apostólica.
Veneráveis Irmãos, saúde e
benção apostólica.
Creio-vos admirados, porque
desde que sobre Nós pesa o cuidado da Igreja universal, ainda não vos dirigimos
Nossas cartas, como o costume arraigado da Igreja e Nossa benevolência para
convosco o reclamam. Mui veemente era, em verdade, o desejo de abrir-vos Nosso
coração e, ao comunicar-vos Nossa palavra, fazer-vos ouvir aquela mesma voz,
pela qual Nos foi ordenado, na pessoa de Pedro, confirmar nossos irmãos (Lc
22,23). Mas bem sabeis que a procela de males e aflições que nos combateu desde
os primeiros momentos de Nosso pontificado, ergueu-se, subitamente, qual
vagalhão tão impetuoso que, se não Nos deplorais qual náufrago da terrível
conspiração dos ímpios é mercê de um esforço da omnipotência divina. Com o coração
alancado pela tristíssima consideração de tantos males, não se tem ânimo para
relembrar tamanha amargura; preferimos, pois, bendizer ao Pai de toda
consolação que, humilhando os perversos, Nos livro do presente perigo e,
acalmando a turbulenta tempestade, Nos permitiu respirar. Então Nos propusemos
a dar-vos conselhos para pensar as chagas de Israel, mas o grande número de
cuidados que pesou sobre Nós, enquanto conciliávamos o restabelecimento da
ordem pública, foi causa de mais tardança. A insolência dos ímpios que
tentaram, de novo, arvorar a bandeira da rebelião, foi novo motivo de Nosso
silêncio. E Nós, ainda que com tristeza indizível, vimo-Nos obrigado a
reprimir, com pulso firme, (1 Cor 4,21), a contumácia daqueles homens, cujo
furor se exaltava de mais a mais, longe de se abrandar pela constante
impunidade e pela Nossa clemência. E desde então podeis muito bem deduzir que
Nossos cuidados se tornaram mais constantes.
Mas, havendo já tomado posse
do pontificado na Basílica de Latrão, consoante costume estabelecido por Nossos
maiores, e que fora retardada pelas causas supraditas, sem dar azo a mais
delongas, damo-Nos pressa em dirigir-vos a presente carta, testemunho de Nosso
afeto para convosco, neste dia gratíssimo, em que celebramos a solene festa da
gloriosa Assunção da Santíssima Virgem, a fim de que aquela que Nos foi
protetora e salvadora em gravíssimas calamidades, Nos seja propícia,
iluminando-Nos o intelecto com celeste inspiração, para dar-vos os conselhos
mais conducentes à santificação da grei cristã.
Em verdade, triste e com o
coração dolorido, dirigimo-Nos a vós, a quem vemos cheios de angústia, ao
considerar a crueldade dos tempos que fluem para com a religião que tanto
estremeceis. Na verdade, poderíamos dizer que esta é a hora do poder das trevas
para joeirar como o trigo, os filhos de escol (Lc 22,53); "a terra ficou
infeccionada pelos seus habitantes, porque transgrediram as leis, mudaram o
direito, romperam a aliança eterna" (Is 24,5). Referimo-Nos, Veneráveis
Irmãos, aos fatos que vedes com vossos próprios olhos e todos choramos com as
mesmas lágrimas. A maldade rejubila alegre, a ciência se levanta atrevida, a
dissolução é infrene. Menospreza-se a santidade das coisas sagradas, e o culto divino,
que tanta necessidade encerra, não é somente desprezado, mas também
vilipendiado e escarnecido. Por esses meios é que se corrompe a santa doutrina
e se disseminam, com audácia, erros de todo género. Nem
as leis divinas, nem os direitos, nem as instituições, nem os mais santos
ensinamentos estão ao abrigo dos mestres da impiedade.
Combate-se tenazmente a Sé
de Pedro, na qual pôs Cristo o fundamento de sua Igreja; forçam-se e rompem-se,
momentaneamente, os vínculos da unidade. Impugna-se a autoridade divina da
Igreja e, espezinhados os seus direitos, é submetida a razões terrenas; com
suma injúria, fazem-na objeto do ódio dos povos, reduzindo-a a torpe servidão.
O clamoroso estrondo de opiniões novas ressoa nas academias e liceus, que
contestam abertamente a fé católica, não já ocultamente e por circunlóquios,
mas com guerra cura e nefária; e, corrompidos os corações dos jovens pelos
ensinamentos e exemplo dos mestres, cresceram desproporcionadamente o prejuízo
da religião e a depravação dos costumes. Por isso, rompido o freio da religião
santíssima, somente em virtude da qual subsistem os reinos e se confirma o
vigor de toda potestade, vemos campear a ruína da ordem pública, a desonra dos
governantes e a perversão de toda autoridade legítima; e a origem de tantas
calamidades devemos buscá-la na ação simultânea daquelas sociedades, nas quais
se depositou, como em sentina imensa, quanto de sacrilégio, subversivo e
blasfemo acumularam a heresia e a impiedade em todos os tempos.
Estas coisas, Veneráveis
Irmãos, e outras muitas, talvez de maior gravidade, que seria prolixo
referi-las e que vós conheceis perfeitamente, Nos obrigam a experimentar dor
amarga e constante, pois, constituído na Cátedra do Príncipe do Apóstolos, é
mister que o zelo pela casa de Deus Nos consuma. E sabedores, em razão de Nosso
múnus, de que não é suficiente deplorarem-se tantos males, mas que se faz
necessário remediá-los com todas as nossas forças, recorremos à vossa fé e
imploramos a vossa solicitude pela grei católica, Veneráveis Irmãos, porque a
vós cabe a virtude e a religião, a singular prudência e constância, que Nos
encorajam e consolam em meio a tantas desgraças.
A Nós toca o dever de
levantar a voz e envidar todos os esforços, para que o javali não destrua a
vinha e o lobo não destroce o rebanho; devemos dar-lhes pábulo tão salutar, que
nem de leve sequer sejam suspeitos. Longe de Nós, e mui longe, que os pastores
faltem ao seu dever, abandonando covardemente as ovelhas, quando tantos males
nos afligem e tantos perigos nos cercam, e que, sem cuidar da grei, se manchem
com o ócio e a negligência. Façamos, pois, causa comum, digo melhor, a de Deus
e, de espírito uno, porfiemos contra o inimigo comum, com uma só intenção com
um só esforço.
Tudo isto cumprireis
plenamente, se, segundo vosso dever, cuidardes de vós mesmos e da doutrina,
tendo sempre presente que a Igreja universal repele toda novidade (S. Caelest.
PP., ep. 21 ad episc. Galliar) e que, conforme conselho do Pontífice Santo Agatão,
nada se deve tirar daquelas coisas que hão sido definidas, nada mudar, nada
acrescentar, mas que se devem conservar puras, quanto à palavra e quanto ao
sentido (Ep. ad imp. apud Labb. Tomo II, p. 235, Ed. Mansi). Daqui surgirá a
firmeza da unidade, que se radica, em seu fundamento, na Cátedra de Pedro, a
fim de que todos encontrem baluarte, segurança, porto bonançoso e tesouro de
inumeráveis bens, justamente onde as Igrejas possuem a fonte de seus direitos
(S. Innocent. Papa, ep. II, apud Constat). Para reprimir, portanto, a audácia
dos que ora intentam infringir os direitos desta Sé, somente na qual se apoiam
e recebem vigor, preciso é incular um profundo sentimento de fidelidade e
veneração para com ela, clamando, a exemplo de São Cipriano, que em vão
protesta estar na Igreja o que abandonou a Cátedra de Pedro, sobre a qual está
fundada (S. Cypr., De unitate eccles).
Deveis, pois, trabalhar e
vigiar assiduamente, para guardar o depósito da fé, apesar das tentativas dos
ímpios, que se esforçam por dissimulá-lo e desvirtuá-lo. Tenham todos presente
que o julgar da sã doutrina, que os povos têm de crer, e o regime e o governo
da Igreja universal é da alçada do Romano Pontífice, a quem foi dado por Cristo
pleno poder, para apascentar, reger e governar a Igreja universal, segundo os
ensinamentos legados pelos Padres do Concílio de Florença (Sess. 25, in
definit. apud Labb., tom. 18, col. 527. Edit. Venet). Portanto, todo Bispo deve
aderir fielmente à Cátedra de Pedro, guardar o depósito da fé santa e
apascentar religiosamente o rebanho de Deus que lhe foi confiado. Os
presbíteros estejam sujeitos aos Bispos, considerando-os, segundo aconselha São
Jerónimo, como pais da alma (Ep. 2 ad Nepot., a. 1, 24); e jamais esqueçam que
os cânones mais antigos lhes vedam o desempenho de qualquer ministério, o
ensino e a pregação sem licença do Bispo, a cujo cuidado foi confiado o povo e
de quem se hão de pedir contas das almas (Ex can., app 33 apud Labb., tomo I,
p. 38, edt. Mansi). Por fim, tenha-se por certo e estável que, quantos
intentarem contra esta ordem estabelecida, enquanto depender de sua parte,
perturbam o estado da Igreja.
Reprovável seria, na
verdade, e muito alheio à veneração com que se devem acolher as leis da Igreja,
condenar, somente por néscio capricho de opinião, a doutrina que foi por ela
sancionado, na qual estão contidas a administração das coisas sagradas, a regra
dos costumes e dos direitos da Igreja, a ordem e a razão dos seus ministros, ou
então acoimá-la de oposicionista a certos princípios de direito natural,
julgando-a deficiente e imperfeita, ou ainda sujeitando-a à autoridade civil.
Constando, com efeito, como
reza o testemunho dos Padres do Concílio de Trento (Sess. 13, dec. de
Eucharistia in proœm), que a Igreja recebeu sua doutrina de Jesus Cristo e dos
seus Apóstolos, e que o Espírito Santo a está continuamente assistindo,
ensinando-lhe toda a verdade, é por demais absurdo e altamente injurioso dizer
que se faz necessária uma certa restauração ou regeneração, para fazê-la voltar
à sua primitiva incolumidade, dando-lhe novo vigor, como se fosse de crer que a
Igreja é passível de defeito, ignorância ou outra qualquer das imperfeições
humanas; com tudo isto pretendem os ímpios que, constituída de novo a Igreja
sobre fundamentos de instituição humana, venha a dar-se o que São Cipriano
tanto detestou: que a Igreja, coisa divina, se torne coisa humana (Ep. 52,
edit. Baluz). Pensem, pois, os que tal supõem, que somente ao Romano Pontífice
como atesta São Leão, tem sido confiada a constituição dos cânones; e que
somente a ele, que não a outro, compete julgar dos antigos decretos dos
cânones, medir os preceitos dos seus antecessores para moderar, após diligente
consideração, aquelas coisas, cuja modificação é exigida pela necessidade dos
tempos (Ep. ad. episc. Lucaniae).
Reclamamos, aqui, também a
vossa invicta constância para combater a torpíssima conspiração que se tem
tramado contra o celibato clerical, a qual, como sabeis, cresce de momento para
outro, porque com os falsos filósofos do nosso século fazem coro alguns
eclesiásticos que, esquecidos da sua dignidade e estado, e aliciados pela
voluptuosidade, chegaram a licenciosidade tal, a ponto de em alguns lugares se
atreverem a pedir publicamente faculdade aos príncipes para infringir tão santa
disciplina. Mas causa-nos rubor falar extensamente de intentos tão torpes e,
confiado em vossa piedade, pedimo-vos que, com todas as forças e apoiados nas
prescrições dos sagrados cânones, custodieis, defendais, e vindiqueis, em toda
sua integridade, aquela lei de tamanha gravidade, contra a qual os inimigos
assestam seus dardos.
Reclama também nosso
especial cuidado aquela união santa dos cristãos, chamada pelo Apóstolo
sacramento grande em Cristo e na Igreja (Ef 5,33; Heb 13,4), para que não se
diga e nem se tente dizer algo quer contra a santidade quer contra a força
indissolúvel deste vínculo. O mesmo Nos recordara Nosso antecessor Pio VIII, de
santa memória, com não pouca insistência; mão obstante, seus esforços não foram
bastantes para suster todo o mal. Devemos, pois, ensinar aos povos que o
matrimônio, legitimamente contraído, já não pode ser dissolvido, e que os
unidos pelo matrimônio forma, por vontade de Deus, sociedade perpétua com
vínculos tão íntimos que só a morte os pode dissolver. Tenham presente que o
matrimônio pertence às coisas sagradas, e está sujeito à Igreja; tenham-se
presentes as leis que sobre ele há ditado a Igreja; obedeçam-lhe santa e
escrupulosamente, pois dela dependem a eficácia, força e justiça da união. Não
admitam, de forma alguma, algo que esteja em oposição aos sagrados cânones ou
aos decretos dos concílios, pois não desconhecem o mau resultado que
necessariamente hão de acarretar as uniões que se fazem contra a disciplina da
Igreja, sem implorar a proteção de Deus, somente por leviandade, sem pensar no
sacramento e nem nos mistérios que nele são significados.
Outra causa que tem
acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja,
aquela perversa teoria espalhada por toda parte, graças aos enganos dos ímpios,
e que ensina poder-se conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto
que se amolde à norma do reto e honesto. Podeis, com facilidade, patentear à
vossa grei esse erro tão execrável, dizendo o Apóstolo que há um só Deus, uma
só fé e um só baptismo (Ef 4, 5): entendam, portanto, os que pensam poder-se ir
de todas as partes ao porto da Salvação que, segundo a sentença do Salvador,
eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Lc 11,23), e os que não
colhem com Cristo dispersam miseramente, pelo que perecerão infalivelmente os que
não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Simbol.
Sancti Athanasii); ouçam S. Jerónimo, do qual se diz que quanto alguém tentara
atraí-lo para a sua causa, dizia sempre com firmeza: O que está unido à Cátedra
de Pedro é o meu (S. Hier., ep. 57). E nem alimentem ilusões porque estão
baptizados; a isto calha a resposta de Santo Agostinho que diz não perder o
sacramento sua forma quando está amputado da vide; porém, de que lhe serve, se
não tira sua vida da raiz? (In Ps. contra part. Donat).
Dessa fonte lodosa do
indiferentismo promana aquela sentença absurda e errónea, digo melhor
disparate, que afirma e defende a liberdade de consciência. Este erro corrupto
abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões que, para confusão das
coisas sagradas e civis, se estendo por toda parte, chegando a imprudência de
alguém se asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião.
Que morte pior há para a alma, do que a liberdade do erro! dizia Santo
Agostinho (Ep. 166). Certamente, roto o freio que mantém os homens nos caminhos
da verdade, e inclinando-se precipitadamente ao mal pela natureza corrompida,
consideramos já escancarado aquele abismo (Apoc 9,3) do qual, segundo foi dado
ver a São João, subia fumaça que entenebrecia o sol e arrojava gafanhotos que
devastavam a terra. Daqui provém a efervescência de ânimo, a corrupção da
juventude, o desprezo das coisas sagradas e profanas no meio do povo; em uma
palavra, a maior e mais poderosa peste da república, porque, segundo a
experiência que remonta aos tempos primitivos, as cidade que mais floresceram
por sua opulência, extensão e poderio sucumbiram, somente pelo mal da
desbragada liberdade de opiniões, liberdade de ensino e ânsia de inovações.
Devemos tratar também neste
lugar da liberdade de imprensa, nunca condenada suficientemente, se por ela se
entende o direito de trazer-se à baila toda espécie de escritos, liberdade que
é por muitos desejada e promovida. Horroriza-Nos, Veneráveis Irmãos, o
considerar que doutrinas monstruosas, digo melhor, que um sem-número de erros
nos assediam, disseminando-se por todas as partes, em inumeráveis livros,
folhetos e artigos que, se insignificantes pela sua extensão, não o são
certamente pela malícia que encerram, e de todos eles provém a maldição que com
profundo pesar vemos espalhar-se por toda a terra. Há, entretanto, oh que dor!
quem leve a ousadia a tal requinte, a ponto de afirmar intrepidamente que essa
aluvião de erros que se está espalhando por toda parte é compensada por um ou
outro livro que, entre tantos erros, se publica para defender a causa da
religião. É por toda forma ilícito e condenado por todo direito fazer um mal
certo e maior, com pleno conhecimento, só porque há esperança de um pequeno bem
que daí resulte. Porventura dirá alguém que se podem e devem espalhar
livremente venenos ativos, vendê-los publicamente e dá-los a tomar, porque pode
acontecer que, quem os use, não seja arrebatado pela morte?
Foi sempre inteiramente
distinta a disciplina da Igreja em perseguir a publicação de livros maus, desde
o tempo dos Apóstolos, dos quais sabemos terem queimado publicamente muitos
deles. Basta ler as leis que a respeito deu o V. Concílio de Latrão e a
constituição que ao depois foi dada a público por Leão X, de feliz recordação,
para que o que foi inventado para o progresso da fé e a propagação das belas
artes não sirva de entrave e obstáculo aos Fiéis em Cristo (Act. Concílio Lateran.
V, ses. 10; e Constituição Alexand. VI "Inter multiplices").O mesmo
procuraram os Padres de Trento que, para trazer remédio a tanto mal, publicaram
um salubérrimo decreto para compor um índice de todos aqueles livros que, por
sua má doutrina, deviam ser proibidos (Conc. Trid. sess. 18 e 25). Há que se
lutar valentemente, disse Nosso predecessor Clemente XIII, de piedosa memória;
há que se lutar com todas as nossas forças, segundo o exige a gravidade do
assunto, para exterminar a mortífera praga de tais livros, pois o erro sempre
procurará onde se fomentar, enquanto não perecerem no fogo esses instrumentos
de maldade (Encíclica "Christianae", 25 nov. 1776, sobre livros
proibidos). Da constante solicitude que esta Sé Apostólica sempre revelou em
condenar os livros suspeitos e daninhos, arrancando-os às suas mãos, deduzam,
portanto, quão falsa, temerária e injuriosa à Santa Sé e fecunda em males
gravíssimos para o povo cristão é aquela doutrina que, não contente com
rechaçar tal censura de livros como demasiado grave e onerosa, chega até ao
cúmulo de afirmar que se opõe aos princípios da reta justiça e que não está na
alçada da Igreja decretá-la.
