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quinta-feira, 23 de abril de 2020

O que é a confiança?



Conta uma lenda francesa que Deus, ao criar a primeira mulher, confiou-lhe uma arca misteriosa e ordenou-lhe que não a abrisse. Ao ser expulsa do Paraíso Terrestre, por ter desobedecido às ordens expressas de Deus de não comer o fruto da árvore do bem e do mal, Eva levou consigo a bela arca. Um dia, levada pela curiosidade, abriu-a. Todos os bens imediatamente desapareceram, ficando apenas todos os males que deviam afligir a raça decaída. Contudo, a primeira mulher viu no fundo uma luz resplandecente e pensou: “Deus deixou-nos um dom precioso. O que será?” Tratava-se da esperança. Uma virtude que faz com que os homens vivam com os olhos postos no Céu, desejando ver a beleza de Deus, de Maria Santíssima, dos Anjos, dos Santos, conscientes de que a sua Divina Misericórdia pode perdoar e conceder a cada um o lugar que reservou no Céu para se poder repousar na Luz e na Paz, ver a reparação de todas as injustiças, a glorificação de todos os méritos escondidos e a recompensa de todos os sacrifícios cristãmente suportados.

A confiança, segundo Santo Tomás de Aquino, é uma esperança fortificada por uma sólida convicção, ou seja, ela é uma “super-esperança”.

Na nossa vida, a principal confiança que devemos ter em Deus Todo-poderoso e misericordioso é a de podermos realizar a nossa missão única, pessoal e insubstituível e alcançarmos a salvação e a glória eterna.

A “super-esperança” de Santa Teresinha

Santa Teresa do Menino Jesus num oferecimento feito do dia 9 de junho de 1895 manifestava o seu ardente desejo com estas palavras:  “Quero cumprir a Vossa vontade com perfeição e chegar ao grau de glória que preparastes para mim no vosso Reino. Numa palavra, desejo ser Santa. Sentindo a minha impotência, peço-Vos, ó meu Deus, que sejais Vós mesmo a minha santidade”. Um pouco mais tarde, nos seus manuscritos, reafirmava a sua “super-esperança”:  “Continuo a sentir a mesma confiança audaciosa de ser uma grande Santa. (…) Espero n’Aquele que é a Virtude e a própria Santidade. Só Ele, contentando-Se com os meus pequenos esforços, elevar-me-á até Ele, cobrindo-me com os seus méritos infinitos, e fará de mim uma Santa”.

Conscientes da nossa fraqueza nesta vida diária, que é um caminho sinuoso e difícil, rumo à eternidade, da qual ninguém escapa, durante o nosso peregrinar nesta Terra, olhamos à nossa volta, na esperança de encontrarmos pessoas que, com o seu testemunho de vida reta e virtuosa, nos indiquem atalhos ou simplesmente a direção correta a ser seguida.

É claro que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida e que bastaríamos segui-Lo. Contudo, por desígnios do próprio Deus, como afirmava Bento XVI, “precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz d'Ele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia. E quem mais do que Maria poderia ser para nós Estrela de Esperança?”

“Este terço só lhe será útil se tiver confiança em Maria Santíssima”

Um fato ocorrido no ano de 1545 em São Tomé de Meliapor, com um mercador indiano, mostra como São Francisco Xavier, o Grande Apóstolo do Oriente foi para este comerciante uma verdadeira luz, a indicar o caminho da confiança em Nossa Senhora.

O negociante estava prestes a embarcar para Malaca. Conhecedor do perigo das viagens em embarcações precárias como as daquela época, quis receber a bênção de São Francisco Xavier, cuja fama de santidade já era muito difundida.

Com muita devoção, recebeu-a e, antes de partir, pediu a São Francisco Xavier um objeto que lhe recordasse aquela bênção dada em nome do único Deus verdadeiro, Uno e Trino.

Como o santo era muito pobre e não tinha nada para lhe oferecer, retirou o terço que trazia ao pescoço, osculou-o e deu-lho, dizendo: “Este terço só lhe será útil se tiver confiança em Maria Santíssima”.

O mercador ficou muito contente com a preciosa relíquia e partiu muito seguro da proteção do Céu, não temendo nem piratas, nem ventos, nem recifes, nem doenças que poderiam propagar-se a bordo.

Contudo, Deus quis provar a sua fé e a sua confiança.

Quando tinha atravessado quase inteiramente a Baía de Bengala e ia entrar no Mar de Andamão, que separa São Tomé de Meliapor de Malaca, uma furiosa tempestade partiu as velas e os mastros do navio que embateu contra as rochas, ficando inteiramente despedaçado.

Muitos marinheiros e passageiros morreram afogados. O comerciante, apesar de ter o terço nas mãos, conseguiu agarrar-se às rochas.

Ora, como se encontrava em alto mar e não tinha nada para comer, nem água doce para beber, tomou uma decisão, que só o desespero de situações semelhantes levam a tomá-la.

Recolheu algumas tábuas dos destroços do navio, juntou-as, da melhor maneira que podia, e colocou-se por cima delas, ficando à mercê das ondas, sem outra esperança, que a de encontrar correntes que o levassem para terra.

O mercador, cheio de confiança na Santíssima Virgem, segurava devotamente o rosário oferecido por São Francisco Xavier e sentia uma enorme força e a certeza de que não morreria, enquanto o tivesse nas mãos.

Assim, naquela improvisada e fragilíssima embarcação, sentiu-se como que fora de si mesmo, imaginando-se em São Tomé de Meliapor, diante do Padre Francisco Xavier, rezando o terço e pedindo proteção a Nossa Senhora.

Quando voltou a si, ficou vivamente espantado, pois encontrava-se numa costa desconhecida e já não via as tábuas da embarcação.

Sem compreender muito bem o que tinha sucedido, viu que algumas pessoas se aproximavam a correr para o socorrer. Perguntou-lhes onde estava. Ao ouvir as palavras “costa de Negapatão”, chorou de alegria e de admiração.

Com a voz emocionada, deu-se conta do milagre e da proteção de Nossa Senhora. 

Contou-lhes como Deus o tinha poupado da morte, por meio de Sua Mãe Santíssima, de maneira extraordinária. Falou-lhes da tempestade, do medo, das mortes que presenciou e mostrou-lhes o terço que tinha recebido de São Francisco Xavier e a promessa de que Nossa Senhora o ajudaria, caso tivesse confiança n’Ela.

Ora, a frase de São Francisco Xavier para o piedoso comerciante poderia muito bem ser aplicada aos nossos dias. Se tivermos fé e confiança na Mãe de Deus, que é também nossa Mãe, seremos preservados dos enormes perigos que nos circundam e sairemos vivos e vitoriosos nas adversidades, por maiores que sejam.