A confiança, segundo Santo Tomás de Aquino, é uma esperança fortificada por uma sólida convicção, ou seja, ela é uma “super-esperança”.
Na
nossa vida, a principal confiança que devemos ter em Deus Todo-poderoso e
misericordioso é a de podermos realizar a nossa missão única, pessoal e
insubstituível e alcançarmos a salvação e a glória eterna.
A “super-esperança” de Santa Teresinha
Santa
Teresa do Menino Jesus num oferecimento feito do dia 9 de junho de 1895 manifestava
o seu ardente desejo com estas palavras: “Quero cumprir a Vossa vontade com perfeição e
chegar ao grau de glória que preparastes para mim no vosso Reino. Numa palavra,
desejo ser Santa. Sentindo a minha impotência, peço-Vos, ó meu Deus, que sejais
Vós mesmo a minha santidade”. Um pouco mais tarde, nos seus manuscritos,
reafirmava a sua “super-esperança”: “Continuo
a sentir a mesma confiança audaciosa de ser uma grande Santa. (…) Espero n’Aquele
que é a Virtude e a própria Santidade. Só Ele, contentando-Se com os meus
pequenos esforços, elevar-me-á até Ele, cobrindo-me com os seus méritos infinitos,
e fará de mim uma Santa”.
Conscientes
da nossa fraqueza nesta vida diária, que é um caminho sinuoso e difícil, rumo à
eternidade, da qual ninguém escapa, durante o nosso peregrinar nesta Terra,
olhamos à nossa volta, na esperança de encontrarmos pessoas que, com o seu
testemunho de vida reta e virtuosa, nos indiquem atalhos ou simplesmente a
direção correta a ser seguida.
É
claro que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida e que
bastaríamos segui-Lo. Contudo, por desígnios do próprio Deus, como afirmava
Bento XVI, “precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz
recebida da luz d'Ele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia. E
quem mais do que Maria poderia ser para nós Estrela de Esperança?”
“Este terço
só lhe será útil se tiver confiança em Maria Santíssima”
Um
fato ocorrido no ano de 1545 em São Tomé de Meliapor, com um mercador indiano, mostra como
São Francisco Xavier, o Grande Apóstolo do Oriente foi para este comerciante
uma verdadeira luz, a indicar o caminho da confiança em Nossa Senhora.
O
negociante estava prestes a embarcar para Malaca. Conhecedor do perigo das
viagens em embarcações precárias como as daquela época, quis receber a bênção de
São Francisco Xavier, cuja fama de santidade já era muito difundida.
Com
muita devoção, recebeu-a e, antes de partir, pediu a São Francisco Xavier um
objeto que lhe recordasse aquela bênção dada em nome do único Deus verdadeiro,
Uno e Trino.
Como
o santo era muito pobre e não tinha nada para lhe oferecer, retirou o terço que
trazia ao pescoço, osculou-o e deu-lho, dizendo: “Este terço só lhe será útil
se tiver confiança em Maria Santíssima”.
O
mercador ficou muito contente com a preciosa relíquia e partiu muito seguro da
proteção do Céu, não temendo nem piratas, nem ventos, nem recifes, nem doenças
que poderiam propagar-se a bordo.
Contudo,
Deus quis provar a sua fé e a sua confiança.
Quando
tinha atravessado quase inteiramente a Baía de Bengala e ia entrar no Mar de
Andamão, que separa São Tomé de Meliapor de Malaca, uma furiosa tempestade partiu as velas
e os mastros do navio que embateu contra as rochas, ficando inteiramente
despedaçado.
Muitos
marinheiros e passageiros morreram afogados. O comerciante, apesar de ter o
terço nas mãos, conseguiu agarrar-se às rochas.
Ora,
como se encontrava em alto mar e não tinha nada para comer, nem água doce para
beber, tomou uma decisão, que só o desespero de situações semelhantes levam a
tomá-la.
Recolheu
algumas tábuas dos destroços do navio, juntou-as, da melhor maneira que podia,
e colocou-se por cima delas, ficando à mercê das ondas, sem outra esperança,
que a de encontrar correntes que o levassem para terra.
O
mercador, cheio de confiança na Santíssima Virgem, segurava devotamente o
rosário oferecido por São Francisco Xavier e sentia uma enorme força e a
certeza de que não morreria, enquanto o tivesse nas mãos.
Assim,
naquela improvisada e fragilíssima embarcação, sentiu-se como que fora de si
mesmo, imaginando-se em São Tomé de Meliapor, diante do Padre Francisco Xavier, rezando o
terço e pedindo proteção a Nossa Senhora.
Quando
voltou a si, ficou vivamente espantado, pois encontrava-se numa costa
desconhecida e já não via as tábuas da embarcação.
Sem
compreender muito bem o que tinha sucedido, viu que algumas pessoas se
aproximavam a correr para o socorrer. Perguntou-lhes onde estava. Ao ouvir as
palavras “costa de Negapatão”, chorou de alegria e de admiração.
Com
a voz emocionada, deu-se conta do milagre e da proteção de Nossa Senhora.
Contou-lhes como Deus o tinha poupado da morte, por meio de Sua Mãe Santíssima, de maneira extraordinária. Falou-lhes da tempestade, do medo, das mortes que presenciou e mostrou-lhes o terço que tinha recebido de São Francisco Xavier e a promessa de que Nossa Senhora o ajudaria, caso tivesse confiança n’Ela.
Contou-lhes como Deus o tinha poupado da morte, por meio de Sua Mãe Santíssima, de maneira extraordinária. Falou-lhes da tempestade, do medo, das mortes que presenciou e mostrou-lhes o terço que tinha recebido de São Francisco Xavier e a promessa de que Nossa Senhora o ajudaria, caso tivesse confiança n’Ela.
Ora,
a frase de São Francisco Xavier para o piedoso comerciante poderia muito bem
ser aplicada aos nossos dias. Se tivermos fé e confiança na Mãe de Deus, que é também nossa
Mãe, seremos preservados dos enormes perigos que nos circundam e sairemos vivos
e vitoriosos nas adversidades, por maiores que sejam.