O cristianismo não é uma coisa do passado, vivido como se olhássemos sempre para trás, para os tempos evangélicos, mas sempre novo, pois está marcado pela presença constante de Jesus Cristo, que está no meio de nós, e que é de hoje, ontem, amanhã e toda a eternidade. Na história da humanidade, encontramos “pegadas” de Deus. Este blogue procura, humildemente, mostrar alguma delas.
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quarta-feira, 26 de junho de 2024
A paz que nasce da luta por um ideal
Santo Agostinho no seu livro “A Cidade de Deus” tem uma formulação famosa: “o amor de si levado até ao desprezo de Deus gera a cidade terrena; o amor de Deus levado até ao desprezo de si gera a Cidade Celeste”.
Hoje, vivemos numa sociedade cada vez mais egocentrista, onde cada um tende a ter a obsessão de se colocar no centro de todas as coisas e esquecer-se do próximo, de qualquer ideal ou de um bem superior, e até de Deus.
Há milhões e milhões de pessoas que, indiferentes, só pensam na comida e nos prazeres que o corpo lhe possa proporcionar.
Contudo, na situação em que vivemos, mais do que em qualquer outra, quem ama a Deus deve compreender que não nasceu para si mesmo e, portanto, não tem o direito de viver com a preocupação de fazer apenas a sua vontade e de levar a vida que acha agradável. A vida de um homem que não luta para obter o que deseja, que não se esforça para concretizar aquilo que acredita ser o melhor para ele, para a sua família e para o mundo, é a de um frustrado, e não é o prazer nem o descanso que evitam a frustração.
Acrescento ainda mais: uma oração sem espírito de luta também não evita a frustração, pois não toma em consideração a infinita misericórdia de Deus que quer que sejamos melhores dia após dia, e o combate que o bom cristão deve travar para manter-se na amizade com o Senhor.
Pouco se comenta hoje, mas, na realidade, a coragem é pacífica. O homem corajoso, espiritualmente falando, tem paz, porque resolveu correr o risco de mudar de vida, opor-se aos seus defeitos e os do mundo e, portanto, enfrenta o risco pela determinação que tomou.
É claro que isso supõe que ele esteja numa luta contínua contra o medo. Porque o corajoso não é o que não tem medo; só o estourado não tem medo. O corajoso tem medo, mas vence-o!
Agora o mais perigoso dos sentimentos vem no risco de, iniciada a luta, cair no desânimo e na pena de si próprio, que minam mais profundamente o homem. É como um verme roedor interno que liquida. Quando alguém começa a ter pena de si mesmo, deve desconfiar de tudo, porque não há onde ele não possa ser levado pelo demónio, pelo mundo e pela carne.
Um aspeto importante: Não se incomode com os inimigos que poderão aparecer, tenha coragem e vá em frente, pois eles gritam alto porque falamos sem convicção ou baixo; se falarmos alto, eles se calam.
Lembre-se: O riso da coruja não consegue retardar a aurora que se levanta. O remédio não é matar coruja por coruja; o remédio é não criar obstáculos para o brilhar do sol e apressar a alvorada.
Portanto, não tema a luta, nem o sofrimento que dela advém, porque quando as forças parecerem faltar-lhe, recolha-se junto de Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado, do Verbo de Deus que morreu por nós e nos resgatou. N’Ele adore a luta das lutas, a tragédia das tragédias, o sublime do sublime: a Redenção do género humano.
Como fizeram os outros católicos que viveram antes de mim?
Eles não recearam entrar na luta, proclamaram publicamente as suas convicções e foram muito admirados, embora poucos tivessem tido a coragem de se juntar a eles; muitos silenciaram quando eles foram perseguidos; outros os acompanharam de longe, com olhares de simpatia; poucos os ajudaram a carregar a cruz.
Eles certamente pensaram que estavam isolados, mas — ó engano! — até entre os que o apupavam havia aqueles que os admiravam.
Agora alguém poderia objetar: mas não é lícito viver tranquilamente e ter paz na vida?
Santo Agostinho definiu a paz como a tranquilidade da ordem e todos devemos tê-la como um bem inapreciável. Agora, viver uma pseudo tranquilidade da vergonha, sob a vara de ferro da impiedade, como acontece hoje, pode trazer paz para alguém? Para mim, não!
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Porquê devemos assistir à Missa, pelo menos nos domingos?
Para além de ser um mandamento da Igreja, São Leonardo de Porto Maurício dizia que a “Missa é a chave de ouro do Paraíso”! E no seu livro “As Excelências da Santa Missa”, indicava as grandes vantagens de participarmos na Celebração Eucarística:
-- Adoramos dignamente a Deus;
-- Favorece o arrependimento das nossas faltas, preparando-nos para a confissão;
-- Agradecemos dignamente todos os benefícios recebidos;
-- Obtemos todas as graças de que necessitamos;
-- Livra-nos dos males e do poder do maligno;
-- É a nossa consolação na hora da morte;
-- É de grande auxílio para as almas do Purgatório.
domingo, 23 de junho de 2024
Ainda existem pessoas que acreditam na lenda da Papisa Joana
Uma lenda, cara aos protestantes, foi espalhada sobre a existência, no século IX, de um chefe da Igreja Católica pertencente ao sexo feminino, e que se alçara a esta posição iludindo os cardeais que formavam o Conclave.
