Como todas as obras boas, em todos os tempos, também sobre os discípulos de Cristo, abateu-se a perseguição.
Em Roma, sob Nero, no dia 29 de junho do ano de 67, São Pedro, tido como judeu, isto é, de condição vil, foi crucificado de cabeça para baixo, no monte Janículo, e São Paulo, como era cidadão romano, teve a cabeça cortada.
Um dos discípulos de São Pedro, São Marcos, que escreveu o Evangelho em Roma, foi para Alexandria, pregar a nova fé. Nesta cidade, durante uma das suas deslocações, uma das tiras da sua sandália rompeu-se. São Marcos entrou na casa de um sapateiro, que se encontrava nas cercanias, e implorou-lhe que consertasse o seu calçado, o que o artesão fez prontamente.
Aniano, esse era o nome do sapateiro, sentiu uma perturbação involuntária ao ver o Evangelista. Esticou a pele, pousou o furador, que escorregou e feriu-lhe as mãos. Pela dor e pela lesão causada, lançou um brado lancinante: “Ó Deus Único!”
O Evangelista perguntou ao sapateiro se ele compreendia o valor da sua invocação. Enquanto cobria a ferida do sapateiro, fez sobre ela um sinal da Cruz que, segundo a tradição, cicatrizou instantaneamente. Diante do enlevo e da enorme admiração de Aniano, São Marcos explicou-lhe em algumas palavras os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. O sapateiro pediu para se tornar cristão e, algum tempo depois do encontro providencial com São Marcos, foi batizado, abraçando com o entusiasmo de um coração ardente a religião cristã; e, graças a uma inteligência privilegiada, foi um grande pregador.
A paciência, a caridade, a coragem e o talento de pobre sapateiro renderam-lhe a estima especial de São Marcos, que fez dele o seu coadjutor no bispado de Alexandria.
Quando o evangelista morreu, segundo alguns autores, ou quando partiu para Pentapolis, segundo outros, Aniano foi ordenado Patriarca e Bispo sendo, durante dezanove anos, para alguns, e vinte dois, para outros, o único chefe da Igreja de Alexandria, até à sua morte, ocorrida no dia 26 de novembro de 86 da nossa era.
O martirológio romano fixou a sua comemoração no dia 25 de abril, juntamente com a memória de São Marco.
Curiosamente a história de São Marco e de Santo Aniano voltou a cruzar-se, muitos séculos depois, e permanece, de certa forma, ligada até hoje. No ano de 828 os restos mortais de Marcos foram levados por alguns mercadores para Veneza, cidade que desde então está indissociavelmente ligada ao evangelista.
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Igreja de São Clemente (Veneza) |
Alguns séculos depois, no ano de 1288, o corpo de Aniano também foi levado para Veneza e é, ainda hoje, venerado na igreja de São Clemente.
Em vários países, Santo Aniano é festejado pelas corporações dos sapateiros como seu padroeiro. Em Veneza, existe um edifício chamado “Scoletta dei Calegheri” (Escola dos sapateiros), localizado o bairro de San Polo, no Campo San Tomà, em frente à igreja de San Tomà e a poucos metros da basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari.
Em vários países, Santo Aniano é festejado pelas corporações dos sapateiros como seu padroeiro. Em Veneza, existe um edifício chamado “Scoletta dei Calegheri” (Escola dos sapateiros), localizado o bairro de San Polo, no Campo San Tomà, em frente à igreja de San Tomà e a poucos metros da basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari.
Na sua fachada simples de tijolo, destaca-se o grande portal com o típico arco inclinado veneziano, culminando numa grande flor. Na luneta ogival encontra-se um baixo-relevo atribuído a Antonio Rizzo (1478) que representa São Marcos curando Santo Aniano.
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