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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O amor de Deus, onde existe, opera maravilhas

 


Para operar grandes feitos, Deus coloca na alma grandes virtudes. E estas são inspiradas pela caridade que pode ser chamada de rainha das virtudes.

São Tomás de Aquino, sobre este ponto primordial, explica que o homem pode adquirir certas virtudes. Contudo, quando a caridade entra na alma, estas virtudes são instantaneamente transformadas e maravilhosamente aumentadas ou, explicado de outra maneira, Deus comuta-as por outras virtudes que têm atributos e características superiores, proporcionadas com o fim sobrenatural do homem.

Por outro lado, o homem privado da caridade, pode ter certa prudência, justiça, força, temperança e talvez até uma certa religião, aquela virtude que nos faz render a Deus a adoração que Lhe é devida por ser a fonte de todo o ser e criador de todas as coisas boas.  Mas, quando o Espírito de Deus infunde na alma de uma pessoa a santa caridade, ela passa a possuir uma outra prudência, outra justiça, outra força, outra temperança e outra religião. E estas últimas virtudes merecem, somente elas e de maneira absoluta, a qualificação de verdadeiras virtudes, pois abarcam um objeto bem mais amplo e de forma integral (Suma Teológica, Prima sec., q. 63 – Id. Ibid., q. 45, art. 2 e 3).

Conclui-se, portanto, que há uma distância enorme entre a virtude puramente humana e a virtude cristã.

São Francisco de Sales exaltou e chamou de pequenas virtudes, aquelas que, aos olhos dos homens, o objeto é simples, como o suportar pacientemente uma doença ou um defeito do próximo, por exemplo. Mas, não nos enganemos! Estas pequenas virtudes não são pequenas. Elas têm a sua grandeza e até o seu heroísmo, pois são frutos da caridade.

Ao se ler a explicação de São Tomás, temos elementos para perceber porque as grandes virtudes dos nossos antepassados já não são praticadas. A caridade deixou de ser a alma das nossas virtudes. O egoísmo e o interesse próprio passaram a ser os eixos da vida da grande maioria dos homens de hoje e o impulsionador dos nossos atos. Muitos católicos contentam-se com uma virtude muito humana, cómoda e laicizada, mas têm medo da virtude cristã, que é inseparável do sacrifício, do caminho que deve percorrer o bom cristão e todo aquele que procura as vias da santidade.

O curioso é que já não nos comparamos com os bons, com os santos, os virtuosos, mas com os ímpios e os maus.

Quem compreende, atualmente, a generosidade de uma vida toda dedicada a Deus, despojada de si mesmo?

Quantas vezes não ouvimos comentários dos nossos familiares e amigos ao saberem que um parente seguiu a vocação religiosa ou sacerdotal: “Coitado! Não conseguiu se encaixar num emprego melhor ou não descobriu um caminho que desse mais prestígio!”, ignorando a excelência da entrega total a Deus?!

Que estreiteza de ideias, que visão curta!

Realmente, as nossas virtudes são pequenas, porque falta o sobrenatural, porque o verdadeiro amor de Deus não as impulsiona.

Talvez este egoísmo e esta vontade de fazer o bem, sem que Deus possa estar presente, como se pudéssemos fazer tudo por nós mesmos, seja o primeiro dos maus da sociedade atual e até do nosso caminhar nesta vida. Já pensou sobre isso? Está nas suas mãos mudar de rumo!

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