Mas, tendo sido divulgadas,
em escritos que correm por todas as partes, certas doutrinas que lançam por
terra a fidelidade e submissão que se devem aos príncipes, com o que se alenta
o fogo da rebelião, deve-se vigiar atentamente para que os povos, enganados,
não se afastem do caminho do bem. Saibam todos que, como disse o apóstolo, toda
autoridade vem de Deus e todas as que existem foram ordenadas por Deus. Aquele,
pois, que resiste à autoridade, resiste à ordem de Deus e se condena a si mesmo
(Rom 13, 2). Portanto, os que com torpes maquinações de rebelião se subtraem à
fidelidade que devem aos príncipes, querendo tirar-lhes a autoridade que
possuem, ouçam como contra eles clamam todos os direitos divinos e humanos.
Não era este, certamente, o
proceder dos primeiros cristãos, os quais, para obviar a tão grave falta, mesmo
que em meio das terríveis perseguições suscitadas contra eles, se distinguiram
por seu zelo em obedecer aos imperadores e em lutar pela integridade do
império, como provaram, quer no pronto cumprimento de quanto lhes era ordenado
(sempre que não se opusesse à sua fé de cristãos), quer vertendo seu sangue nas
batalhas, pelejando contra os inimigos do império. Os soldados cristãos, diz
Santo Agostinho, serviram fielmente aos imperadores infiéis, mas quando se
tratava da causa de Cristo, outro imperador não reconheceram que o dos céus.
Distinguiam o Senhor eterno do senhor temporal; e não obstante, pelo primeiro
obedeciam ao segundo (In Ps. 124. n. 7). Assim o entendia certamente o glorioso
mártir S. Maurício, invicto chefe da legião Tebana, quando, segundo refere
Euquério, disse ao seu imperador: Somos, ó imperador, teus soldados, mas também
servos que com liberdade confessamos a Deus; vamos morrer, e não nos rebelamos;
nas mãos temos nossas armas, e não resistimos porque antes de nos rebelarmos
preferimos morrer (S. Eucher. apud Ruinart, Act. ss. mm. de Ss Maurit. et Soc.,
n. 4). E esta conduta dos primeiros cristão brilha com esplêndidos fulgores; pois
é de se notar que, além da razão, não faltava aos cristãos, nem a força do
número nem o esforço da valentia, se quisessem lutar contra seus inimigos.
Somos de ontem, diz Tertuliano, e já ocupamos todas as vossas casas, cidades,
ilhas, municípios, os mesmos acampamentos com suas tribos e decúrias, os
palácios, o senado, o fórum... De que luta não seremos capazes, mesmo com
forças inferiores, os que morremos tão alegremente, só porque em nossa
disciplina é mais lícito morrer do que matar? Se, negando-vos a cooperação de
nossas forças, nos retirássemos a um lugar distante da terra, a perda de tantos
e tais cidadãos teria enfraquecido vosso domínio, digo melhor, quiçá o
houvésseis perdido; não há duvidar que vos espantareis com vossa própria
solidão... não encontrareis a quem comandar, teríeis mais inimigos que
cidadãos; mas agora, ao contrário, deveis ao grande número dos cristãos o
terdes menos inimigos (In apologet., cap. 37).
Estes exemplos preclaros de
inquebrantável sujeição aos príncipes, baseados nos santíssimos preceitos da
religião cristã, condenam a insolência e a gravidade dos que, instigados por
torpe desejo de liberdade sem freios, outra coisa não se propõem do que calcar
os direitos dos príncipes e reduzir os povos a mísera escravidão, enganando-os
com aparências de liberdade. Este foi o objectivo dos valdenses, dos begardos,
dos wiclefitas e de outros filhos de Belial que foram a desonra do género
humano, tantas vezes anatematizados pela Sé Apostólica. Sem outro motivo senão
o de se congratularem com Lutero por haver rompido todo vínculo de dependência,
esses inovadores se esforçam audazmente por perpetrar as maiores maldades.
Mais grato não é também à
religião e ao principado civil o que se pode esperar do desejo dos que procuram
separar a Igreja e o Estado, e romper a mútua concórdia do sacerdócio e do
império. Sabe-se, com efeito, que os amadores da falsa liberdade temeram ante a
concórdia, que sempre produziu resultados magníficos, nas coisas sagradas e
civis.
A muitas outras coisas de
não pouca importância, que Nos trazem preocupado e enchem de dor, devem-se
acrescer certas associações ou assembleias, as quais, confederando-se com
sectários de qualquer religião, simulando sentimentos de piedade e afecto para
com a religião, mas na verdade possuídas inteiramente do desejo de novidades e
de promover sedições em toda parte, pregam liberdades de tal jaez, suscitam
perturbações nas coisas sagradas e civis, desprezando qualquer autoridade, por
mais santa que seja.
Com o coração, pois,
transido de tristeza, mas confiante inteiramente n'Aquele que manda aos ventos
e acalma as tempestades, escrevemos estas coisas, Veneráveis Irmãos, para que,
armados da couraça da fé, combatais galhardamente os combates do Senhor. É
dever vosso manter dentro dos limites todo aquele que se levanta contra a
ciência do Senhor. Pregai a palavra de Deus, para que tenham pasto saudável os
que desejam a justiça; pois fostes eleitos para serdes cultivadores diligentes
da vinha do Senhor; trabalhai, todos unidos, com empenho, para arrancar as más
raízes do campo que vos foi confiado e para que, reprimido todo germe de vício,
ali mesmo floresça copiosa a messe das virtudes. Abraçai, de modo especial, e
com afeto paternal, aos que se dedicam à ciência sagrada e à filosofia,
exortando-os e guiando-os a fim de que não aconteça que, estribando-se
imprudentemente em suas forças, se afastem do caminho da verdade, para seguir
as sendas dos ímpios. Entendam que Deus é Senhor da sabedoria e emendador dos
sábios (Sab. 7, 15) e que é impossível compreender a Deus sem Deus (S. Irineu,
lib. 14, cap. 10); Deus, que pelo Verbo ensina aos homens a conhecer Deus. É
próprio de homens soberbos ou antes néscios querer sujeitar ao critério humano
os mistérios da fé, que ultrapassam a capacidade humana, confiando unicamente
em nossa razão, que por natureza é débil e fraca.
Finalmente, secundem os
príncipes estes nossos santos desejos de feliz êxito das coisas sagradas e
profanas com seu poder e autoridade, pois não a receberam somente para o
governo temporal, mas também para a defesa e guarda da Igreja. Saibam que,
quanto se faz em favor da Igreja, destina-se, ao mesmo tempo, ao bem-estar e à
paz do império; convençam-se sempre mais que devem maior estima à causa da fé
que à do reino, e que serão maiores se, segundo S. Leão, à sua coroa de reis se
ajuntar a da fé. Já que tem sido constituídos como pais e tutores dos povos,
proporcionar-lhes-ão verdadeira felicidade e tranqüilidade, se dirigirem seus
cuidados especialmente para conservar incólume a religião daquele Senhor, cujo
poder está expressado naquela passagem do salmo: Rei dos reis e Senhor dos que
dominam.
E para que todos estes
desejos se realizem propícia e felizmente, elevemos nossos olhares e mãos à
Santíssima Virgem Maria, a única que destruiu todas as heresias e constitui a
nossa maior esperança (S. Bernardo, sem. De nativitate B. M. V., 57). Peça Ela
mesma, com sua intercessão poderosa, para que nossos desejos, conselhos e ações
sejam coroados do êxito mais feliz, nesta grande necessidade do povo cristão.
Peçamos humildemente aos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo o dom de permanecermos
firmes e constantes em não permitir e nem querer outro fundamento que aquele
sobre o qual estamos cimentados. Apoiado nesta doce esperança, esperamos que o
autor e consumador da fé, Cristo Jesus, nos consolará nestas grandes
tribulações, e, em penhor do divino auxílio, damo-vos, Veneráveis Irmãos, e às
ovelhas que vos foram confiadas, a Benção Apostólica.
Dada em Roma, em Santa Maria
Maior, 15 de agosto, dia solene da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, do
ano 1832 da incarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo , segundo de Nosso
Pontificado.
Gregório XVI, Papa
Mirari vos
Lettre Encyclique de N. S. P. Le Pape
Grégoire XVI
À tous les Patriarches, Primats, Archevêques et
Évêques
Vénérables frères
Salut et bénédiction apostolique.
Vous êtes sans doute étonnés que, depuis le jour où le
fardeau du gouvernement de toute l'Église a été imposé à notre faiblesse, nous
ne vous ayons pas encore adressé nos lettres comme l'auraient demandé, soit la
coutume introduite même dès les premiers temps, soit notre affection pour vous.
C'était bien, il est vrai, le plus ardent de nos voeux de vous ouvrir tout
d'abord notre cœur, et de vous faire entendre, dans la communion de l'esprit,
cette voix avec laquelle, selon l'ordre reçu par nous dans la personne du
bienheureux Pierre nous devons confirmer nos frères (LUC. XXII, 32). Mais vous
savez assez quels maux, quelles calamités, quels orages nous ont assailli dès
les premiers instants de notre Pontificat, comment nous avons été lancé tout à
coup au milieu des tempêtes, ah ! si la droite du Seigneur n'avait manifesté sa
puissance, vous auriez eu la douleur de nous y voir englouti, victime de
l'affreuse conspiration des impies.
Notre cœur se refuse à renouveler, par le triste
tableau de tant de périls, la douleur qu'ils nous ont causée, et nous bénissons
plutôt le Père de toute consolation d'avoir dispersé les traîtres, de nous
avoir arraché au danger imminent et de nous avoir accordé en apaisant la plus
terrible tempête de respirer après une si grande crainte. Nous nous proposâmes
aussitôt de vous communiquer nos desseins pour la guérison des plaies d'Israël,
mais le poids énorme de soucis dont nous fûmes accablé pour le rétablissement
de l'ordre public, retarda encore l'exécution.
À ce motif de silence, s'en joignit un nouveau : l'insolence
des factieux qui s'efforcèrent de lever une seconde fois l'étendard de la
rébellion. À la vue de tant d'opiniâtreté de leur part en considérant que leur
fureur sauvage, loin de s'adoucir, semblait plutôt s'aigrir et s'accroître par
une trop longue impunité et par les témoignages de notre paternelle indulgence,
nous avons dû enfin, quoique l'âme navrée de douleur, faire usage de l'autorité
qui nous a été confiée par Dieu, les arrêter la verge à la main (I Cor. IV,
21), et depuis, comme vous pouvez bien conjecturer, notre sollicitude et nos
fatigues n'ont fait qu'augmenter de jour en jour.
Mais puisque, après des retards nécessités par les
mêmes causes, nous avons pris possession du Pontificat dans la Basilique de
Latran, selon l'usage et les institutions de nos prédécesseurs, nous courons à
vous sans aucun délai, vénérables Frères, et comme un témoignage de nos
sentiments pour vous, nous vous adressons cette lettre écrite en ce jour
d'allégresse, où nous célébrons, par une fête solennelle, le triomphe de la
très sainte Vierge, et son entrée dans les cieux. Nous avons ressenti sa
protection et sa puissance au milieu des plus redoutables calamités : Ah !
qu'elle daigne nous assister aussi dans le devoir que nous remplissons envers
vous, et inspirer d'en haut à notre âme les pensées et les mesures qui seront
les plus salutaires au troupeau de Jésus-Christ!
C'est, il est vrai, avec une profonde douleur et l'âme
accablée de tristesse, que nous venons à vous ; car nous connaissons votre zèle
pour la religion et les cruelles inquiétudes que vous inspire le malheur des
temps où elle est jetée. Nous pouvons dire en toute vérité, c'est maintenant
l'heure accordée à la puissance des ténèbres pour cribler, comme le froment,
les enfants d'élection (LUC. XXII, 53). " La terre est vraiment dans le
deuil ; elle se dissout, infectée par ses habitants ; ils ont en effet
transgressé les lois, changé la justice et rompu le pacte éternel " (ISAI.
XXIV, 5). Nous vous parlons, vénérables Frères, de maux que vous voyez de vos
yeux, et sur lesquels par conséquent nous versons des larmes communes. La
perversité, la science sans pudeur, la licence sans frein s'agitent pleines
d'ardeur et d'insolence ; la sainteté des mystères n'excite plus que le mépris,
et la majesté du culte divin, si nécessaire à la foi et si salutaire aux
hommes, est devenue, pour les esprits pervers, un objet de blâme, de
profanation, de dérision sacrilège. De là, la sainte doctrine altérée et les
erreurs de toute espèce semées partout avec scandale. Les rites sacrés, les
droits, les institutions de l'Église, ce que sa discipline a de plus saint,
rien n'est plus à l'abri de l'audace des langues d'iniquité. On persécute
cruellement notre Chaire de Rome, ce Siège du bienheureux Pierre sur lequel le
Christ a posé le fondement de son Église ; et les liens de l'unité sont chaque
jour affaiblis de plus en plus, ou rompus avec violence. La divine autorité de
l'Église est attaquée ; on lui arrache ses droits ; on la juge d'après des
considérations toutes terrestres, et à force d'injustice, on la dévoue au
mépris des peuples, on la réduit à une servitude honteuse. L'obéissance due aux
évêques est détruite et leurs droits sont foulés aux pieds.
On entend retentir les académies et les universités
d'opinions nouvelles et monstrueuses ; ce n'est plus en secret ni sourdement
qu'elles attaquent la foi catholique ; c'est une guerre horrible et impie
qu'elles lui déclarent publiquement et à découvert. Or dès que les leçons et
les examens des maîtres pervertissent ainsi la jeunesse, les désastres de la
religion prennent un accroissement immense, et la plus effrayante immoralité
gagne et s'étend. Aussi, une fois rejetés les liens sacrés de la religion, qui
seuls conservent les royaumes et maintiennent la force et la vigueur de l'autorité,
on voit l'ordre public disparaître, l'autorité malade, et toute puissance
légitime menacée d'une révolution toujours plus prochaine. Abîme de malheurs
sans fonds, qu'ont surtout creusé ces sociétés conspiratrices dans lesquelles
les hérésies et les sectes ont, pour ainsi dire, vomi comme dans une espèce de
sentine, tout ce qu'il y a dans leur sein de licence, de sacrilège et de
blasphème.
Telles sont, vénérables Frères, avec beaucoup d'autres
encore et peut-être plus graves, qu'il serait aujourd'hui trop long de
détailler et que vous connaissez tous, les causes qui nous condamnent à une
douleur cruelle et sans relâche, puisqu'établi sur la Chaire du Prince des
Apôtres, nous devons plus que personne être dévoré du zèle de la maison de Dieu
tout entière. Mais la place même que nous occupons nous avertit qu'il ne suffit
pas de déplorer ces innombrables malheurs, si nous ne faisons aussi tous nos
efforts pour en tarir les sources. Nous réclamons donc l'aide de votre foi, et
pour le salut du troupeau sacré nous faisons un appel à votre zèle, vénérables
Frères, vous dont la vertu et la religion si connues, vous dont l'admirable
prudence et la vigilance infatigable augmentent notre courage et répandent le
baume de la consolation dans notre âme affligée par tant de désastres. Car
c'est à nous d'élever la voix, d'empêcher par nos efforts réunis que le
sanglier de la forêt ne bouleverse la vigne et que les loups ne ravagent le
troupeau du Seigneur. C'est à nous de ne conduire les brebis que dans des
pâturages qui leur soient salutaires et où l'on n'ait pas à craindre pour elles
une seule herbe malfaisante. Loin de nous donc, nos très chers Frères, au
milieu de fléaux, de dangers si multipliés et si menaçants, loin de nous
l'insouciance et les craintes de pasteurs qui abandonneraient leurs brebis ou
qui se livreraient à un sommeil funeste sans aucun souci de leur troupeau !
Agissons en unité d'esprit pour notre cause commune, ou plutôt pour la cause de
Dieu ; et contre de communs ennemis unissons notre vigilance, pour le salut de
tout le peuple, unissons nos efforts.
C'est ce que vous ferez parfaitement si, comme votre
charge vous en fait un devoir, vous veillez sur vous et sur la doctrine, vous
redisant sans cesse à vous-mêmes que " toute nouveauté bat en brèche l'Église
universelle " (S. Cœlest. PP. Ep. XXI ad Episc. Galliar), et d'après
l'avertissement du saint pape Agathon, " rien de ce qui a été
régulièrement défini ne supporte ni diminution, ni changement, ni addition,
repousse toute altération du sens et même des paroles. " (S. Agath. PP.