“Em 1559, João Herold, editor protestante da Basileia, publicou duas crónicas, uma de autoria de Mariano Scoto, falecido em 1085, e outra de autoria de Martinho da Polônia, falecido em 1278. Nestas crónicas, afirmava-se pela primeira vez que, no ano de 857, sucedera ao Papa Leão IV a Papisa Joana que, tendo falecido [nesse mesmo ano], tivera por sucessor Bento III.
“Contam, além disso, as referidas crônicas que, tendo saído à rua processionalmente, o suposto Papa João sentiu-se subitamente incomodado, tendo tido uma criança em plena rua. Verificou-se, então, que fora burlado o Conclave que elegera o Papa, e que, na realidade, este era uma mulher. Pouco depois, Joana falecia em Roma.
“Existem, nas bibliotecas de diversas cidades europeias, cópias do tratado de Mariano Scoto. No entanto, em nenhuma delas se lê o trecho que apareceu na edição protestante.
“Além disso, Wlaltz encontrou, no n.º 380 do Codex Palatinus Vaticanus, o autógrafo original do próprio Scoto, no qual não se vê a menor referência à Papisa. No entanto, a autenticidade do autógrafo encontrado é incontestável.
“Quanto ao trabalho de Martinho da Polónia, muito posterior ao de Scoto, e oferecendo, portanto, um interesse muito menor, limitar-nos-emos a afirmar que até mesmo os protestantes do valor de Leibniz, Blondel, Casaubon e Bayle afirmam que se trata de um documento falsificado e indigno de crédito.
“Aliás, seria realmente extraordinário que o primeiro documento referente à Papisa aparecesse mais de dois séculos depois de sua existência, e tivesse sido reproduzido tão-somente por outro documento aparecido 193 anos depois do primeiro.
“Ora, se a Papisa existiu, porquê não se encontram, além dos dois documentos falsos, outros quaisquer que lhe façam a menor referência e que só dois séculos depois, a lenda tenha sido difundida como verdadeira?
“E quando dizemos que não se encontram documentos, não nos referimos exclusivamente aos anais da Santa Sé, nos quais se poderiam ter feito ainda algumas alterações. Muito pelo contrário, recorramos às afirmações dos maiores inimigos da Igreja.
“Assim, por exemplo, Fócio, o Patriarca de Constantinopla, que fundou em 860, isto é, dois anos depois de ter falecido Joana, o cisma grego. Fócio escreveu o seguinte: ‘A nossa geração conheceu o nobre pontífice Leão IV, cujos milagres, operados em vida, atestam sua santidade. Ele teve por sucessor esse anjo de mansidão e caridade, que se chamava Bento. A este sucedeu, infelizmente, o arrogante e faustoso Nicolau’ . Ora, Fócio, como Patriarca de Constantinopla, não poderia ter ignorado o escândalo da Papisa, ou ao menos a sua existência. Por que não faz a menor referência a Joana? Porquê, muito pelo contrário, afirma que ela não existiu, quando a exclui da lista dos Papas?
“Mas haverá, ao menos, indícios que nos permitam suspeitar da sua existência?
“Bastará, para elucidar a questão, lembrar que não se sabe qual teria sido o nome certo da Papisa, pois que as versões lhe atribuem os mais diferentes, entre eles: Inês, Isabel, Joana ou Margarida.
“Por outro lado, afirmam alguns historiadores que ela estudou na Universidade de Paris. Ora, Joana existiu no século IX, e a Universidade, que surgiu no século XII, distribuiu seus primeiros diplomas somente no século XIII.
“Dizem outros que ela estudara em Atenas. No entanto, naquela época, Atenas estava em poder dos búlgaros, e não tinha escolas, segundo no-lo narra a História.
“Quanto à própria cena da procissão, apresenta uma série grande de detalhes absurdos. Em primeiro lugar, a festa do Santíssimo Sacramento foi instituída somente 600 anos depois, por Urbano IV. No entanto, teria, segundo algumas versões, sido comemorada a festa em questão, em Roma, justamente no dia em que Joana tivera o seu filho.
“Vemos, portanto, que não há nem mesmo indícios da existência da papisa Joana, personagem que a história não conseguiu, de modo algum, identificar e que é impossível, para uma pessoa de boa-fé, afirmar que a papisa Joana existiu.
“E, para finalizar, cumpre-nos declarar, em abono de nossa tese, que é ela sustentada por muitos e muitos historiadores, e que as provas aqui indicadas são extraídas de Justino Mendes (A Igreja e a História). Poderão, pois, ser facilmente estudadas mais a fundo, e mais perfeitamente controladas”.
Plinio Corrêa de Oliveira, O
"Legionário" n.º 57, 11 de maio de 1930
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