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domingo, 26 de janeiro de 2020

A radicalidade da vida religiosa, segundo o P. Alfonso Rodriguez


Há mais de dois mil anos, o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo inspira a vida dos homens.

Para facilitar o caminho de perfeição rumo ao Céu, onde se poderá adorar Deus face a face e ser felizes por toda a eternidade, os religiosos estabeleceram regras, que passavam pelo recolhimento, desprezo do mundo, desapego das criaturas e dos bens e da valorização da oração e da prática de todas as virtudes, a fim de se ter os olhos postos exclusivamente em Deus.

Muitas pessoas imbuídas pelo espírito da Revolução Protestante, da Revolução Francesa, da Revolução Comunista e pelo relativismo da Revolução na qual vivemos, condenariam os conselhos deixados pelo Jesúita, P. Alfonso Rodríguez no seu livro "Exercício de Perfeição e de Virtudes cristãs", porque contrários à Declaração do Direito dos Homens, por exemplo, ou pela falta de liberdade e alienação, apesar deles terem sido seguidos por inúmeros santos e ainda regem a vida de muitos católicos que procuram caminhar nas vias da santidade.

Ainda que os seus ensinamentos sejam dirigidos à vida religiosa, o caminho de vida centrado em Deus, neles traçados, pode ser de grande proveito para todos, especialmente nos nossos dias em que o ódio à religião católica e a tudo o que há de mais sagrado não pára de crescer.


«Um religioso, que queira avançar na virtude, deve aplicar-se a conhecer-se bem. Conhecendo-se, despreza-se.

Deve falar pouco com os homens e muito com Deus.
Se falar, dizer sempre bem dos outros e, quanto seja possível, mal de si mesmo.

Deve ser como Melquisedec, sem pai, sem mãe, sem parentes, porque mesmo que os tenha, deve considerar-se como se não os tivesse. Só Deus há-de reinar no seu coração.

Em todos os homens, deve ver a Deus e honrar neles a Sua imagem. Deve rezar de maneira especial pelos que o ofenderam pessoalmente, e fazer-lhes tanto mais bem, quanto maior tenha sido o mal do ultraje.

O verdadeiro religioso, antes de começar as suas ações deve dirigi-las para maior glória de Deus. 

Enquanto estiver realizando uma ação, deve uni-la a Nosso Senhor Jesus Cristo para que seja mais grata à sua Divina Majestade. Ao conclui-la, deve oferecê-la pelo bem da sua própria alma e pelo proveito do próximo.

Deve ter sempre presente Deus no fundo do seu coração e formar ali uma espécie de refúgio, onde possa pedir, incessantemente, a graça de não O ofender. Não fazer nada, nem dizer nada, sem antes O ter consultado.

Nunca sair do seu aposento sem ter uma finalidade boa e ter pedido a Nosso Senhor a graça de não fazer nada que O possa desgostar. Quando voltar, deve examinar-se para ver se voltou tal como saiu.

Deve usar os seus sentidos só para as coisas necessárias ou que digam respeito ao serviço do Senhor. Nunca olhar para as coisas com curiosidade, nem ouvir notícias ou histórias inúteis que distraiam a sua mente de Deus.

Nunca falar de alimento, vestuário ou comodidades da vida. Não comer mais do que o puramente necessário para viver. Não provar o que seja demasiadamente requintado e delicado. Numa palavra, obrar em tudo como um homem que está morto para o mundo e que vive só para Deus.

Considerar os elogios como ultrajes, pensando como somos pequenos aos olhos de Deus. Amar o desprezo, tendo em vista o que sofreu Nosso Senhor Jesus Cristo. Humilhar-se. Nos insultos, pensar que merece muito mais pelos seus pecados.

Meditar com frequência nos novíssimos do homem, e especialmente na morte, a fim de ter mais ânimo para poder trabalhar e sofrer. Considerar que em breve não terá mais tempo para meditar.

Nas meditações, pensar nas virtudes próprias do seu estado. Analisar com atenção e compreender quais são as maiores dificuldades que tem para adquirir cada uma delas e não deixar de esforçar-se para, com determinação, superar todos os obstáculos, energicamente, por amor de Deus.

Lembrar-se com frequência da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, considerando os detalhes de tantos e dolorosos sofrimentos por Ele suportados. Dar-Lhe incessantemente as mais sentidas graças. Pedir-lhe uma parte da Sua Cruz e levá-la com santa alegria, pelo seu amor.

Evitar cuidadosamente todas as ocasiões em que já tenha caído ou que oferecem algum perigo de cair.
Desapegar o seu coração de todas as criaturas para o entregar inteiramente a Deus e para aumentar no próprio espírito o fogo do amor Divino, fazendo todos os dias muitos actos de caridade.

Ter uma devoção terna a Nossa Senhora. Amar e servir esta Mãe com todo o coração. Visitar, várias vezes ao dia, alguma das suas imagens. Rezar,  impreterivelmente, o Rosário e o Ofício de Nossa Senhora. Não perder nenhuma ocasião de dar-Lhe provas de afeto por meio de pequenos serviços. Mas, sobretudo, meditar nas suas virtudes e não medir esforços para as imitar.

Honrar a imagem dos Santos, recordar as virtudes nas quais eles se distinguiram. Considerar a brevidade dos seus esforços e trabalhos e a duração eterna da recompensa.

Dormir pouco e vigiar muito. Todo o tempo consagrado ao sono é retirado da vida e dos méritos que se poderia alcançar.

Estudar com diligência o que necessita saber e evitar toda a espécie de estudo curioso e supérfluo.

Por fim, procurar a Deus por toda a parte a fim de encontrá-Lo sempre a seu lado.»

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