Ep. ad Imp. apud Labb. tom. XI, pag. 235. edit. Mansi) C'est ainsi que demeurera ferme, inébranlable, cette
unité qui repose sur le Siège de saint Pierre comme sur sa base ; et le centre
d'où dérivent, pour toutes les églises, les droits sacrés de la communion
catholique, " sera aussi pour toutes un mur qui les protégera, un asile
qui les couvrira, un port qui les préservera du naufrage et un trésor qui les
enrichira de biens incalculables. " (S. Innocent. PP. Ep. XI, apud Coustant)
Ainsi donc pour réprimer l'audace de ceux qui s'efforcent, ou d'anéantir les
droits du Saint-Siège, ou d'en détacher les églises dont il est le soutien et
la vie, inculquez sans cesse aux fidèles de profonds sentiments de confiance et
de respect envers lui, faites retentir à leurs oreilles ces paroles de saint
Cyprien : " C'est une erreur de croire être dans l'Église lorsqu'on
abandonne le Siège de Pierre, qui est le fondement de l'Église. " (S. Cyp.
de Unitate Eccles)
Le but de vos
efforts et l'objet de votre vigilance continuelle, doit donc être de garder le
dépôt de la foi au milieu de cette vaste conspiration d'hommes impies que nous
voyons, avec la plus vive douleur, formée pour le dissiper et le perdre. Que
tous s'en souviennent : le jugement sur la saine doctrine dont on doit nourrir
le peuple, le gouvernement et l'administration de l'Église entière
appartiennent au Pontife romain, " à qui a été confié, par Notre-Seigneur
Jésus-Christ ", comme l'ont si clairement déclaré les Pères du concile de
Florence, " le plein pouvoir de paître, de régir et de gouverner l'Église
universelle " (Conc. Flor. sess. XXV, in definit. apud Labb. tom XVIII,
col. 528. edit. Venet). Quant aux évêques en particulier, leur devoir est de
rester inviolablement attachés à la Chaire de Pierre, de garder le saint dépôt
avec une fidélité scrupuleuse, et de paître le troupeau de Dieu qui leur est
soumis. Pour les prêtres, il faut qu'ils soient soumis aux évêques et "
qu'ils les honorent comme les pères de leurs âmes " (S. Hieron. Ep. 3, ad
Nepot, a. I, 24), selon l'avis de saint Jérôme ; qu'ils n'oublient jamais qu'il
leur est défendu, même par les anciens Canons, de rien faire dans le ministère
qui leur a été confié, et de prendre sur eux la charge d'enseigner et de prêcher,
" sans l'approbation de l'évêque, à qui le soin des fidèles a été remis et
qui rendra compte de leurs âmes. " (Ex can. Ap. XXXVIII, apud Labb. tom.
I, pag. 38, edit. Mansi) Qu'on tienne enfin pour une vérité certaine et
incontestable, que tous ceux qui cherchent à troubler en quoi que ce soit cet
ordre ainsi établi, ébranlent autant qu'il est en eux la constitution de
l'Église.
Ce serait donc un attentat, une dérogation formelle au
respect que méritent les lois ecclésiastiques, de blâmer, par une liberté
insensée d'opinion, la discipline que l'Église a consacrée, qui règle
l'administration des choses saintes et la conduite des fidèles, qui détermine
les droits de l'Église et les obligations de ses ministres, de la dire ennemie
des principes certains du droit naturel, incapable d'agir par son imperfection
même, ou soumise à l'autorité civile.
Mais puisqu'il est certain, pour nous servir des
paroles des Pères de Trente, que " l'Église a été instruite par
Jésus-Christ et par ses Apôtres, et que l'Esprit Saint, par une assistance de
tous les jours, ne manque jamais de lui enseigner toute vérité " (Conc.
Trid. sess. XIII, decr. de Eucharist in prœm), c'est le comble de l'absurdité
et de l'outrage envers elle de prétendre qu'une restauration et qu'une régénération
lui sont devenues nécessaires pour assurer son existence et ses progrès, comme
si l'on pouvait croire qu'elle aussi fût sujette, soit à la défaillance, soit à
l'obscurcissement, soit à toute autre altération de ce genre. Et que veulent
ces novateurs téméraires, sinon " donner de nouveaux fondements à une
institution qui ne serait plus, par là même, que l'ouvrage de l'homme " et
réaliser ce que saint Cyprien ne peut assez détester, " en rendant
l'Église toute humaine de divine qu'elle est ? " (S. Cyp. Ep. LII, edit.
Baluz) Mais que les auteurs de semblables manœuvres sachent et retiennent qu'au
seul Pontife Romain, d'après le témoignage de saint Léon " a été confié la
dispensation des Canons ", que lui seul, et non pas un simple particulier,
a le pouvoir de prononcer " sur les règles sanctionnées par les Pères
", et qu'ainsi, comme le dit saint Gélase, " c'est à lui de balancer
entre eux les divers décrets des Canons, et de limiter les ordonnances de ses
prédécesseurs, de manière à relâcher quelque chose de leur rigueur et à les
modifier après mûr examen, selon que le demande la nécessité des temps, pour
les nouveaux besoins des églises " (S. Gelasius PP. in Ep. ad Episcop.
Lucaniæ).
Nous réclamons ici la constance de votre zèle en
faveur de la Religion contre les ennemis du célibat ecclésiastique, contre
cette ligue impure qui s'agite et s'étend chaque jour, qui se grossit même par
le mélange honteux de plusieurs transfuges de l'ordre clérical et des plus
impudents philosophes de notre siècle. Oublieux d'eux-mêmes et de leur devoir,
jouets de passions séductrices, ces transfuges ont poussé la licence au point
d'oser, en plusieurs endroits, présenter aux princes des requêtes, même
publiques et réitérées, pour obtenir l'abolition de ce point sacré de
discipline. Mais nous rougissons d'arrêter longtemps vos regards sur de si
honteuses tentatives, et plein de confiance en votre religion, nous nous
reposons sur vous du soin de défendre de toutes vos forces, d'après les règles
des saints Canons, une loi de si haute importance, de la conserver dans toute
son intégrité, et de repousser les traits dirigés contre elle de tous côtés par
des hommes que tourmentent les plus infâmes passions.
Un autre objet appelle notre commune sollicitude,
c'est le mariage des chrétiens, cette alliance honorable que saint Paul a
appelée " un grand Sacrement en Jésus-Christ et en son Église " (Ad
Hebr. XIII, 4). Étouffons les opinions hardies et les innovations téméraires
qui pourraient compromettre la sainteté de ses liens et leur indissolubilité.
Déjà cette recommandation vous avait été faite d'une manière toute particulière
par les Lettres de notre prédécesseur Pie VIII, d'heureuse mémoire. Cependant
les attaques de l'ennemi vont toujours croissant ; il faut donc avoir soin d'enseigner
au peuple que le mariage, une fois légitimement contracté, ne peut plus être
dissous ; que Dieu a imposé aux époux qu'il a unis l'obligation de vivre en
perpétuelle société, et que le noeud qui les lie ne peut être rompu que par la
mort. N'oubliant jamais que le mariage est renfermé dans le cercle des choses
saintes et placé par conséquent sous la juridiction de l'Église, les fidèles
auront sous les yeux les lois qu'elle-même a faites à cet égard ; ils y
obéiront avec un respect et une exactitude religieuse, persuadés que, de leur
exécution, dépendent absolument les droits, la stabilité et la légitimité de
l'union conjugale. Qu'ils se gardent d'admettre en aucune façon rien de ce qui
déroge aux règles canoniques et aux décrets des conciles ; sachant bien qu'une
alliance sera toujours malheureuse, lorsqu'elle aura été formée, soit en
violant la discipline ecclésiastique, soit avant d'avoir obtenu la bénédiction
divine, soit en ne suivant que la fougue d'une passion qui ne leur permet de
penser ni au sacrement, ni aux mystères augustes qu'il signifie.
Nous venons maintenant à une cause, hélas ! trop
féconde des maux déplorables qui affligent à présent l'Église. Nous voulons
dire l'indifférentisme, ou cette opinion funeste répandue partout par la fourbe
des méchants, qu'on peut, par une profession de foi quelconque, obtenir le
salut éternel de l'âme, pourvu qu'on ait des mœurs conformes à la justice et à
la probité. Mais dans une
question si claire et si évidente, il vous sera sans doute facile d'arracher du
milieu des peuples confiés à vos soins une erreur si pernicieuse. L'Apôtre nous
en avertit : " Il n'y a qu'un Dieu, qu'une foi, qu'un baptême " (Ad
Ephes. IV, 5) ; qu'ils tremblent donc ceux qui s'imaginent que toute religion
conduit par une voie facile au port de la félicité ; qu'ils réfléchissent
sérieusement sur le témoignage du Sauveur lui-même : " qu'ils sont contre
le Christ dès lors qu'ils ne sont pas avec le Christ " (LUC. XI, 23) ;
qu'ils dissipent misérablement par là même qu'ils n'amassent point avec lui, et
que par conséquent, " ils périront éternellement, sans aucun doute, s'ils
ne gardent pas la foi catholique et s'ils ne la conservent entière et sans
altération " (Symb. S. Athanas). Qu'ils écoutent saint Jérôme racontant
lui-même, qu'à l'époque où l'Église était partagée en trois partis, il répétait
sans cesse et avec une résolution inébranlable, à qui faisait effort pour
l'attirer à lui : " Quiconque est uni à la chaire de Pierre est avec moi
" (S. Hier. Ep. LVIII). En vain essayerait-on de se faire illusion en
disant que soi-même aussi on a été régénéré dans l'eau, car saint Augustin
répondrait précisément : " Il conserve aussi sa forme, le sarment séparé
du cep ; mais que lui sert cette forme, s'il ne vit point de la racine ? "
(S. Aug. in Psal. contra part. Donat)
De cette source
empoisonnée de l'indifférentisme, découle cette maxime fausse et absurde ou
plutôt ce délire : qu'on doit procurer et garantir à chacun la liberté de
conscience ; erreur des plus contagieuses, à laquelle aplanit la voie cette
liberté absolue et sans frein des opinions qui, pour la ruine de l'Église et de
l'État, va se répandant de toutes parts, et que certains hommes, par un excès
d'impudence, ne craignent pas de représenter comme avantageuse à la religion. Eh !
" quelle mort plus funeste pour les âmes, que la liberté de l'erreur !
" disait saint Augustin (S. Aug. Ep. CLXVI). En voyant ôter ainsi aux
hommes tout frein capable de les retenir dans les sentiers de la vérité,
entraînés qu'ils sont déjà à leur perte par un naturel enclin au mal, c'est en
vérité que nous disons qu'il est ouvert ce " puits de l'abîme "
(Apoc. IX, 3), d'où saint Jean
vit monter une fumée qui obscurcissait le soleil, et des sauterelles sortir
pour la dévastation de la terre. De là, en effet, le peu de stabilité des
esprits ; de là, la corruption toujours croissante des jeunes gens ; de là,
dans le peuple, le mépris des droits sacrés, des choses et des lois les plus
saintes ; de là, en un mot, le fléau le plus funeste qui puisse ravager les
États ; car l'expérience nous l'atteste et l'antiquité la plus reculée nous
l'apprend : pour amener la destruction des États les plus riches, les plus
puissants, les plus glorieux, les plus florissants, il n'a fallu que cette
liberté sans frein des opinions, cette licence des discours publics, cette
ardeur pour les innovations.
À cela se rattache la liberté de la presse, liberté la
plus funeste, liberté exécrable, pour laquelle on n'aura jamais assez d'horreur
et que certains hommes osent avec tant de bruit et tant d'insistance, demander
et étendre partout. Nous frémissons, vénérables Frères, en considérant de quels
monstres de doctrines, ou plutôt de quels prodiges d'erreurs nous sommes
accablés ; erreurs disséminées au loin et de tous côtés par une multitude
immense de livres, de brochures, et d'autres écrits, petits il est vrai en
volume, mais énormes en perversité, d'où sort la malédiction qui couvre la face
de la terre et fait couler nos larmes. Il est cependant, ô douleur ! des hommes
emportés par un tel excès d'impudence, qu'ils ne craignent pas de soutenir
opiniâtrement que le déluge d'erreurs qui découle de là est assez abondamment
compensé par la publication de quelque livre imprimé pour défendre, au milieu
de cet amas d'iniquités, la vérité et la religion. Mais c'est un crime
assurément, et un crime réprouvé par toute espèce de droit, de commettre de
dessein prémédité un mal certain et très grand, dans l'espérance que peut-être
il en résultera quelque bien ; et quel homme sensé osera jamais dire qu'il est
permis de répandre des poisons, de les vendre publiquement, de les colporter,
bien plus, de les prendre avec avidité, sous prétexte qu'il existe quelque
remède qui a parfois arraché à la mort ceux qui s'en sont servis ?
Mais bien différente a été la discipline de l'Église
pour l'extinction des mauvais livres, dès l'âge même des Apôtres. Nous lisons,
en effet, qu'ils ont brûlé publiquement une grande quantité de livres (Act.
Apost. XIX). Qu'il suffise, pour s'en convaincre, de lire attentivement les
lois données sur cette matière dans le Ve Concile de Latran et la Constitution
publiée peu après par Léon X, notre prédécesseur d'heureuse mémoire, pour
empêcher " que ce qui a été heureusement inventé pour l'accroissement de
la foi et la propagation des arts utiles, ne soit perverti en un usage tout
contraire et ne devienne un obstacle au salut des fidèles " (Act. conc.
Lateran. V. sess. X, ubi refertur Const. Leonis X. Legenda est anterior
Constitutio Alexandri VI, Inter multiplices, in qua multa ad rem). Ce fut aussi
l'objet des soins les plus vigilants des Pères de Trente ; et pour apporter
remède à un si grand mal, ils ordonnèrent, dans le décret le plus salutaire, la
confection d'un Index des livres qui contiendraient de mauvaises doctrines (Conc.
Trid. sess. XVIII et XXV). " Il faut combattre avec courage ", disait
Clément XIII, notre prédécesseur d'heureuse mémoire, dans sa lettre encyclique
sur la proscription des livres dangereux, " il faut combattre avec
courage, autant que la chose elle-même le demande, et exterminer de toutes ses
forces le fléau de tant de livres funestes ; jamais on ne fera disparaître la
matière de l'erreur, si les criminels éléments de la corruption ne périssent
consumés par les flammes " (Lit. Clem. XIII, Christianæ, 25 nov. 1766)
Par cette constante sollicitude avec laquelle, dans
tous les âges, le Saint Siège Apostolique s'est efforcé de condamner les livres
suspects et dangereux et de les arracher des mains des hommes, il apparaît
clairement combien est fausse, téméraire, injurieuse au Siège Apostolique, et
féconde en grands malheurs pour le peuple chrétien, la doctrine de ceux qui,
non contents de rejeter la censure comme trop pesante et trop onéreuse, ont
poussé la perversité, jusqu'à proclamer qu'elle répugne aux principes de la
justice et jusqu'à refuser audacieusement à l'Église le droit de la décréter et
de l'exercer.
Nous avons appris que, dans des écrits répandus dans
le public, on enseigne des doctrines qui ébranlent la fidélité, la soumission
due aux princes et qui allument partout les torches de la sédition ; il faudra
donc bien prendre garde que trompés par ces doctrines, les peuples ne
s'écartent des sentiers du devoir.
Que tous considèrent attentivement que selon
l'avertissement de l'Apôtre, " il n'est point de puissance qui ne vienne
de Dieu ; et celles qui existent ont été établies par Dieu ; ainsi résister au
pouvoir c'est résister à l'ordre de Dieu, et ceux qui résistent attirent sur
eux-mêmes la condamnation " (Ad. Rom. XIII, 2). Les droits divins et
humains s'élèvent donc contre les hommes, qui, par les manœuvres les plus
noires de la révolte et de la sédition, s'efforcent de détruire la fidélité due
aux princes et de les renverser de leurs trônes.
C'est sûrement pour cette raison et pour ne pas se
couvrir d'une pareille honte, que malgré les plus violentes persécutions, les
anciens chrétiens ont cependant toujours bien mérité des empereurs et de
l'empire ; ils l'ont clairement démontré, non seulement par leur fidélité à
obéir exactement et promptement dans tout ce qui n'était pas contraire à la
religion, mais encore par leur constance et par l'effusion même de leur sang
dans les combats. " Les soldats chrétiens, dit Saint Augustin, ont servi
l'empereur infidèle; mais s'agissait-il de la cause du Christ ? Ils ne
reconnaissaient plus que celui qui habite dans les cieux. Ils distinguaient le
Maître éternel du maître temporel, et cependant à cause du Maître éternel, ils
étaient soumis au maître même temporel " (S. Aug. in Psalm. CXXIV, n. 7).
Ainsi pensait Maurice, l'invincible martyr, le chef de la légion thébaine,
lorsqu'au rapport de saint Eucher, il fit cette réponse à l'empereur : "
Prince, nous sommes vos soldats ; mais néanmoins nous le confessons librement,
les serviteurs de Dieu... Et maintenant ce péril extrême ne fait point de nous
des rebelles ; voyez, nous avons les armes à la main, et nous ne résistons
point, car nous aimons mieux mourir que de tuer " (S. Eucher. apud
Ruinart. Act. SS. MM. de SS. Maurit. et soc. n. 4). Cette fidélité des anciens
chrétiens envers les princes apparaît plus illustre encore, si l'on considère,
avec Tertullien, que la force du nombre et des " troupes ne leur manquait
pas alors, s'ils eussent voulu agir en ennemis déclarés. Nous ne sommes que
d'hier, dit-il lui-même, et nous remplissons tout, vos villes, vos îles, vos
forteresses, vos municipes, vos assemblées, les camps eux-mêmes, les tribus,
les décuries, le palais, le sénat, le forum... À quelle guerre n'eussions-nous
pas été propres et disposés même à forces inégales, nous, qui nous laissons
égorger avec tant de facilité, si par la foi que nous professons il n'était pas
plutôt permis de recevoir la mort que de la donner ? Nombreux comme nous le
sommes, si, nous étant retirés dans quelque coin du monde, nous eussions rompu
avec vous, la perte de tant de citoyens, quel qu'eût été leur caractère, aurait
certainement fait rougir de honte votre tyrannie. Que dis-je ? Cette seule séparation eût été
votre châtiment. Sans aucun doute, vous eussiez été saisis d'effroi à la vue de
votre solitude... Vous eussiez cherché à qui commander ; il vous fût resté plus
d'ennemis que de citoyens ; mais maintenant vos ennemis sont en plus petit
nombre, grâce à la multitude des chrétiens. " (Tertull. In Apolog. Cap.
