O Sagrado Cinto de Nossa Senhora, venerado na Catedral de Prato, Itália, foi trazido de Jerusalém, no ano de 1141. Trata-se de uma pequena fita de tecido com pouco mais de 80 centímetros, feita de lã muito fina, com fio de cabra ou talvez até de camelo, esverdeada, coberta de ouro.
Conta a tradição, que São Tomé encontrava-se em terras distantes quando recebeu um recado de São Pedro para que retornasse a Jerusalém, pois Nossa Senhora ia partir para a eternidade e desejava despedir-se dos discípulos do seu amado Filho. Como a viagem era longa, São Tomé só chegou depois de Nossa Senhora ter sido assunta ao Céu,
Mais uma vez o Apóstolo, levado pelo ceticismo - como sucedera com a Ressurreição do Senhor, a ponto de ter colocado o dedo nas Sagradas feridas do Salvador - relutou em acreditar na Assunção da Santíssima Virgem e pediu a São Pedro que abrisse o sepulcro, para poder comprovar com os seus próprios olhos o ocorrido. Atendido o seu pedido, constatou que no túmulo vazio encontravam-se apenas muitos lírios e rosas. Nesse mesmo momento, ao levantar as suas vistas aos céus, São Tomé viu Nossa Senhora na Glória, que, sorridente, desatou o cinto e lançou-o, como símbolo da sua benção bênção e da sua proteção.
Esta preciosa relíquia é guardada com muita devoção numa capela da majestosa Catedral de Prato, na Itália. Reza a tradição ainda que esse é o Santo cinto que os apóstolos ataram sobre o ventre de Maria Santíssima antes do seu passamento para o Céu. Provavelmente é uma relíquia de "contato", ou seja, esteve integrada ao cinto original perdido. Mas isso não diminuiu a sua importância: passados muitos séculos segue sendo um símbolo diante do qual, em Prato, todos se recolhem, crentes ou não.
Conta a tradição ainda que entre os dias 27 e 28 de julho de 1312, o clérigo de Pistoia, Musciattino, tentou roubar o Sagrado Cinto e levá-lo para a sua cidade.
A história é conhecida por todos os habitantes de Prato, que pelo menos uma vez na vida procuraram a marca da mão do ladrão, decepada e atirada contra a igreja por uma multidão enfurecida. Reza a lenda que a marca vermelho-sangue se encontra na arquitrave da segunda porta do lado sul, a mais próxima da torre dos sinos.
O evento é certamente macabro, mas confirma o forte e secular laço entre o Cinto de Nossa Senhora e a comunidade da cidade, um afeto e uma devoção perdidos nas brumas do tempo.
Por isso, no dia 28 de julho, segundo o calendário "próprio", celebra-se a festa de Nossa Senhora do Sagrado Cinto, a preciosa relíquia que simboliza a cidade e a Igreja de Prato.
O aniversário neste ano foi comemorado na catedral às 9h00 com a recitação do terço e às 9h30 com uma missa na Capela do Sagrado Cinto, presidida pelo pároco, Cónego Marco Pratesi, e concelebrada pelo Cabido da Catedral. Neste dia, assistindo aos serviços religiosos programados ou pelo menos visitando devotamente a catedral, pode obter-se uma indulgência plenária nas condições habituais (confissão e comunhão sacramental, recitação do Pai Nosso e do Credo e oração pelo Santo Padre). A indulgência, ou remissão dos pecados, foi concedida em 1996 em virtude do estatuto da catedral como basílica menor, conferido pelo Papa João Paulo II.
Na terça-feira, 29 de julho, o Museo dell'Opera del Duomo convida os peregrinos a reviverem um dos eventos históricos mais lendários da cidade: a tentativa de roubo do Sagrado Cinto. A noite, com início às 20h00, inclui um passeio noturno pela catedral, com foco na Capela do Sagrado Cinto.