XXXVII)
Ces éclatants exemples d'une constante soumission
envers les princes, tiraient nécessairement leur source des préceptes sacrés de
la religion chrétienne ; ils condamnent l'orgueil démesuré, détestable de ces
hommes déloyaux qui, brûlant d'une passion sans règle et sans frein pour une
liberté qui ose tout, s'emploient tout entiers à renverser et à détruire tous
les droits de l'autorité souveraine, apportant aux peuples la servitude sous
les apparences de la liberté.
C'était vers le même but, aussi, que tendaient de
concert les extravagances coupables et les désirs criminels des Vaudois, des
Béguards, des Wicléfistes et d'autres semblables enfants de Bélial, la honte et
l'opprobre du genre humain, et pour ce motif il furent, tant de fois et avec
raison, frappés d'anathème par le Siège Apostolique. Si ces fourbes achevés
réunissent toutes leurs forces, c'est sûrement et uniquement afin de pouvoir
dans leur triomphe se féliciter, avec Luther, d'être libres de tout ; et c'est
pour l'atteindre plus facilement et plus promptement qu'ils commettent avec la
plus grande audace les plus noirs attentats.
Nous ne
pourrions augurer des résultats plus heureux pour la religion et pour le
pouvoir civil, des désirs de ceux qui appellent avec tant d'ardeur la
séparation de l'Église et de l'État, et la rupture de la concorde entre le
sacerdoce et l'empire. Car c'est un fait avéré, que tous les amateurs de la
liberté la plus effrénée redoutent par dessus tout cette concorde, qui toujours
a été aussi salutaire et aussi heureuse pour l'Église que pour l'État.
Aux autres
causes de notre déchirante sollicitude et de la douleur accablante qui nous est
en quelque sorte particulière au milieu du danger commun, viennent se joindre
encore certaines associations et réunions, ayant des règles déterminées. Elles se
forment comme en corps d'armée, avec les sectateurs de toute espèce de fausse
religion et de culte, sous les apparences, il est vrai, du dévouement à la
religion, mais en réalité dans le désir de répandre partout les nouveautés et
les séditions, proclamant toute espèce de liberté, excitant des troubles contre
le pouvoir sacré et contre le pouvoir civil, et reniant toute autorité, même la
plus sainte.
C'est avec un
cœur déchiré, mais plein de confiance en Celui qui commande aux vents et
rétablit le calme, qui nous vous écrivons ainsi, vénérables Frères, pour vous
engager à vous revêtir du bouclier de la foi, et à déployer vos forces en
combattant vaillamment les combats du Seigneur. À vous surtout, il appartient
de vous opposer comme un rempart à toute hauteur qui s'élève contre la science
de Dieu.
Tirez le glaive
de l'esprit, qui est la parole de Dieu, et donnez la nourriture à ceux qui ont
faim de la justice. Choisis pour cultiver avec soin la vigne du Seigneur,
n'agissez que dans ce but et travaillez tous ensemble à arracher toute racine
amère du champ qui vous a été confié, à y étouffer toute semence de vices et à
y faire croître une heureuse moisson de vertus. Embrassez avec une
affection toute paternelle ceux surtout qui appliquent spécialement leur esprit
aux sciences sacrées et aux questions philosophiques : exhortez-les et
amenez-les à ne pas s'écarter des sentiers de la vérité pour courir dans la
voie des impies, en s'appuyant imprudemment sur les seules forces de leur
raison. Qu'ils se souviennent que c'est " Dieu qui conduit dans les routes
de la vérité et qui perfectionne les sages " (Sap. VII, 15), et qu'on ne peut, sans Dieu,
apprendre à connaître Dieu, le Dieu qui, par son Verbe, enseigne aux hommes à
le connaître (S. Irenæus, lib. IV, cap. X). C'est à l'homme superbe, ou plutôt
à l'insensé de peser dans des balances humaines les mystères de la foi, qui
sont au-dessus de tout sens humain, et de mettre sa confiance dans une raison
qui, par la condition même de la nature de l'homme, est faible et débile.
Au reste que les
Princes nos très chers fils en Jésus-Christ favorisent de leur puissance et de
leur autorité les vœux que nous formons avec eux pour la prospérité de la
religion et des États ; qu'ils songent que le pouvoir leur a été donné, non
seulement pour le gouvernement du monde, mais surtout pour l'appui et la
défense de l'Église ; qu'ils considèrent sérieusement que tous les travaux
entrepris pour le salut de l'Église, contribuent à leur repos et au soutien de
leur autorité. Bien plus, qu'ils se persuadent que la cause de la foi doit leur
être plus chère que celle même de leur empire, et que leur plus grand intérêt,
nous le disons avec le Pape saint Léon, " est de voir ajouter, de la main
du Seigneur, la couronne de la foi à leur diadème ". Établis comme les
pères et les tuteurs des peuples, ils leur procureront un bonheur véritable et
constant, l'abondance et la tranquillité, s'ils mettent leur principal soin à
faire fleurir la religion et la piété envers le Dieu qui porte écrit sur son
vêtement : " Roi des rois, Seigneur des seigneurs ".
Mais pour que toutes ces choses s'accomplissent
heureusement, levons les yeux et les mains vers la très sainte Vierge Marie.
Seule elle a détruit toutes les hérésies ; en elle nous mettons une immense
confiance, elle est même tout l'appui qui soutient notre espoir (Ex S.
Bernardo, Serm. de Nat. B.M.V., § 7). Ah ! que dans la nécessité pressante où
se trouve le troupeau du Seigneur, elle implore pour notre zèle, nos desseins
et nos entreprises les plus heureux succès. Demandons aussi, par d'humbles
prières, à Pierre, prince des Apôtres, et à Paul l'associé de son apostolat,
que vous soyez tous comme un mur inébranlable, et qu'on ne pose pas d'autre
fondement que celui qui a été posé. Appuyé sur ce doux espoir, nous avons
confiance que l'auteur et le consommateur de notre foi, Jésus-Christ, nous
consolera tous enfin, au milieu des tribulations extrêmes qui nous accablent,
et comme présage du secours céleste, nous vous donnons avec amour, vénérables
Frères, à vous et aux brebis confiées à vos soins, la bénédiction apostolique.
Donné à Rome, à
Sainte-Marie-Majeure, le 15 des calendes de aout, le jour solennel de
l'Assomption de cette bienheureuse Vierge Marie, l'an 1832 de l'incarnation de
Notre Seigneur, de notre Pontificat le deuxième.
GRÉGOIRE XVI,
PAPE
Mirari Vos
LETTERA ENCICLICA AI VENERABILI FRATELLI PATRIARCHI
PRIMATI ARCIVESCOVI VESCOVI E AGLI ALTRI ORDINARI AVENTI CON L'APOSTOLICA SEDE
PACE E COMUNIONE.
«Sull'indifferentismo e per condannare la libertà di
coscienza, di stampa, di pensiero e di culto»
GREGORIO PP. XVI
VENERABILI FRATELLI SALUTE E APOSTOLICA BENEDIZIONE
Non riteniamo che voi vi
meravigliate perché, da quando è stato imposto alla Nostra pochezza l’incarico
del governo di tutta la Chiesa, non vi abbiamo ancora indirizzato Nostre
lettere, secondo la consuetudine introdotta fin dai primi tempi e come la
benevolenza Nostra verso di voi avrebbe richiesto. Era questo per la verità uno
dei Nostri più vivi desideri: dilatare senza indugio sopra di voi il Nostro
cuore, e parlarvi in comunione di spirito con quella voce con la quale nella
persona del Beato Pietro fu divinamente ingiunto a Noi di confermare i fratelli
(Lc 22,32).
Ma voi ben sapete per quale
procella di mali e di calamità fin dai primi momenti del Nostro Pontificato
fummo d’improvviso balzati in un mare così tempestoso, che se la destra del
Signore non avesse testimoniato la propria virtù, avreste dovuto per la più
perversa cospirazione degli empi compiangere il Nostro fatale sommergimento. L’animo
rifugge dal rinnovare con l’amara esposizione di tanti infortuni il dolore
vivissimo che ne provammo; e piuttosto Ci piace innalzare riconoscenti
benedizioni al Padre di ogni consolazione, il quale con la dispersione dei
ribelli Ci trasse dall’imminente pericolo e sedata la furiosa tempesta Ci fece
respirare. Noi Ci proponemmo immediatamente di comunicarvi le Nostre idee
relative al risanamento delle piaghe di Israele: ma la grave mole di cure che
sopraggiunse per conciliare il ristabilimento dell’ordine pubblico pose un
ostacolo alla realizzazione del Nostro proposito.
Un nuovo motivo per tenerci
silenziosi giunse dalla insolenza dei faziosi, che tentarono di alzare
nuovamente il vessillo della fellonia. Vero è che, vedendo Noi che la lunga
impunità e la costante Nostra benigna indulgenza, anziché ammansire,
alimentavano piuttosto lo sfrenato furore dei ribelli, dovemmo infine, sebbene
con acerbissimo dispiacere, ricorrere alle armi spirituali (1Cor 4,21) per
frenare tanta loro pervicacia, valendoci dell’autorità conferitaci a tal fine
da Dio: ma da questo appunto potete agevolmente comprendere quanto più
laboriosa e pressante sia resa la Nostra quotidiana sollecitudine.
Ma giunti finalmente,
secondo il costume dei Predecessori, a prendere nella Nostra Basilica
Lateranense quel possesso che per le citate ragioni avevamo dovuto differire,
troncato ogni indugio Ci rivolgiamo sollecitamente a voi, Venerabili Fratelli,
e quale testimonianza della Nostra volontà vi indirizziamo questa Lettera fra
l’esultanza di questo giorno lietissimo, in cui festeggiamo il trionfo della
Vergine Assunta in Cielo, onde Ella, che fra le più dolorose calamità Noi
sperimentammo sempre Avvocata e Liberatrice, tale pure Ci assista propizia
nello scrivere a voi, e con la sua celeste ispirazione fecondi la Nostra mente
di quei consigli che siano sommamente salutari per il gregge cristiano.
Dolenti invero, e col cuore
sopraffatto dall’amarezza, veniamo a voi, Venerabili Fratelli, che, atteso il
vostro zelo ed il vostro attaccamento alla Religione, ben sappiamo essere
sommamente angustiati per l’acerbità dei tempi in cui essa versa miseramente,
poiché davvero potremmo dire che questa è l’ora delle tenebre per vagliare come
grano i figli di elezione (Lc 22,53). A ragione si può ripetere con Isaia:
"Pianse, e la terra avvelenata dai suoi abitanti scomparve, perché avevano
mutato il diritto, avevano rotto il patto sempiterno" (Is 24,5).
Venerabili Fratelli, diciamo
cose che voi pure avete di continuo sotto i vostri occhi e che deploriamo
perciò con pianto comune. Superba tripudia la disonestà, insolente è la
scienza, licenziosa la sfrontatezza. Viene disprezzata la santità delle cose sacre:
e l’augusta maestà del culto divino, che pur tanto possiede di forza e di
necessità sul cuore umano, viene indegnamente contaminata da uomini ribaldi,
riprovata, messa a ludibrio. Quindi si stravolge e perverte la sana dottrina,
ed errori d’ogni genere si disseminano audacemente. Non leggi sacre, non
diritti, non istituzioni, non discipline, anche le più sante, sono al sicuro di
fronte all’ardire di costoro, che solo eruttano malvagità dalla sozza loro
bocca. Bersaglio di incessanti, durissime vessazioni è fatta questa Nostra
Romana Sede del Beatissimo Pietro, nella quale Gesù Cristo stabilì la base
della Chiesa; i vincoli dell’unità di giorno in giorno maggiormente
s’indeboliscono e si sciolgono. La divina autorità della Chiesa viene
contestata e, calpestati i suoi diritti, si vuole assoggettarla a ragioni
terrene; con suprema ingiustizia si vuole renderla odiosa ai popoli e ridurla
ad ignominiosa servitù. Intanto s’infrange l’obbedienza dovuta ai Vescovi, e
viene conculcata la loro autorità. Le Accademie e le Scuole echeggiano
orribilmente di mostruose novità di opinioni, con le quali non più segretamente
e per vie sotterranee si attacca la Fede cattolica, ma scopertamente e sotto
gli occhi di tutti le si muove un’orribile e nefanda guerra. Infatti, corrotti
gli animi dei giovani allievi per gl’insegnamenti viziosi e per i pravi esempi
dei Precettori, si sono dilatati ampiamente il guasto della Religione ed il
funestissimo pervertimento dei costumi. Scosso per tal maniera il freno della
santissima Religione, che è la sola sopra cui si reggono saldi i Regni e si
mantengono ferme la forza e l’autorità di ogni dominazione, si vedono aumentare
la sovversione dell’ordine pubblico, la decadenza dei Principati e il
disfacimento di ogni legittima potestà. Ma una congerie così enorme di
disavventure si deve in particolare attribuire alla cospirazione di quelle
Società nelle quali sembra essersi raccolto, come in sozza sentina, quanto v’ha
di sacrilego, di abominevole e di empio nelle eresie e nelle sette più scellerate.
Queste cose, Venerabili
Fratelli, ed altre forse più gravi che al presente sarebbe troppo lungo
annoverare e che voi ben conoscete Ci addolorano, di un dolore tanto più acerbo
e continuo in quanto, posti sulla cattedra del Principe degli Apostoli, Ci sentiamo
obbligati a tormentarci più di ogni altro dallo zelo per tutta la Casa di Dio.
Ma scorgendoci collocati in una sede ove non basta piangere soltanto queste
innumerabili sciagure, ma occorre compiere ogni sforzo per procurarne
l’estirpamento, ricorriamo a tal fine al sussidio della vostra Fede, ed
eccitiamo la vostra sollecitudine per la salvezza del gregge cattolico,
Venerabili Fratelli, la cui specchiata virtù, religione, prudenza ed assiduità
Ci danno coraggio, ed in mezzo all’afflizione che Ci cagionano circostanze così
disastrose, dolcemente Ci confortano e consolano. È Nostro obbligo, infatti,
alzare la voce e tentare ogni prova, perché né il cinghiale della selva devasti
la vigna, né i lupi rapaci piombino a fare strage del gregge. A Noi spetta
guidare le pecore soltanto a quei pascoli che siano per esse salubri, e scevri
d’ogni anche lieve sospetto d’essere dannosi. Dio non voglia, o carissimi, che
mentre premono tanti mali e tanti pericoli sovrastano, manchino al proprio
ufficio i Pastori che, colpiti da sbigottimento, trascurino le pecore o,
deposta la cura del gregge, si abbandonino all’ozio ed alla pigrizia. Trattiamo
anzi, perciò, nell’unità dello spirito la comune causa Nostra, o per meglio
dire la causa di Dio, e contro i comuni nemici si abbiano per la salute di
tutto il popolo la medesima vigilanza in tutti e il medesimo impegno.
Ciò poi adempirete
felicemente se, come esige la ragione del vostro incarico, attenderete
indefessamente a voi stessi e alla dottrina, richiamando spesso al pensiero che
"la Chiesa Universale riceve l’urto di ogni novità" (S. CELESTINO
papa, Ep. 21 ad Episc. Galliae) e che, secondo il parere del Pontefice
Sant’Agatone, "delle cose che furono regolarmente definite, nessuna
dovessi diminuire, nessuna mutare, nessuna aggiungere, ma tali esse debbono
essere custodite intatte nelle parole e nei significati" (S. AGATONE papa,
Ep. ad Imp). Integra rimarrà così la fermezza di quella unità che ha il proprio
fondamento e si esprime in questa Cattedra di Pietro, donde appunto derivano su
tutte le Chiese i diritti della veneranda comunione e dove tutte "possono
rinvenire muro di difesa e sicurezza, porto protetto dai flutti e tesoro
d’innumerevoli beni" (S. INNOCENZO papa, Ep. II). A rintuzzare pertanto la
temerità di coloro i quali adoperano tutti i mezzi o per abbattere i diritti di
questa Santa Sede, o per sciogliere il rapporto delle Chiese con la stessa
(rapporto in forza del quale esse hanno fermezza, solidità e vigore), inculcate
il massimo impegno di fedeltà e di venerazione sincera verso la stessa Sede,
facendo chiaramente intendere con San Cipriano che "falsamente confida di
essere nella Chiesa chi abbandona la Cattedra di Pietro, sopra la quale è
fondata la Chiesa" (San CIPRIANO, De unitate Ecclesiae).
A tale obiettivo debbono
perciò tendere i vostri travagli, le vostre cure sollecite e l’assidua vostra
vigilanza, affinché gelosamente sia custodito il santo deposito della Fede in
mezzo all’infernale cospirazione degli empi, che con Nostro estremo cordoglio
vediamo intenta a derubarlo e a perderlo. Si ricordino tutti che il giudizio
intorno alla sana dottrina da insegnare ai popoli, non meno che il governo ed
il giurisdizionale reggimento della Chiesa sono presso il Romano Pontefice,
"a cui fu conferita da Gesù Cristo la piena potestà di pascere, reggere e
governare la Chiesa universale" (CONC. FLOR., sess. 25) come dichiararono
solennemente i Padri del Concilio di Firenze . È poi obbligo di ogni Vescovo
tenersi fedelissimamente attaccato alla cattedra di Pietro, custodire
santamente e scrupolosamente il deposito della Fede, e pascere il gregge di Dio
affidatogli. I Sacerdoti debbono stare soggetti ai Vescovi i quali, avverte San
Girolamo (S. GIROLAMO, Ep. 2 ad Nepot. a. I, 24), devono essere considerati
dagli stessi come "padri della loro anima": né si dimentichino mai
che anche dagli antichi Canoni è loro vietato d’intraprendere azione alcuna nel
sacro Ministero, e di assumersi l’ufficio d’insegnare e di predicare
"senza il consenso del Vescovo a cui il popolo fu affidato ed al quale si
domanderà conto delle anime"(Ex can. ap. 38). Infine si tenga presente
quale regola certa e sicura che tutti coloro che osassero macchinare qualche
cosa contro questo ordine così stabilito perturberebbero lo stato della Chiesa.
Sarebbe poi cosa troppo
nefanda ed assolutamente aliena da quell’affetto di venerazione con cui si
debbono rispettare le leggi della Chiesa, il lasciarsi trasportare da
forsennata mania di opinare a capriccio, permettendo a qualcuno di
disapprovare, o di accusare come contraria a certi principi di diritto di
natura, o di dire manchevole e imperfetta e dipendente dalla civile autorità
quella sacra disciplina che la Chiesa fissò per l’esercizio del culto divino,
per la direzione dei costumi, per la prescrizione dei suoi diritti, e per il
gerarchico regolamento dei suoi Ministri.
Essendo inoltre massima
irrefragabile, per valerci delle parole dei Padri Tridentini, che "la
Chiesa fu erudita da Gesù Cristo e dai suoi Apostoli, e che viene ammaestrata
dallo Spirito Santo, il quale di giorno in giorno le suggerisce ogni
verità" , appare chiaramente assurdo ed oltremodo ingiurioso per la Chiesa
proporsi una certa "restaurazione e rigenerazione", come necessaria
per provvedere alla sua salvezza ed al suo incremento, quasi che la si potesse
ritenere soggetta a difetto, o ad oscuramento o ad altri inconvenienti di simil
genere: tutte macchinazioni e trame dirette dai novatori al malaugurato loro
fine di gettare le "fondamenta di un recente umano stabilimento" onde
avvenga quello che era tanto condannato da San Cipriano, "che la Chiesa
divenisse cosa umana" (S. CIPRIANO, Ep. 52), quando, al contrario, è cosa
tutta divina . Ma coloro che vanno meditando siffatti disegni considerino che
per testimonianza di San Leone, al solo Romano Pontefice "è affidata la
disciplina dei Canoni" e che a lui solo appartiene, e non a privato uomo
chicchessia, i1 definire sulle regole "delle paterne sanzioni", e,
come scrive San Gelasio (S. GELASIO, papa, Ep. ad Episcopum Lucaniae)
"bilanciare in tal maniera i decreti dei Canoni e commisurare in tal modo
i precetti dei Predecessori: dopo diligenti riflessioni si dia un conveniente
temperamento a quelle cose che la necessità dei tempi richiede di dover
moderare prudentemente per il bene delle Chiese".
E qui vogliamo eccitare
sempre più la vostra costanza a favore della Religione, affinché vi opponiate
all’immonda congiura contro il celibato clericale: congiura che, come sapete,
si accende ogni dì più estesamente, unendo ai tentativi dei più sciagurati filosofi
dell’età nostra anche alcuni dello stesso ceto ecclesiastico: di persone che,
dimentiche della loro dignità e del loro ministero, trascinate dal lusinghiero
torrente delle voluttà, proruppero in tale eccesso di licenziosa impudenza che
non ristettero dal presentare in più luoghi pubbliche reiterate domande ai
Governi, onde venisse abrogato ed annientato questo santissimo punto di
disciplina. Ma troppo C’incresce di trattenervi lungamente sopra questi turpi
attentati, e piuttosto con fiducia incarichiamo la religione vostra affinché
impieghiate ogni vostro zelo per mantenere sempre, secondo quanto prescritto
dai Sacri Canoni, intatta, custodita, ferma e difesa una legge di tanto
rilievo, contro la quale da ogni parte si scagliano gli strali degli impudichi.
Inoltre, l’onorando
matrimonio dei Cristiani esige le Nostre comuni premure affinché in esso,
chiamato da San Paolo "Sacramento grande in Cristo e nella Chiesa"
(Eb 13,4), nulla s’introduca o si tenti introdurre di meno onesto che sia
contrario alla sua santità o leda l’indissolubilità del suo vincolo. Vi aveva
già raccomandato insistentemente questo nelle sue lettere il Nostro
Predecessore Pio VIII di felice memoria: ma continuano a moltiplicarsi tuttavia
contro di esso gli attentati dell’empietà. È perciò necessario istruire
accuratamente i popoli che il matrimonio, una volta legittimamente contratto,
non può più sciogliersi, e che Dio ha ingiunto ai coniugati una perpetua unione
di vita ed un tal legame che solo con la morte può rompersi. Rammentando che il
matrimonio si annovera fra le cose sacre, e che per questo è soggetto alla
Chiesa, essi abbiano di continuo presenti le leggi da questa stabilite in
materia, e quelle adempiano santamente ed esattamente come prescrizioni, dalla
cui osservanza fedele dipendono la forza, la validità e la giustizia del
medesimo. Si astenga ognuno dal commettere per qualsivoglia motivo atti che
siano contrari alle canoniche disposizioni e ai decreti dei Concilii che lo
riguardano, ben conoscendosi che esito infelicissimo sogliono avere quei
matrimoni che o contro la disciplina della Chiesa o senza che sia stata
implorata prima la benedizione del Cielo, o per solo bollore di cieca passione
vengono celebrati senza che gli sposi si prendano alcun pensiero della santità
del Sacramento e dei misteri che vi si nascondono.
Veniamo ora ad un’altra
sorgente trabocchevole dei mali, da cui piangiamo afflitta presentemente la
Chiesa: vogliamo dire l’indifferentismo, ossia quella perversa opinione che per
fraudolenta opera degl’increduli si dilatò in ogni parte, e secondo la quale si
possa in qualunque professione di Fede conseguire l’eterna salvezza dell’anima
se i costumi si conformano alla norma del retto e dell’onesto. Ma a voi non
sarà malagevole cosa allontanare dai popoli affidati alla vostra cura un errore
così pestilenziale intorno ad una cosa chiara ed evidentissima, senza
contrasto. Poiché è affermato dall’Apostolo che esiste "un solo Iddio, una
sola Fede, un solo Battesimo" (Ef 4,5), temano coloro i quali sognano che
veleggiando sotto bandiera di qualunque Religione possa egualmente approdarsi
al porto dell’eterna felicità, e considerino che per testimonianza dello stesso
Salvatore "essi sono contro Cristo, perché non sono con Cristo" (Lc
11,23), e che sventuratamente disperdono solo perché con lui non raccolgono;
quindi "senza dubbio periranno in eterno se non tengono la Fede cattolica,
e questa non conservino intera ed inviolata" (Symbol. S. Athanasii).
Ascoltino San Girolamo il quale – trovandosi la Chiesa divisa in tre parti a
causa dello scisma – racconta che, tenace come egli era del santo proposito,
quando qualcuno cercava di attirarlo al suo partito, egli rispondeva
costantemente ad alta voce: "Chi sta unito alla Cattedra di Pietro, quegli
è mio" (S. GIROLAMO, Ep. 58). A torto poi qualcuno, fra coloro che alla
Chiesa non sono congiunti, oserebbe trarre ragione di tranquillizzante lusinga
per essere anche lui rigenerato nell’acqua di salute; poiché gli risponderebbe
opportunamente Sant’Agostino: "Anche il ramoscello reciso dalla vite ha la
stessa forma, ma che gli giova la forma se non vive della radice?"(S.
AGOSTINO, Salmo contro part. Donat).
Da questa corrottissima
sorgente dell’indifferentismo scaturisce quell’assurda ed erronea sentenza, o
piuttosto delirio, che si debba ammettere e garantire a ciascuno la libertà di
coscienza: errore velenosissimo, a cui apre il sentiero quella piena e smodata
libertà di opinione che va sempre aumentando a danno della Chiesa e dello
Stato, non mancando chi osa vantare con impudenza sfrontata provenire da
siffatta licenza qualche vantaggio alla Religione. "Ma qual morte peggiore
può darsi all’anima della libertà dell’errore?" esclamava Sant’Agostino (Ep.
166). Tolto infatti ogni freno che tenga nelle vie della verità gli uomini già
diretti al precipizio per la natura inclinata al male, potremmo dire con verità
essersi aperto il "pozzo d’abisso" (Ap 9,3), dal quale San Giovanni
vide salire tal fumo che il sole ne rimase oscurato, uscendone locuste
innumerabili a devastare la terra. Conseguentemente si determina il cambiamento
degli spiriti, la depravazione della gioventù, il disprezzo nel popolo delle
cose sacre e delle leggi più sante: in una parola, la peste della società più
di ogni altra esiziale, mentre l’esperienza di tutti i secoli, fin dalla più
remota antichità, dimostra luminosamente che città fiorentissime per opulenza,
potere e gloria per questo solo disordine, cioè per una eccessiva libertà di
opinioni, per la licenza delle conventicole, per la smania di novità andarono infelicemente
in rovina.
A questo fine è diretta
quella pessima, né mai abbastanza esecrata ed aborrita "libertà della
stampa" nel divulgare scritti di qualunque genere; libertà che taluni
osano invocare e promuovere con tanto clamore. Inorridiamo, Venerabili
Fratelli, nell’osservare quale stravaganza di dottrine ci opprime o, piuttosto,
quale portentosa mostruosità di errori si spargono e disseminano per ogni dove
con quella sterminata moltitudine di libri, di opuscoli e di scritti, piccoli
certamente di mole, ma grandissimi per malizia, dai quali vediamo con le
lacrime agli occhi uscire la maledizione ad inondare tutta la faccia della
terra. Eppure (ahi, doloroso riflesso!) vi sono taluni che giungono alla
sfrontatezza di asserire con insultante protervia che questo inondamento di
errori è più che abbondantemente compensato da qualche opera che in mezzo a
tanta tempesta di pravità si mette in luce per difesa della Religione e della
verità. Nefanda cosa è certamente, e da ogni legge riprovata, compiere a bella
posta un male certo e più grave, perché vi è lusinga di poterne trarre qualche
bene. Ma potrà mai dirsi da chi sia sano di mente che si debba liberamente ed
in pubblico spargere, vendere, trasportare, anzi tracannare ancora il veleno,
perché esiste un certo rimedio, usando il quale avviene che qualcuno scampa
alla morte?
Ma assai ben diverso fu il
sistema adoperato dalla Chiesa per sterminare la peste dei libri cattivi fin
dall’età degli Apostoli, i quali, come leggiamo, hanno consegnato alle fiamme
pubblicamente grande quantità di tali libri (At 19,19). Basti leggere le
disposizioni date a tale proposito nel Concilio Lateranense V, e la
Costituzione che pubblicò Leone X di felice memoria, Nostro Predecessore,
appunto perché "quella stampa che fu salutarmente scoperta per l’aumento
della Fede e per la propagazione delle buone arti, non venisse rivolta a fini
contrari e recasse danno e pregiudizio alla salute dei fedeli di Cristo" (Act.
Conc. Lateran. V, sess. 10). Ciò stette parimenti a cuore dei Padri Tridentini
al punto che per applicare opportuno rimedio ad un inconveniente così dannoso,
emisero quell’utilissimo decreto sulla formazione dell’Indice dei libri nei
quali fossero contenute malsane dottrine (CONC. TRID., sess. 18 e 25). Clemente
XIII, Nostro Predecessore di felice memoria, nella sua enciclica sulla
proscrizione dei libri nocivi afferma che "si deve lottare accanitamente,
come richiede la circostanza stessa, con tutte le forze, al fine di estirpare
la mortifera peste dei libri; non potrà infatti essere eliminata la materia
dell’errore fino a quando gli elementi impuri di pravità non periscano
bruciati" (Christianae reipublicae, 25 novembre 1766). Pertanto, per tale
costante sollecitudine con la quale in tutti i tempi questa Sede Apostolica si
adoperò sempre di condannare i libri pravi e sospetti, e di strapparli di mano
ai fedeli, si rende assai palese quanto falsa, temeraria ed oltraggiosa alla
stessa Sede Apostolica, nonché foriera di sommi mali per il popolo cristiano
sia la dottrina di coloro i quali non solo rigettano come grave ed
eccessivamente onerosa la censura dei libri, ma giungono a tal punto di
malignità che la dichiarano perfino aborrente dai principi del retto diritto e
osano negare alla Chiesa l’autorità di ordinarla e di eseguirla.
Avendo poi rilevato da
parecchi scritti che circolano fra le mani di tutti propagarsi certe dottrine
tendenti a far crollare la fedeltà e la sommissione dovuta ai Principi, e ad
accendere ovunque le torce della guerra, vi esortiamo ad essere sommamente
guardinghi, affinché i popoli, a seguito di tale seduzione, non si lascino
miseramente rimuovere dal diritto sentiero. Riflettano tutti che, secondo
l’ammonimento dell’Apostolo, "non vi è potere se non da Dio, e le cose che
sono furono ordinate da Dio. Perciò chi resiste al potere, resiste
all’ordinamento di Dio, e coloro che resistono si procurano da se stessi la
condanna" (Rm 3,2). Il divino e l’umano diritto gridano contro coloro i
quali, con infamissime trame e con macchinazioni di ostilità e di sedizioni
impiegano i loro sforzi nel mancare di fede ai Principi, ed a cacciarli dal
trono.
Fu appunto per non
contaminarsi di tanto obbrobrioso delitto che gli antichi Cristiani, pur nel
bollore delle persecuzioni, sempre bene meritarono degl’Imperatori e della
salvezza dell’Impero, adoperandosi con fedeltà nell’adempiere esattamente e
prontamente quanto veniva loro comandato che non fosse contrario alla
Religione: impegnandosi con costanza ed anche con il sangue abbondantemente
sparso in battaglie per essi. "I soldati cristiani – afferma Sant’Agostino
– servirono l’Imperatore infedele; quando si toccava la causa di Cristo, non
conoscevano che Colui che è nei Cieli. Distinguevano il Signore eterno dal
Signore temporale, tuttavia proprio per il Signore eterno ubbidivano quali
sudditi anche al Signore terreno" (Salmo 124, n. 7). Tali argomenti aveva
sotto gli occhi l’invitto martire San Maurizio, capo della Legione Tebana,
allorché – come riferisce Sant’Eucherio – così rispose all’Imperatore:
"Imperatore, noi siamo tuoi soldati, però siamo al tempo stesso servi di
Dio, e lo confessiamo liberamente... Eppure, neanche questa stessa dura
necessità di serbare la vita ci spinge alla ribellione: ecco, abbiamo le armi,
eppure non facciamo resistenza, perché reputiamo sorte migliore il morire che
l’uccidere" (S. EUCHERIO, apud Ruinart, Act. SS. MM. de SS. Maurit. et
Soc., n. 4). Tale fedeltà degli antichi Cristiani verso i loro Principi
risplende anche più luminosa se si riflette con Tertulliano che a quei tempi
"non mancava ai Cristiani gran numero di armi e di armati se avessero
voluto farla da nemici dichiarati. Siamo usciti da poco all’esterno, egli dice
agli Imperatori, e già abbiamo riempito ogni vostro luogo, le città, le isole,
i castelli, i municipi, le adunanze, gli accampamenti stessi, le tribù, le
curie, il palazzo, il senato, il foro... A qual guerra non saremmo stati idonei
e pronti, quando pure fossimo inferiori di numero, noi che ci lasciamo
trucidare tanto volonterosamente, se dalla nostra disciplina non fosse permesso
più il lasciarsi uccidere che l’uccidere? Se tanta moltitudine di persone,
quale noi siamo, allontanandosi da voi, si fosse rifugiata in qualche
remotissimo angolo dell’orbe, avrebbe certamente recato vergogna alla vostra
potenza la perdita di tanti cittadini, quali che fossero; anzi l’avrebbe punita
con lo stesso abbandono. Senza dubbio vi sareste sbigottiti di fronte a tale
solitudine... e avreste cercato a chi poter comandare: vi sarebbero rimasti più
nemici che cittadini, mentre ora avete minor numero di nemici, tenuto conto
della moltitudine dei Cristiani" (TERTULLIANO, Apologet., cap. 37).
Esempi così luminosi
d’inalterabile sommissione ai Principi, che necessariamente derivavano dai
santissimi precetti della Religione Cristiana, condannano altamente la
detestabile insolenza e slealtà di coloro che, accesi dall’insana e sfrenata
brama di una libertà senza ritegno, sono totalmente rivolti a manomettere, anzi
a svellere qualunque diritto del Principato, onde poscia recare ai popoli,
sotto colore di libertà, il più duro servaggio. A questo scopo per verità
cospirarono gli scellerati deliri e i disegni dei Valdesi, dei Beguardi, dei
Wiclefiti e di altri simili figli di Belial, che furono l’ignominia e la feccia
dell’uman genere, meritamente perciò tante volte colpiti dagli anatemi di
questa Sede Apostolica. Né certamente per altro motivo codesti pensatori
moderni sviluppano le loro forze, se non perché possano menar festa e trionfo
con Lutero, e compiacersi con lui di "essere liberi da tutti", disposti
perciò decisamente ad accingersi a qualunque più riprovevole impresa per
giungere con più facilità e speditezza a conseguire l’intento.
Né più lieti successi
potremmo presagire per la Religione ed il Principato dai voti di coloro che
vorrebbero vedere separata la Chiesa dal Regno, e troncata la mutua concordia
dell’Impero col Sacerdozio. È troppo chiaro che dagli amatori d’una impudentissima
libertà si teme quella concordia che fu sempre fausta e salutare al governo
sacro e civile.
Ma a tante e così amare
cause che Ci tengono solleciti e nel comune pericolo Ci crucciano con dolore
singolare, si unirono certe associazioni e determinate aggregazioni nelle
quali, fatta lega con gente d’ogni religione, anche falsa e di estraneo culto,
si predica libertà d’ogni genere, si suscitano turbolenze contro il sacro e il
civile potere, e si conculca ogni più veneranda autorità, sotto lo specioso
pretesto di pietà e di attaccamento alla religione, ma con mira in fatto di
promuovere ovunque novità e sedizioni.
Queste cose, Venerabili
Fratelli, con animo dolentissimo, ma pieni di fiducia in Colui che comanda ai
venti e porta la tranquillità, vi abbiamo scritto affinché, impugnato lo scudo
della Fede, seguitiate animosi a combattere le battaglie del Signore. A voi
sopra ogni altro compete stare qual muro saldo di fronte ad ogni superba
potenza che si voglia alzare contro la scienza di Dio. Da voi si brandisca la
spada dello Spirito, che è la parola di Dio, e siano da voi provveduti di pane
coloro che hanno fame di giustizia. Chiamati ad essere coltivatori industriosi
nella vigna del Signore, occupatevi di questo solo, e a questo solo volgete le
comuni vostre fatiche: cioè che ogni radice di amarezza sia divelta dal campo a
voi assegnato e, spento ogni seme vizioso, cresca in esso, abbondante e
rigogliosa, la messe delle virtù. Abbracciando con paterno affetto coloro che
si applicano agli studi filosofici, e più ancora alle sacre discipline,
inculcate loro premurosamente che si guardino dal fidarsi delle sole forze del
proprio ingegno per non lasciare il sentiero della verità e prendere
imprudentemente quello degli empi. Si ricordino che Dio "è il duce della
sapienza e il perfezionatore dei sapienti" (Sap 7,15), e che non può mai
avvenire che senza Dio conosciamo Dio, il quale per mezzo del Verbo insegna
agli uomini a conoscere Dio (S. IRENEO, lib. 14, cap. 10). È proprio del
superbo, o piuttosto dello stolto, il volere pesare sulle umane bilance i
misteri della Fede, che superano ogni nostra possibilità, e fidare sulla
ragione della nostra mente, che per la condizione stessa della umana natura è
troppo fiacca e malata.
Per il resto, i Nostri
carissimi figli in Cristo, i Principi, assecondino questi comuni voti – per il
bene della Chiesa e dello Stato – con il loro aiuto e con quell’autorità che
devono considerare conferita loro non solo per il governo delle cose terrene,
ma in modo speciale per sostenere la Chiesa. Riflettano diligentemente su
quanto deve essere fatto per la tranquillità dei loro Imperi e per la salvezza
della Chiesa; si persuadano anzi che devono avere più a cuore la causa della
Fede che quella del Regno, come ripetiamo con il Pontefice San Leone: "Al
loro diadema per mano del Signore si aggiunga anche la corona della Fede".
Posti quasi come padri e tutori dei popoli, procureranno a questi quiete e
tranquillità vera, costante e doviziosa, particolarmente se si adopreranno a
far fiorire tra essi la Religione e la pietà verso Dio, il quale porta scritto
nel femore: "Re dei Re, e Signore dei Signori".
Ma per impetrare successi
così prosperi e felici, solleviamo supplichevoli gli sguardi e le mani verso la
Santissima Vergine Maria, la quale sola vinse tutte le eresie, ed è la massima
Nostra fiducia, anzi la ragione tutta della Nostra speranza . Ella, la grande
Avvocata, col suo patrocinio, in mezzo a tanti bisogni del gregge cristiano,
implori benigna un esito fortunatissimo a favore dei Nostri propositi, sforzi
ed azioni. Tanto con umile preghiera domandiamo ancora al Principe degli
Apostoli San Pietro e al suo Co-Apostolo San Paolo, affinché rimaniate tutti
saldi come solido muro, e non si ponga altro fondamento diverso da quello che
fu già posto. Animati da questa serena speranza, confidiamo che l’Autore e il
Perfezionatore della Fede Gesù Cristo consolerà finalmente noi tutti nelle
tribolazioni che troppo ci tengono bersagliati. Intanto, foriera ed àuspice del
celeste soccorso, a voi, Venerabili Fratelli, e a tutte le pecore affidate alla
vostra cura impartiamo affettuosamente l’Apostolica Benedizione.
Dato a Roma, presso Santa
Maria Maggiore, il 15 agosto, giorno solenne dell’Assunzione della Beata
Vergine Maria, dell’anno 1832, anno secondo del Nostro Pontificato.
GREGORIO PP. XVI.
Enclyclical Mirari Vos
On Liberalism and religious
indiferentism
To All Patriarchs, Primates,
Archbishops, and Bishops of the Catholic World.
Venerable Brothers, Greetings
and Apostolic Benediction.
We think that you wonder why,
from the time of Our assuming the pontificate, We have not yet sent a letter to
you as is customary and as Our benevolence for you demanded. We wanted very
much to address you by that voice by which We have been commanded, in the
person of blessed Peter, to strengthen the brethren (Lk 22.32). You know what
storms of evil and toil, at the beginning of Our pontificate, drove Us suddenly
into the depths of the sea. If the right hand of God had not given Us strength,
We would have drowned as the result of the terrible conspiracy of impious men.
The mind recoils from renewing this by enumerating so many dangers; instead We
bless the Father of consolation Who, having overthrown all enemies, snatched Us
from the present danger. When He had calmed this violent storm, He gave Us
relief from fear. At once We decided to advise you on healing the wounds of
Israel; but the mountain of concerns We needed to address in order to restore
public order delayed Us.
In the meantime We were again
delayed because of the insolent and factious men who endeavored to raise the
standard of treason. Eventually, We had to use Our God-given authority to
restrain the great obstinacy of these men with the rod.( I Cor 4.21) Before We did, their unbridled rage seemed to grow from
continued impunity and Our considerable indulgence. For these reasons Our
duties have been heavy.
But when We had assumed Our
pontificate according to the custom and institution of Our predecessors and
when all delays had been laid aside, We hastened to you. So We now present the
letter and testimony of Our good will toward you on this happy day, the feast
of the Assumption of the Virgin. Since she has been Our patron and savior amid
so many great calamities, We ask her assistance in writing to you and her
counsels for the flock of Christ.
We come to you grieving and
sorrowful because We know that you are concerned for the faith in these
difficult times. Now is truly the time in which the powers of darkness winnow
the elect like wheat.( Lk 22.53) "The earth mourns and fades away....And
the earth is infected by the inhabitants thereof, because they have
transgressed the laws, they have changed the ordinances, they have broken the
everlasting covenant."( Is 24.5)
We speak of the things which
you see with your own eyes, which We both bemoan. Depravity exults; science is
impudent; liberty, dissolute. The holiness of the sacred is despised; the
majesty of divine worship is not only disapproved by evil men, but defiled and
held up to ridicule. Hence sound doctrine is perverted and errors of all kinds
spread boldly. The laws of the sacred, the rights, institutions, and discipline
-- none are safe from the audacity of those speaking evil. Our Roman See is
harassed violently and the bonds of unity are daily loosened and severed. The
divine authority of the Church is opposed and her rights shorn off. She is
subjected to human reason and with the greatest injustice exposed to the hatred
of the people and reduced to vile servitude. The obedience due bishops is
denied and their rights are trampled underfoot. Furthermore, academies and
schools resound with new, monstrous opinions, which openly attack the Catholic
faith; this horrible and nefarious war is openly and even publicly waged. Thus,
by institutions and by the example of teachers, the minds of the youth are
corrupted and a tremendous blow is dealt to religion and the perversion of
morals is spread. So the restraints of religion are thrown off, by which alone
kingdoms stand. We see the destruction of public order, the fall of
principalities, and the overturning of all legitimate power approaching. Indeed
this great mass of calamities had its inception in the heretical societies and
sects in which all that is sacrilegious, infamous, and blasphemous has gathered
as bilge water in a ship's hold, a congealed mass of all filth.
These and many other serious
things, which at present would take too long to list, but which you know well,
cause Our intense grief. It is not enough for Us to deplore these innumerable
evils unless We strive to uproot them. We take refuge in your faith and call
upon your concern for the salvation of the Catholic flock. Your singular
prudence and diligent spirit give Us courage and console Us, afflicted as We
are with so many trials. We must raise Our voice and attempt all things lest a
wild boar from the woods should destroy the vineyard or wolves kill the flock.
It is Our duty to lead the flock only to the food which is healthful. In these
evil and dangerous times, the shepherds must never neglect their duty; they
must never be so overcome by fear that they abandon the sheep. Let them never
neglect the flock and become sluggish from idleness and apathy. Therefore,
united in spirit, let us promote our common cause, or more truly the cause of
God; let our vigilance be one and our effort united against the common enemies.
Indeed you will accomplish
this perfectly if, as the duty of your office demands, you attend to yourselves
and to doctrine and meditate on these words: "the universal Church is affected
by any and every novelty"( St. Celestine, Pope, epistle 21 to Bishop
Galliar) and the admonition of Pope Agatho: "nothing of the things
appointed ought to be diminished; nothing changed; nothing added; but they must
be preserved both as regards expression and meaning."( St. Agatho, Pope,
epistle to the emperor, apud Labb., ed. Mansi, vol. 2, p. 235) Therefore may
the unity which is built upon the See of Peter as on a sure foundation stand
firm. May it be for all a wall and a security, a safe port, and a treasury of
countless blessings.( St. Innocent, epistle 11 apud Constat) To check the
audacity of those who attempt to infringe upon the rights of this Holy See or
to sever the union of the churches with the See of Peter, instill in your
people a zealous confidence in the papacy and sincere veneration for it. As St.
Cyprian wrote: "He who abandons the See of Peter on which the Church was
founded, falsely believes himself to be a part of the Church."( St.
Cyprian, de unitate eccles)
In this you must labor and
diligently take care that the faith may be preserved amidst this great
conspiracy of impious men who attempt to tear it down and destroy it. May all
remember the judgment concerning sound doctrine with which the people are to be
instructed. Remember also that the government and administration of the whole
Church rests with the Roman Pontiff to whom, in the words of the Fathers of the
Council of Florence, "the full power of nourishing, ruling, and governing
the universal Church was given by Christ the Lord."( Council of Florence,
session 25, in definit. apud Labb., ed. Venet., vol. 18, col. 527) It is the
duty of individual bishops to cling to the See of Peter faithfully, to guard
the faith piously and religiously, and to feed their flock.
It behooves priests to be
subject to the bishops, whom "they are to look upon as the parents of
their souls," as Jerome admonishes.( St. Jerome, epistle 2 to Nepot. a. 1,
24) Nor may the priests ever forget that they are forbidden by ancient canons
to undertake ministry and to assume the tasks of teaching and preaching
"without the permission of their bishop to whom the people have been
entrusted; an accounting for the souls of the people will be demanded from the
bishop."( From canon ap. 38 apud Labb., ed Mansi, vol. 1, p. 38) Finally
let them understand that all those who struggle against this established order
disturb the position of the Church.
Furthermore, the discipline
sanctioned by the Church must never be rejected or be branded as contrary to
certain principles of natural law. It must never be called crippled, or
imperfect or subject to civil authority. In this discipline the administration
of sacred rites, standards of morality, and the reckoning of the rights of the
Church and her ministers are embraced.
To use the words of the
fathers of Trent, it is certain that the Church "was instructed by Jesus
Christ and His Apostles and that all truth was daily taught it by the
inspiration of the Holy Spirit."( Council of Trent, session 13 on the
Eucharist, prooemium ) Therefore, it is obviously absurd and injurious to
propose a certain "restoration and regeneration" for her as though
necessary for her safety and growth, as if she could be considered subject to
defect or obscuration or other misfortune. Indeed these authors of novelties
consider that a "foundation may be laid of a new human institution,"
and what Cyprian detested may come to pass, that what was a divine thing
"may become a human church."( St. Cyprian, epistle 52, ed. Baluz) Let
those who devise such plans be aware that, according to the testimony of St.
Leo, "the right to grant dispensation from the canons is given" only
to the Roman Pontiff. He alone, and no private person, can decide anything
"about the rules of the Church Fathers." As St. Gelasius writes:
"It is the papal responsibility to keep the canonical decrees in their
place and to evaluate the precepts of previous popes so that when the times
demand relaxation in order to rejuvenate the churches, they may be adjusted
after diligent consideration."( St. Gelasius, Pope, in epistle to the
bishop of Lucaniae)
Now, however, We want you to
rally to combat the abominable conspiracy against clerical celibacy. This conspiracy spreads daily and is promoted
by profligate philosophers, some even from the clerical order. They have
forgotten their person and office, and have been carried away by the
enticements of pleasure. They have even dared to make repeated public demands
to the princes for the abolition of that most holy discipline. But it is
disgusting to dwell on these evil attempts at length. Rather, We ask that you
strive with all your might to justify and to defend the law of clerical
celibacy as prescribed by the sacred canons, against which the arrows of the
lascivious are directed from every side.
Now the honorable marriage of Christians, which Paul
calls "a great sacrament in Christ and the Church,"( Heb 13.4)
demands our shared concern lest anything contrary to its sanctity and indissolubility
is proposed. Our predecessor Pius VIII would recommend to you his own letters
on the subject. However, troublesome efforts against this sacrament still
continue to be made. The people therefore must be zealously taught that a
marriage rightly entered upon cannot be dissolved; for those joined in matrimony
God has ordained a perpetual companionship for life and a knot of necessity
which cannot be loosed except by death. Recalling that matrimony is a sacrament
and therefore subject to the Church, let them consider and observe the laws of
the Church concerning it. Let them take care lest for any reason they permit
that which is an obstruction to the teachings of the canons and the decrees of
the councils. They should be aware that those marriages will have an unhappy
end which are entered upon contrary to the discipline of the Church or without
God's favor or because of concupiscence alone, with no thought of the sacrament
and of the mysteries signified by it.
Now We consider another
abundant source of the evils with which the Church is afflicted at present: indifferentism. This perverse opinion
is spread on all sides by the fraud of the wicked who claim that it is
possible to obtain the eternal salvation of the soul by the profession of any
kind of religion, as long as morality is maintained. Surely, in so clear a
matter, you will drive this deadly error far from the people committed to your
care. With the admonition of the apostle that "there is one God, one
faith, one baptism"( Eph 4.5) may those fear who contrive the notion that
the safe harbor of salvation is open to persons of any religion whatever. They
should consider the testimony of Christ Himself that "those who are not
with Christ are against Him,"( Lk 11.23) and that they disperse unhappily
who do not gather with Him. Therefore "without a doubt, they will perish
forever, unless they hold the Catholic faith whole and inviolate."( Symbol
.s. Athanasius) Let them hear Jerome who, while the Church was torn into three
parts by schism, tells us that whenever someone tried to persuade him to join
his group he always exclaimed: "He who is for the See of Peter is for
me."( St. Jerome, epistle 57) A schismatic flatters himself falsely if he
asserts that he, too, has been washed in the waters of regeneration. Indeed
Augustine would reply to such a man: "The branch has the same form when it
has been cut off from the vine; but of what profit for it is the form, if it
does not live from the root?"( St. Augustine, in psalm. contra part. Donat)
This shameful font of
indifferentism gives rise to that absurd and erroneous proposition which claims
that liberty of conscience must
be maintained for everyone. It spreads ruin in sacred and civil affairs, though
some repeat over and over again with the greatest impudence that some advantage
accrues to religion from it. "But the death of the soul is worse than
freedom of error," as Augustine was wont to say.( St. Augustine, epistle
166) When all restraints are removed by which men are kept on the narrow path
of truth, their nature, which is already inclined to evil, propels them to
ruin. Then truly "the bottomless pit"( Ap 9.3) is open from which
John saw smoke ascending which obscured the sun, and out of which locusts flew
forth to devastate the earth. Thence comes transformation of minds, corruption
of youths, contempt of sacred things and holy laws -- in other words, a
pestilence more deadly to the state than any other. Experience shows, even from
earliest times, that cities renowned for wealth, dominion, and glory perished
as a result of this single evil, namely immoderate freedom of opinion, license
of free speech, and desire for novelty.
Here We must include that
harmful and never sufficiently denounced freedom to publish any writings whatever and disseminate them to
the people, which some dare to demand and promote with so great a clamor. We
are horrified to see what monstrous doctrines and prodigious errors are
disseminated far and wide in countless books, pamphlets, and other writings
which, though small in weight, are very great in malice. We are in tears at the
abuse which proceeds from them over the face of the earth. Some are so carried
away that they contentiously assert that the flock of errors arising from them
is sufficiently compensated by the publication of some book which defends
religion and truth. Every law condemns deliberately doing evil simply because
there is some hope that good may result. Is there any sane man who would say
poison ought to be distributed, sold publicly, stored, and even drunk because
some antidote is available and those who use it may be snatched from death
again and again?
The Church has always taken
action to destroy the plague of bad books. This was true even in apostolic
times for we read that the apostles themselves burned a large number of books.(
Acts 19) It may be enough to consult the laws of the fifth Council of the
Lateran on this matter and the Constitution which Leo X published afterwards
lest "that which has been discovered advantageous for the increase of the
faith and the spread of useful arts be converted to the contrary use and work
harm for the salvation of the faithful."( Acts of the Lateran Council 5,
session 10, where the constitution of Leo X is mentioned; the earlier
constitution of Alexander VI, Inter multiplices, ought to be read, in which
there are many things on this point) This also was of great concern to the
fathers of Trent, who applied a remedy against this great evil by publishing
that wholesome decree concerning the Index of books which contain false
doctrine.( Council of Trent, sessions 18 and 25) "We must fight
valiantly," Clement XIII says in an encyclical letter about the banning of
bad books, "as much as the matter itself demands and must exterminate the
deadly poison of so many books; for never will the material for error be
withdrawn, unless the criminal sources of depravity perish in flames."( Letter
of Clement XIII, Christianae, 25 November 1766) Thus it is evident that this
Holy See has always striven, throughout the ages, to condemn and to remove
suspect and harmful books. The teaching of those who reject the censure of
books as too heavy and onerous a burden causes immense harm to the Catholic
people and to this See. They are even so depraved as to affirm that it is
contrary to the principles of law, and they deny the Church the right to decree
and to maintain it.
We have learned that certain
teachings are being spread among the common people in writings which attack the
trust and submission due to princes;
the torches of treason are being lit everywhere. Care must be taken lest the
people, being deceived, are led away from the straight path. May all recall,
according to the admonition of the apostle that "there is no authority
except from God; what authority there is has been appointed by God. Therefore
he who resists authority resists the ordinances of God; and those who resist
bring on themselves condemnation."( Rom 13.2) Therefore both divine and
human laws cry out against those who strive by treason and sedition to drive
the people from confidence in their princes and force them from their
government.
And it is for this reason that
the early Christians, lest they should be stained by such great infamy deserved
well of the emperors and of the safety of the state even while persecution
raged. This they proved splendidly by their fidelity in performing perfectly
and promptly whatever they were commanded which was not opposed to their
religion, and even more by their constancy and the shedding of their blood in
battle. "Christian soldiers," says St. Augustine, "served an
infidel emperor. When the issue of Christ was raised, they acknowledged no one
but the One who is in heaven. They distinguished the eternal Lord from the
temporal lord, but were also subject to the temporal lord for the sake of the
eternal Lord."( St. Augustine in psalt. 124, n. 7) St. Mauritius, the
unconquered martyr and leader of the Theban legion had this in mind when, as
St. Eucharius reports, he answered the emperor in these words: "We are
your soldiers, Emperor, but also servants of God, and this we confess freely .
. . and now this final necessity of life has not driven us into rebellion: I
see, we are armed and we do not resist, because we wish rather to die than to
be killed."( St. Euchenius apud Ruinart. Acts of the Holy Martyrs
concerning Saint Maurius and his companions, n. 4) Indeed the faith of the
early Christians shines more brightly, if with Tertullian we consider that
since the Christians were not lacking in numbers and in troops, they could have
acted as foreign enemies. "We are but of yesterday," he says,
"yet we have filled all your cities, islands, fortresses, municipalities,
assembly places, the camps themselves, the tribes, the divisions, the palace,
the senate, the forum....For what war should we not have been fit and ready
even if unequal in forces -- we who are so glad to be cut to pieces -- were it
not, of course, that in our doctrine we would have been permitted more to be
killed rather than to kill?...If so great a multitude of people should have
deserted to some remote spot on earth, it would surely have covered your
domination with shame because of the loss of so many citizens, and it would
even have punished you by this very desertion. Without a doubt you would have
been terrified at your solitude.... You would have sought whom you might rule;
more enemies than citizens would have remained for you. Now however you have
fewer enemies because of the multitude of Christians."( Tertullian, in
apologet., chap. 37)
These beautiful examples of
the unchanging subjection to the princes necessarily proceeded from the most
holy precepts of the Christian religion. They condemn the detestable insolence
and improbity of those who, consumed with the unbridled lust for freedom, are
entirely devoted to impairing and destroying all rights of dominion while
bringing servitude to the people under the slogan of liberty. Here surely
belong the infamous and wild plans of the Waldensians, the Beghards, the
Wycliffites, and other such sons of Belial, who were the sores and disgrace of
the human race; they often received a richly deserved anathema from the Holy
See. For no other reason do experienced deceivers devote their efforts, except
so that they, along with Luther, might joyfully deem themselves "free of
all." To attain this end more easily and quickly, they undertake with
audacity any infamous plan whatever.
Nor can We predict happier
times for religion and government from the plans of those who desire vehemently
to separate the Church from the state, and to break
the mutual concord between temporal authority and the priesthood. It is certain
that that concord which always was favorable and beneficial for the sacred and
the civil order is feared by the shameless lovers of liberty.
But for the other painful
causes We are concerned about, you should recall that certain societies and assemblages
seem to draw up a battle line together with the followers of every false
religion and cult. They feign piety for religion; but they are driven by a
passion for promoting novelties and sedition everywhere. They preach liberty of
every sort; they stir up disturbances in sacred and civil affairs, and pluck
authority to pieces.
We write these things to you
with grieving mind but trusting in Him who commands the winds and makes them
still. Take up the shield of faith and fight the battles of the Lord
vigorously. You especially must stand as a wall against every height which
raises itself against the knowledge of God. Unsheath the sword of the spirit,
which is the word of God, and may those who hunger after justice receive bread
from you. Having been called so that you might be diligent cultivators in the
vineyard of the Lord, do this one thing, and labor in it together, so that
every root of bitterness may be removed from your field, all seeds of vice
destroyed, and a happy crop of virtues may take root and grow. The first to be
embraced with paternal affection are those who apply themselves to the sacred
sciences and to philosophical studies. For them may you be exhorter and
supporter, lest trusting only in their own talents and strength, they may imprudently
wander away from the path of truth onto the road of the impious. Let them
remember that God is the guide to wisdom and the director of the wise.( Wis
7.15) It is impossible to know God without God who teaches men to know Himself
by His word.( St. Irenaeus, bk. 14, chap. 10) It is the proud, or rather
foolish, men who examine the mysteries of faith which surpass all understanding
with the faculties of the human mind, and rely on human reason which by the
condition of man's nature, is weak and infirm.
May Our dear sons in Christ,
the princes, support these Our desires for the welfare of Church and State with
their resources and authority. May they understand that they received their
authority not only for the government of the world, but especially for the
defense of the Church. They should diligently consider that whatever work they
do for the welfare of the Church accrues to their rule and peace. Indeed let
them persuade themselves that they owe more to the cause of the faith than to
their kingdom. Let them consider it something very great for themselves as We
say with Pope St. Leo, "if in addition to their royal diadem the crown of
faith may be added." Placed as if they were parents and teachers of the
people, they will bring them true peace and tranquility, if they take special
care that religion and piety remain safe. God, after all, calls Himself "King
of kings and Lord of lords."
That all of this may come to
pass prosperously and happily, let Us raise Our eyes and hands to the most holy
Virgin Mary, who alone crushes all heresies, and is Our greatest reliance and
the whole reason for Our hope.( St. Bernard, serm de nat. b.M.v., sect. 7)
May she implore by her
patronage a successful outcome for Our plans and actions. Let Us humbly ask of
the Prince of the Apostles, Peter and his co-apostle Paul that all of you may
stand as a wall lest a foundation be laid other than that which has already
been laid. Relying on this happy hope, We trust that the Author and Crown of
Our faith Jesus Christ will console Us in all these Our tribulations. We
lovingly impart the apostolic benediction to you, venerable brothers, and to
the sheep committed to your care as a sign of heavenly aid.
Given in Rome at St. Mary
Major, on August 15, the feast of the Assumption of the Virgin, in the year of
Our Lord 1832, the second year of Our Pontificate.
Pope Gregory XVI
August 15, 1832
Carta Encíclica Mirari Vos
Admirados
tal vez estáis, Venerables Hermanos, porque desde que sobre Nuestra pequeñez
pesa la carga de toda la Iglesia, todavía no os hemos dirigido Nuestras Cartas
según Nos reclamaban así el amor que os tenemos como una costumbre que viene ya
de los primeros siglos. Ardiente era, en verdad, el deseo de abriros
inmediatamente Nuestro corazón, y, al comunicaros Nuestro mismo espíritu,
haceros oír aquella misma voz con la que, en la persona del beato Pedro, se Nos
mandó confirmar a nuestros hermanos.(1)
Pero
bien conocida os es la tempestad de tantos desastres y dolores que, desde el
primer tiempo de nuestro Pontificado, Nos lanzó de repente a alta mar; en la
cual, de no haber hecho prodigios la diestra del Señor, Nos hubiereis visto
sumergidos a causa de la más negra conspiración de los malvados. Nuestro ánimo rehuye
el renovar nuestros justos dolores aun sólo por el recuerdo de tantos peligros;
preferimos, pues, bendecir al Padre de toda consolación que, humillando a los
perversos, Nos libró de un inminente peligro y, calmando una tan horrenda
tormenta, Nos permitió respirar. Al momento Nos propusimos daros consejos para
sanar las llagas de Israel, pero el gran número de cuidados que pesó sobre Nos
para lograr el restablecimiento del orden público, fue causa de nueva tardanza
para nuestro propósito.
La
insolencia de los facciosos, que intentaron levantar otra vez bandera de
rebelión, fue nueva causa de silencio. Y Nos, aunque con grandísima tristeza,
nos vimos obligados a reprimir con mano dura (2) la obstinación de aquellos
hombres cuyo furor, lejos de mitigarse por una impunidad prolongada y por
nuestra benigna indulgencia, se exaltó mucho más aún; y desde entonces, como
bien podéis colegir, Nuestra preocupación cotidiana fue cada vez más laboriosa.
Mas habiendo tomado ya posesión del Pontificado en la Basílica de Letrán, según
la costumbre establecida por Nuestros mayores, lo que habíamos retrasado por
las causas predichas, sin dar lugar a más dilaciones, Nos apresuramos a
dirigiros la presente Carta, testimonio de Nuestro afecto para con vosotros, en
este gratísimo día en que celebramos la solemne fiesta de la gloriosa Asunción
de la Santísima Virgen, para que Aquella misma, que Nos fue patrona y salvadora
en las mayores calamidades, Nos sea propicia al escribiros, iluminando Nuestra
mente con celestial inspiración para daros los consejos que más saludables
puedan ser para la grey cristiana.
Tristes,
en verdad, y con muy apenado ánimo Nos dirigimos a vosotros, a quienes vemos
llenos de angustia al considerar los peligros de los tiempos que corren para la
religión que tanto amáis. Verdaderamente, pudiéramos decir que ésta es la hora
del poder de las tinieblas para cribar, como trigo, a los hijos de elección.(3)
Sí; la tierra está en duelo y perece, inficionada por la corrupción de sus
habitantes, porque han violado las leyes, han alterado el derecho, han roto la
alianza eterna. (4) Nos referimos, Venerables Hermanos, a las cosas que veis
con vuestros mismos ojos y que todos lloramos con las mismas lágrimas. Es el triunfo
de una malicia sin freno, de una ciencia sin pudor, de una disolución sin
límite. Se desprecia la santidad de las cosas sagradas; y la majestad del
divino culto, que es tan poderosa como necesaria, es censurada, profanada y
escarnecida: De ahí que se corrompa la santa doctrina y que se diseminen con
audacia errores de todo género. Ni las leyes sagradas, ni
los derechos, ni las instituciones, ni las santas enseñanzas están a salvo de
los ataques de las lenguas malvadas.
Se
combate tenazmente a la Sede de Pedro, en la que puso Cristo el fundamento de
la Iglesia, y se quebrantan y se rompen por momentos los vínculos de la unidad.
Se impugna la autoridad divina de la Iglesia y, conculcados sus derechos, se la
somete a razones terrenas, y, con suma injusticia, la hacen objeto del odio de
los pueblos reduciéndola a torpe servidumbre. Se niega la obediencia debida a
los Obispos, se les desconocen sus derechos. Universidades y escuelas resuenan
con el clamoroso estruendo de nuevas opiniones, que no ya ocultamente y con
subterfugios, sino con cruda y nefaria guerra impugnan abiertamente la fe
católica. Corrompidos los corazones de los jóvenes por la doctrina y ejemplos
de los maestros, crecieron sin medida el daño de la religión y la perversidad
de costumbres. De aquí que roto el freno de la religión santísima, por la que
solamente subsisten los reinos y se confirma el vigor de toda potestad, vemos
avanzar progresivamente la ruina del orden público, la caída de los príncipes,
y la destrucción de todo poder legítimo. Debemos buscar el origen de tantas
calamidades en la conspiración de aquellas sociedades a las que, como a una
inmensa sentina, ha venido a parar cuanto de sacrílego, subversivo y blasfemo
habían acumulado la herejía y las más perversas sectas de todos los tiempos.
Estos
males, Venerables Hermanos, y muchos otros más, quizá más graves, enumerar los
cuales ahora sería muy largo, pero que perfectamente conocéis vosotros, Nos
obligan a sentir un dolor amargo y constante, ya que, constituidos en la
Cátedra del Príncipe de los Apóstoles, preciso es que el celo de la casa de
Dios Nos consuma como a nadie. Y, al reconocer que se ha llegado a tal punto
que ya no Nos basta el deplorar tantos males, sino que hemos de esforzarnos por
remediarlos con todas nuestras fuerzas, acudimos a la ayuda de vuestra fe e
invocamos vuestra solicitud por la salvación de la grey católica, Venerables
Hermanos, porque vuestra bien conocida virtud y religiosidad, así como vuestra
singular prudencia y constante vigilancia, Nos dan nuevo ánimo, Nos consuelan y
aun Nos recrean en medio de estos tiempos tan tristes como desgarradores. Deber
Nuestro es alzar la voz y poner todos los medios para que ni el selvático
jabalí destruya la viña, ni los rapaces lobos sacrifiquen el rebaño. A Nos
pertenece el conducir las ovejas tan sólo a pastos saludables, sin mancha de
peligro alguno. No permita Dios, carísimos Hermanos, que en medio de males tan
grandes y entre tamaños peligros, falten los pastores a su deber y que, llenos
de miedo, abandonen a sus ovejas, o que, despreocupados del cuidado de su grey,
se entreguen a un perezoso descanso. Defendamos, pues, con plena unidad del
mismo espíritu, la causa que nos es común, o mejor dicho, la causa de Dios, y
mancomunemos vigilancia y esfuerzos en la lucha contra el enemigo común, en
beneficio del pueblo cristiano.
Bien
cumpliréis vuestro deber si, como lo exige vuestro oficio, vigiláis tanto sobre
vosotros como sobre vuestra doctrina, teniendo presente siempre, que toda la
Iglesia sufre con cualquier novedad,(5) y que, según consejo del pontífice San
Agatón, nada debe quitarse de cuanto ha sido definido, nada mudarse, nada
añadirse, sino que debe conservarse puro tanto en la palabra como en el
sentido.(6) Firme e inconmovible se mantendrá así la unidad, arraigada como en
su fundamento en la Cátedra de Pedro para que todos encuentren baluarte,
seguridad, puerto tranquilo y tesoro de innumerables bienes allí mismo donde
las Iglesias todas tienen la fuente de todos sus derechos.(7) Para reprimir,
pues, la audacia de aquellos que, ora intenten infringir los derechos de esta
Sede, ora romper la unión de las Iglesias con la misma, en la que solamente se
apoyan y vigorizan, es preciso inculcar un profundo sentimiento de sincera
confianza y veneración hacia ella, clamando con San Cipriano, que en vano
alardea de estar en la Iglesia el que abandona la Cátedra de Pedro, sobre la
cual está fundada la Iglesia.(8)
Debéis,
pues, trabajar y vigilar asiduamente para guardar el depósito de la fe,
precisamente en medio de esa conspiración de impíos, cuyos esfuerzos para
saquearlo y arruinarlo contemplamos con dolor. Tengan todos presente que el
juzgar de la sana doctrina, que los pueblos han de creer, y el regimen y
administración de la Iglesia universal toca al Romano Pontífice, a quien Cristo
le dio plena potestad de apacentar, regir y gobernar la Iglesia universal,
según enseñaron los Padres del Concilio de Florencia.(9) Por lo tanto, cada
Obispo debe adherirse fielmente a la Cátedra de Pedro, guardar santa y
religiosamente el depósito de la santa fe y gobernar el rebaño de Dios que le
haya sido encomendado. Los presbíteros estén sujetos a los Obispos,
considerándolos, según aconseja San Jerónimo, como padre de sus almas;(10) y
jamás olviden que aun la legislación más antigua les prohíbe desempeñar
ministerio alguno, enseñar y predicar sin licencia del Obispo, a cuyo cuidado
se ha encomendado el pueblo, y a quien se pedirá razón de las almas.(11)
Finalmente téngase como cierto e inmutable que todos cuantos intenten algo
contra este orden establecido perturban, bajo su responsabilidad, el estado de
la Iglesia.
Reprobable, sería,
en verdad, y muy ajeno a la veneración con que deben recibirse las leyes de la
Iglesia, condenar por un afán caprichoso de opiniones cualesquiera, la
disciplina por ella sancionada y que abarca la administración de las cosas
sagradas, la regla de las costumbres, y los derechos de la Iglesia y de sus
ministros, o censurarla como opuesta a determinados principios del derecho
natural o presentarla como defectuosa o imperfecta, y sometida al poder civil.
En efecto,
constando, según el testimonio de los Padres de Trento,(12) que la Iglesia
recibió su doctrina de Cristo Jesús y de sus Apóstoles, que es enseñada por el
Espíritu Santo, que sin cesar la sugiere toda verdad, es completamente absurdo
e injurioso en alto grado el decir que sea necesaria cierta restauración y
regeneración para volverla a su incolumidad primitiva, dándola nueva vigor,
como si pudiera ni pensarse siquiera que la Iglesia está sujeta a defecto, a
ignorancia o a cualesquier otras imperfecciones. Con cuyo intento pretenden los
innovadores echar los fundamentos de una institución humana moderna, para así
lograr aquello que tanto horrorizaba a San Cipriano, esto es, que la Iglesia,
que es cosa divina, se haga cosa humana.(13) Piensen pues, los que tal
pretenden que sólo al Romano Pontífice, como atestigua San León, ha sido
confiada la constitución de los cánones; y que a él solo compete, y no a otro,
juzgar acerca de los antiguos decretos, o como dice San Gelasio: Pesar los
decretos de los cánones, medir los preceptos de sus antecesores para atemperar,
después de un maduro examen, los que hubieran de ser modificados, atendiendo a
los tiempos y al interés de las Iglesias.(14)
Queremos
ahora Nos excitar vuestro gran celo por la religión contra la vergonzosa liga
que, en daño del celibato clerical, sabéis cómo crece por momentos, porque
hacen coro a los falsos filósofos de nuestro siglo algunos eclesiásticos que,
olvidando su dignidad y estado y arrastrados por ansia de placer, a tal
licencia han llegado que en algunos lugares se atreven a pedir, tan pública
como repetidamente, a los Príncipes que supriman semejante imposición
disciplinaria. Rubor causa el hablar tan largamente de intentos tan torpes; y
fiados en vuestra piedad, os recomendamos que pongáis todo vuestro empeño en
guardar, reivindicar y defender íntegra e inquebrantable, según está mandado en
los cánones, esa ley tan importante, contra la que se dirigen de todas partes
los dardos de los libertinos.
Aquella
santa unión de los cristianos, llamada por el Apóstol sacramento grande en
Cristo y en la Iglesia,(15) reclama también toda nuestra solicitud, por parte
de todos, para impedir que, por ideas poco exactas, se diga o se intente algo
contra la santidad, o contra la indisolubilidad del vínculo conyugal. Esto
mismo ya os lo recordó Nuestro predecesor Pío VIII, de s. m., con no poca
insistencia, en sus Cartas. Pero aun continúan aumentando los ataques adversarios.
Se debe, pues, enseñar a los pueblos que el matrimonio, una vez constituido
legítimamente, no puede ya disolverse, y que los unidos por el matrimonio
forman, por voluntad de Dios, una perpetua sociedad con vínculos tan estrechos
que sólo la muerte los puede disolver. Tengan presente los fieles que el
matrimonio es cosa sagrada, y que por ello está sujeto a la Iglesia; tengan
ante sus ojos las leyes que sobre él ha dictado la Iglesia; obedézcanlas santa
y escrupulosamente, pues de cumplirlas depende la eficacia, fuerza y justicia
de la unión. No admitan en modo alguno lo que se oponga a los sagrados cánones
o a los decretos de los Concilios y conozcan bien el mal resultado que
necesariamente han de tener las uniones hechas contra la disciplina de la Iglesia,
sin implorar la protección divina o por sola liviandad, cuando los esposos no
piensan en el sacramento y en los misterios por él significados.
Otra causa
que ha producido muchos de los males que afligen a la iglesia es el
indiferentismo, o sea, aquella perversa teoría extendida por doquier, merced a
los engaños de los impíos, y que enseña que puede conseguirse la vida eterna en
cualquier religión, con tal que haya rectitud y honradez en las costumbres.
Fácilmente en materia tan clara como evidente, podéis extirpar de vuestra grey
error tan execrable. Si dice el Apóstol que hay un solo Dios, una sola fe, un
solo bautismo, (16) entiendan, por lo tanto, los que piensan que por todas
partes se va al puerto de salvación, que, según la sentencia del Salvador,
están ellos contra Cristo, pues no están con Cristo (17) y que los que no
recolectan con Cristo, esparcen miserablemente, por lo cual es indudable que
perecerán eternamente los que no tengan fe católica y no la guardan íntegra y
sin mancha;(18) oigan a San Jerónimo que nos cuenta cómo, estando la Iglesia
dividida en tres partes por el cisma, cuando alguno intentaba atraerle a su
causa, decía siempre con entereza: Si alguno está unido con la Cátedra de Pedro,
yo estoy con él.(19) No se hagan ilusiones porque están bautizados; a esto les
responde San Agustín que no pierde su forma el sarmiento cuando está separado
de la vid; pero, ¿de qué le sirve tal forma, si ya no vive de la raíz?(20)
De esa
cenagosa fuente del indiferentismo mana aquella absurda y errónea sentencia o,
mejor dicho, locura, que afirma y defiende a toda costa y para todos, la
libertad de conciencia. Este pestilente error se abre paso, escudado en la inmoderada
libertad de opiniones que, para ruina de la sociedad religiosa y de la civil,
se extiende cada día más por todas partes, llegando la imprudencia de algunos a
asegurar que de ella se sigue gran provecho para la causa de la religión. ¡Y
QUÉ PEOR MUERTE PARA EL ALMA QUE LA LIBERTAD DEL ERROR! decía San Agustín.(21)
Y ciertamente que, roto el freno que contiene a los hombres en los caminos de
la verdad, e inclinándose precipitadamente al mal por su naturaleza corrompida,
consideramos ya abierto aquel abismo (22) del que, según vio San Juan, subía un
humo que oscurecía el sol y arrojaba langostas que devastaban la tierra. De
aquí la inconstancia en los ánimos, la corrupción de la juventud, el desprecio
—por parte del pueblo— de las cosas santas y de las leyes e instituciones más
respetables; en una palabra, la mayor y más mortífera peste para la sociedad,
porque, aun la más antigua experiencia enseña cómo los Estados, que más
florecieron por su riqueza, poder y gloria, sucumbieron por el solo mal de una inmoderada
libertad de opiniones, libertad en la oratoria y ansia de novedades.
Debemos
también tratar en este lugar de la libertad de imprenta, nunca suficientemente
condenada, si por tal se entiende el derecho de dar a la luz pública toda clase
de escritos; libertad, por muchos deseada y promovida. Nos horrorizamos,
Venerables Hermanos, al considerar qué monstruos de doctrina, o mejor dicho,
qué sinnúmero de errores nos rodea, diseminándose por todas partes, en
innumerables libros, folletos y artículos que, si son insignificantes por su
extensión, no lo son ciertamente por la malicia que encierran; y de todos ellos
sale la maldición que vemos con honda pena esparcirse sobre la tierra. Hay, sin
embargo, ¡oh dolor!, quienes llevan su osadía a tal grado que aseguran, con
insistencia, que este aluvión de errores esparcido por todas partes está
compensado por algún que otro libro, que en medio de tantos errores se publica
para defender la causa de la religión. Es de todo punto ilícito, condenado
además por todo derecho, hacer un mal cierto y mayor a sabiendas, porque haya
esperanza de un pequeño bien que de aquel resulte. ¿Por ventura dirá alguno que
se pueden y deben esparcir libremente activos venenos, venderlos públicamente y
darlos a beber, porque alguna vez ocurre que el que los usa haya sido
arrebatado a la muerte?
Enteramente
distinta fue siempre la disciplina de la Iglesia en perseguir la publicación de
los malos libros, ya desde el tiempo de los Apóstoles: ellos mismos quemaron
públicamente un gran número de libros.(23) Basta leer las leyes que sobre este
punto dio el Concilio V de Letrán y la Constitución que fue publicada después
por León X, de f. r., a fin de impedir que lo inventado para el aumento de la
fe y propagación de las buenas artes, se emplee con una finalidad contraria,
ocasionando daño a los fieles.(24) A esto atendieron los Padres de Trento, que,
para poner remedio a tanto mal, publicaron el salubérrimo decreto para hacer un
Índice de todos aquellos libros, que, por su mala doctrina, deben ser
prohibidos.(25) Hay que luchar valientemente, dice Nuestro predecesor Clemente
XIII, de p. m., hay que luchar con todas nuestras fuerzas, según lo exige
asunto tan grave, para exterminar la mortífera plaga de tales libros; pues
existirá materia para el error, mientras no perezcan en el fuego esos
instrumentos de maldad.(26) Colijan, por tanto, de la constante solicitud que
mostró siempre esta Sede Apostólica en condenar los libros sospechosos y
dañinos, arrancándolos de sus manos, cuán enteramente falsa, temeraria,
injuriosa a la Santa Sede y fecunda en gravísimos males para el pueblo
cristiano es la doctrina de quienes, no contentos con rechazar tal censura de
libros como demasiado grave y onerosa, llegan al extremo de afirmar que se
opone a los principios de la recta justicia, y niegan a la Iglesia el derecho
de decretarla y ejercitarla.
Sabiendo que
se han divulgado, en escritos que corren por todas partes, ciertas doctrinas
que niegan la fidelidad y sumisión debidas a los príncipes, que por doquier
encienden la antorcha de la rebelión, se ha de trabajar para que los pueblos no
se aparten, engañados, del camino del bien. Sepan todos que, como dice el
Apóstol, toda potestad viene de Dios y todas las cosas son ordenadas por el
mismo Dios. Así, pues, el que resiste a la potestad, resiste a la ordenación de
Dios, y los que resisten se condenan a sí mismos.(27) Por ello, tanto las leyes
divinas como las humanas se levantan contra quienes se empeñan, con vergonzosas
conspiraciones tan traidoras como sediciosas, en negar la fidelidad a los
príncipes y aun en destronarles.
Por aquella
razón, y por no mancharse con crimen tan grande, consta cómo los primitivos
cristianos, aun en medio de las terribles persecuciones contra ellos
levantadas, se distinguieron por su celo en obedecer a los emperadores y en
luchar por la integridad del imperio, como lo probaron ya en el fiel y pronto
cumplimiento de todo cuanto se les mandaba (no oponiéndose a su fe de
cristianos), ya en el derramar su sangre en las batallas peleando contra los
enemigos del imperio. Los soldados cristianos, dice San Agustín, sirvieron
fielmente a los emperadores infieles; mas cuando se trataba de la causa de
Cristo, no reconocieron otro emperador que al de los cielos. Distinguían al
Señor eterno del señor temporal; y, no obstante, por el primero obedecían al
segundo.(28) Así ciertamente lo entendía el glorioso mártir San Mauricio,
invicto jefe de la legión Tebea, cuando, según refiere Euquerio, dijo a su
emperador: Somos, oh emperador, soldados tuyos, pero también siervos que con
libertad confesamos a Dios; vamos a morir y no nos rebelamos; en las manos
tenemos nuestras armas y no resistimos porque preferimos morir mucho mejor que
ser asesinos.(29) Y esta fidelidad de los primeros cristianos hacia los
príncipes brilla aún con mayor fulgor, cuando se piensa que, además de la
razón, según ya hizo observar Tertuliano, no faltaban a los cristianos ni la
fuerza del número ni el esfuerzo de la valentía, si hubiesen querido mostrarse
como enemigos: Somos de ayer, y ocupamos ya todas vuestras casas, ciudades,
islas, castros, municipios, asambleas, hasta los mismos campamentos, las tribus
y las decurias, los palacios, el senado, el foro... ¿De qué guerra y de qué
lucha no seríamos capaces, y dispuestos a ello aun con menores fuerzas, los que
tan gozosamente morimos, a no ser porque según nuestra doctrina es más lícito
morir que matar? Si tan gran masa de hombres nos retirásemos, abandonándoos, a
algún rincón remoto del orbe, vuestro imperio se llenaría de vergüenza ante la
pérdida de tantos y tan buenos ciudadanos, y os veríais castigados hasta con la
destitución. No hay duda de que os espantaríais de vuestra propia soledad...;
no encontraríais a quien mandar, tendríais más enemigos que ciudadanos; mas
ahora, por lo contrario, debéis a la multitud de los cristianos el tener menos
enemigos.(30)
Estos
hermosos ejemplos de inquebrantable sumisión a los príncipes, consecuencia de
los santísimos preceptos de la religión cristiana, condenan la insolencia y
gravedad de los que, agitados por torpe deseo de desenfrenada libertad, no se
proponen otra cosa sino quebrar y aun aniquilar todos los derechos de los
príncipes, mientras en realidad no tratan sino de esclavizar al pueblo con el
mismo señuelo de la libertad. No otros eran los criminales delirios e intentos
de los valdenses, beguardos, wiclefitas y otros hijos de Belial, que fueron
plaga y deshonor del género humano, que, con tanta razón y tantas veces fueron
anatematizados por la Sede Apostólica. Y todos esos malvados concentran todas
sus fuerzas no por otra razón que para poder creerse triunfantes felicitándose
con Lutero por considerarse libres de todo vínculo; y, para conseguirlo mejor y
con mayor rapidez, se lanzan a las más criminales y audaces empresas.
Las mayores
desgracias vendrían sobre la religión y sobre las naciones, si se cumplieran
los deseos de quienes pretenden la separación de la Iglesia y el Estado, y que
se rompiera la concordia entre el sacerdocio y el poder civil. Consta, en
efecto, que los partidarios de una libertad desenfrenada se estremecen ante la
concordia, que fue siempre tan favorable y tan saludable así para la religión
como para los pueblos.
A otras
muchas causas de no escasa gravedad que Nos preocupan y Nos llenan de dolor,
deben añadirse ciertas asociaciones o reuniones, las cuales, confederándose con
los sectarios de cualquier falsa religión o culto, simulando cierta piedad
religiosa pero llenos, a la verdad, del deseo de novedades y de promover
sediciones en todas partes, predican toda clase de libertades, promueven
perturbaciones contra la Iglesia y el Estado; y tratan de destruir toda
autoridad, por muy santa que sea.
La
predicación de la Palabra de Dios. Con el ánimo, pues, lleno de tristeza, pero
enteramente confiados en Aquel que manda a los vientos y calma las tempestades,
os escribimos Nos estas cosas, Venerables Hermanos, para que, armados con el
escudo de la fe, peleéis valerosamente las batallas del Señor. A vosotros os
toca el mostraros como fuertes murallas, contra toda opinión altanera que se
levante contra la ciencia del Señor. Desenvainad la espada espiritual, la
palabra de Dios; reciban de vosotros el pan, los que han hambre de justicia. Elegidos
para ser cultivadores diligentes en la viña del Señor, trabajad con empeño,
todos juntos, en arrancar las malas raíces del campo que os ha sido
encomendado, para que, sofocado todo germen de vicio, florezca allí mismo
abundante la mies de las virtudes. Abrazad especialmente con paternal afecto a
los que se dedican a la ciencia sagrada y a la filosofía, exhortadles y
guiadles, no sea que, fiándose imprudentemente de sus fuerzas, se aparten del
camino de la verdad y sigan la senda de los impíos. Entiendan que Dios es guía
de la sabiduría y reformador de los sabios,(31) y que es imposible que
conozcamos a Dios sino por Dios, que por medio del Verbo enseña a los hombres a
conocer a Dios.(32) Sólo los soberbios, o más bien los ignorantes, pretenden
sujetar a criterio humano los misterios de la fe, que exceden a la capacidad
humana, confiando solamente en la razón, que, por condición propia de la humana
naturaleza, es débil y enfermiza.
Que también los
Príncipes, Nuestros muy amados hijos en Cristo, cooperen con su concurso y
actividad para que se tornen realidad Nuestros deseos en pro de la Iglesia y
del Estado. Piensen que se les ha dado la autoridad no sólo para el gobierno
temporal, sino sobre todo para defender la Iglesia; y que todo cuanto por la
Iglesia hagan, redundará en beneficio de su poder y de su tranquilidad; lleguen
a persuadirse que han de estimar más la religión que su propio imperio, y que
su mayor gloria será, digamos con San León, cuando a su propia corona la mano
del Señor venga a añadirles la corona de la fe. Han sido constituidos como
padres y tutores de los pueblos; y darán a éstos una paz y una tranquilidad tan
verdadera y constante como rica en beneficios, si ponen especial cuidado en
conservar la religión de aquel Señor, que tiene escrito en la orla de su
vestido: Rey de los reyes y Señor de los que dominan.
Y para que
todo ello se realice próspera y felizmente, elevemos suplicantes nuestros ojos
y manos hacia la Santísimo Virgen María, única que destruyó todas las herejías,
que es Nuestra mayor confianza, y hasta toda la razón de Nuestra esperanza.(33)
Que ella misma con su poderosa intercesión pida el éxito más feliz para
Nuestros deseos, consejos y actuación en este peligro tan grave para el pueblo
cristiano. Y con humildad supliquemos al Príncipe de los apóstoles Pedro y a su
compañero de apostolado Pablo que todos estéis delante de la muralla, a fin de
que no se ponga otro fundamento que el que ya se puso. Apoyados en tan dulce
esperanza, confiamos que el autor y consumador de la fe, Cristo Jesús, a todos
nos ha de consolar en estas tribulaciones tan grandes que han caído sobre
nosotros; y en prenda del auxilio divino a vosotros, Venerables Hermanos, y a las
ovejas que os están confiadas, de todo corazón, os damos la Bendición
Apostólica.
Dado en
Roma, en Santa María la Mayor, en el día de la Asunción de la bienaventurada
Virgen María, 15 de agosto de 1832, año segundo de Nuestro Pontificado.
Papa
Gregorio XVI
(1) San
Lucas, 22, 32.
(2) I
Corintios, 4, 21.
(3) San
Lucas, 22, 53.
(4) Isaías, 24, 5.
(5) San Caelest. pp., ep. 21 ad epp. Galliarum.
(6) Ep. ad Imp., ap. Labb. t. 2 p. 235 ed. Mansi.
(7) S. Innocent. pp., ep. 2: ap. Constat.
(8) San
Cipriano, De unit. Eccl.
(9) Sess. 25 in definit.: ap. Labb. t. 18 col. 527 ed. Venet.
(10) Ep. 2 ad Nepot. a. 1, 24.
(11) Ex can. ap. 38; ap. Labb. t. 1 p. 38 ed. Mansi.
(12) Sess. 13 dec. de Euchar. in prooem.
(13) Ep. 52
ed. Baluz.
(14) Ep. ad
epp. Lucaniae.
(15)
Hebreos, 13, 4 y Efesios, 5, 32.
(16)
Efesios, 4, 5.
(17) San
Lucas, 11, 23.
(18) Símbolo
Atanasiano.
(19) San
Jerónimo, ep. 57.
(20) In ps. contra part. Donat.
(21) Ep. 166.
(22) Apocalipsis, 9, 3.
(23) Hechos de los Apóstoles, 19.
(24) Act. Conc. Later. V. sess. 10; y Const. Alexand. VI Inter multiplices.
(25)
Concilio de Trento, sesiones 18 y 25.
(26) Enc. Christianae 25 nov. 1766, sobre libros
prohibidos.
(27) Romanos, 13, 2.
(28) In ps. 124 n. 7.
(29) S. Eucher.: ap. Ruinart, Act. ss. mm., de ss.
Maurit. et ss. n. 4.
(30) Apolog. c. 37.
(31)
Sabiduría, 7, 15.
(32) San
Irineo, 14, 10.
(33) San
Bernardo: Serm. de nat. B.M.V. **** 7.